Saiba escolher sua prova de trail running

Atualmente muitos corredores de rua estão buscando alternativas fora do asfalto e com a popularização do trail running, existem muitas opções de escolha. Mas é importante informar que diferente da maioria das corridas de rua, a distância é apenas uma das características a ser procurada, busque também informações sobre a altimetria e o terreno.

As duas corridas que aconteceram nos dias 29 e 30 de março de 2014 servem como um bom exemplo da diferença que essas informações pode influenciar no tempo final de prova.

A corrida Volta dos Romeiros aconteceu em Pirapora do Bom Jesus e a Igaratá23K, na cidade de mesmo nome, ambas em São Paulo, e as distâncias foram aproximadas, 21Km para a primeira e 23Km para a segunda.

Coincidentemente a largada das duas aconteceu em altitude similar: a Volta do Romeiros saiu de 677 metros e a Igaratá23K, de 628 metros. A prova de Pirapora teve o ponto alto a 1.190m e Igaratá, 924m.

Veja as altimetrias abaixo (retiradas dos sites oficiais):


Volta dos Romeiros
Ganho de elevação: 1019m
Inclinação máxima: 34,7% – 30,9%
Inclinação média: 8,6% – 9,2%




Igaratá23K 
Ganho de elevação: 908m
Inclinação máxima: 29,2% – 31,4%
Inclinação média: 7,2% – 6,8%

Para algumas pessoas, a impressão é que a corrida de Igaratá seria mais díficil, com uma subida íngreme – 296 metros de ascensão em 3,5Km de acordo com o site da prova – enquanto que em Pirapora parece que a subida é mais suave e mais longa. Os dados informados de inclinação são similares na duas provas.

Então, o que explica a grande diferença de tempo entre as duas corridas?

Um dos atletas que fez as duas provas foi José Virginio, reconhecido trail runner em todo o país. No sábado (Romeiros) seu tempo foi 01:52:36.79 e no domingo (Igaratá), 01:33:06, muito mais baixo mesmo com o “cansaço” do dia anterior e 2km a mais de percurso.

O mesmo padrão se repetiu entre os primeiros colocados (obs: diferente do exemplo citado, os atletas vencedores foram diferentes em cada prova).

Volta dos Romeiros
Masculino: 01:42:01
Feminino: 02:12:15

Igaratá23K
Masculino: 01:29:10
Feminino: 01:44:40

Piso – O piso ou terreno que os competidores enfrentaram nos dois eventos foram bem diferentes. Em Romeiros os corredores encontraram muito single track (trilhas estreitas), erosões, buracos e pedras que deixaram o percurso mais técnico e consequentemente mais difícil para desenvolver um ritmo mais rápido de corrida.

Em Igaratá o percurso foi realizado em estradas vicinais com piso “uniforme” apesar de estar fora do asfalto. Isso permite que os atletas aumentem a velocidade e como resultado tenham tempos mais baixos.

Altimetria – É preciso tomar cuidado com o gráfico. Se a organização gera uma imagem de largura maior, por exemplo, as subidas parecerão mais difíceis ou mais fáceis do que realmente são. É preciso sempre fazer uma relação entre distância e altimetria de um determinado trecho (ex: 296 metros de ascensão em 3,5Km) para ter uma melhor idéia da inclinação.

Outra coisa importante é a distribuição da altimetria na prova. Os valores divulgados nos eventos refere-se ao acumulo total de desnível positivo na prova.

Veja abaixo os exemplos de três eventos com 10km de percurso e 1000mD+ :

São 3 provas com a mesma distância e o mesmo desnível, porém são provas com características bem diferentes.

Um tipo de terreno não é melhor que outro, existem opções para todos os gostos: provas de longa e curta distâncias; percursos por estrada, trilha e misto; duração de algumas horas ou dias, com pernoite ou não.

Cada atleta deve saber seus pontos fortes e fracos para poder definir uma boa estratégia para qual evento participar.

Sidney Togumi
www.upfit.com.br

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