Ano: 2016

Férias com emoção – Acampamento Go Outside de Aventura promove encontro perfeito entre crianças e natureza – Adventuremag

Há nove anos o Acampamento Go Outside de Aventura promove o encontro transformador de crianças de 6 a 14 anos com o mais puro espírito outdoor, unindo camping, mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e muita brincadeira ao ar livre.

A diferença desta para outras propostas de colônias de férias começa no nascimento do projeto, concebido pela experiente atleta de corridas de aventura e pedagoga Shubi Guimarães, que se associou a amigos tão experts em natureza quanto ela: Cristina de Carvalho, fundadora da assessoria esportiva Núcleo Aventura, Caco Alzugaray, publisher da editora especializada em vida ao ar livre Rocky Mountain, e José Pupo, referência em canoagem no Brasil. Depois da morte de Cris, em 2015, seu marido, José Caputo, integrou a equipe, que hoje comanda o único acampamento de férias deste tipo no Brasil.

Rafting no Acampamento de Aventura

Com muita perícia e paixão, eles organizam temporadas de cinco dias nos meses de julho e janeiro na fazenda-sede, que fica a 80km da capital paulista, aos pés da Serra de Paranapiacaba. São 650 alqueires de área total, 35km de margens de represa e 90km de trilhas e estradas rurais mantidas especialmente para a prática de mountain bike e trekking. A estrutura e a programação são concebidas para introduzir os pequenos no universo da vida ao ar livre e, por meio do esporte, estimular habilidades individuais, consciência corporal, trabalho em grupo, autonomia, e autoestima, mas acabam fazendo inveja em muito marmanjo: barracas espaçosas, montadas e organizadas para acomodar as crianças com conforto, vestiaÃ?Ârio, cozinha, refeitoÃ?Ârio, campo de futebol, parede de escalada e um rancho de aÃ?Ârea comum para convíÃ?Âvio, além de uma equipe de monitores e de médicos especialistas em áreas remotas, que sabem tudo de aventura.

Expedições na mata atlântica são acompanhadas pelo estudo de leitura de mapas e ensinam sobre a fauna e a flora da região. Para muitas crianças, é a oportunidade de experimentar o pé na lama e dar uma folga aos eletrônicos, ampliando os horizontes para além da vida virtual das cidades. Para os pais, a oportunidade de proporcionar uma semana inteira de experiências genuínas e montadas com segurança.

As programações são diferentes a cada edição e atraem novatos e veteranos, que sempre querem voltar para avançar tecnicamente nas atividades, reencontrar os amigos de barraca e ganhar ainda mais confiança.

Acampamento Go Outside de Aventura
Idade: 6 a 14 anos
Número de vagas: 80 por temporada
Atividades: canoagem, trekking, técnicas verticais, técnicas de navegação, MTB, fogueira, jogos e recreação
Organização: Núcleo Aventura, Go Outside, Liga Outdoor e Canoar.
Próximas datas: 9 a 13 de janeiro e 16 a 20 de janeiro de 2016
Informações: shubi@ligaoutdoor.com.br ou jose.pupo@canoar.com.br
Visite a página no Facebook: Acampamento de Aventura

Vencendo Desafios – relato de Weliton Carius no Endurance Challenge Chile 2016 – Adventuremag

Sempre que estou numa linha de largada, me sinto diante de uma grande tela de cinema e, naquele momento que soa o sino, é como se eu mergulhasse em outro mundo, em outra dimensão. Se me proponho a tal é porque procuro viver intensamente aquele momento único, correndo, subindo e descendo as montanhas. Lá as minhas fraquezas se convertem em fortalezas.

Na minha segunda participação do Endurance Challenge – Chile 2016, tudo estava indo como planejado. No dia anterior preparei todo o meu equipamento para prova: mochila de hidratação, short de lycra, camiseta e, também os equipamentos obrigatórios: celular, reservatório com capacidade mínima de 1.5 l, reserva alimentar e apito. Afixei o numeral na minha camiseta, separei o meu tênis Salomon S-Lab 5, e também decidi utilizar umas super polainas da Raidlight, que havia finalmente encontrado para comprar e fui dormir após cumprir todo o ritual, mesmo com um pouco de ansiedade e querer despertar logo para me aprontar para a prova no dia seguinte.

Dormi e acordei bem disposto, logo me preparei e peguei uma condução, 15′ depois ou até menos já me encontrava no local de largada da prova. Fiquei por lá num longo bate papo com o Cesar Picinin e o Guilherme Sakai trocando experiências. Todavia estava com a cabeça na largada e na prova que iria enfrentar minutos depois. Estava ansioso, nervoso e pensativo, e por outro lado, feliz com a oportunidade de ter o primeiro contato pessoal com esses dois irmãos, já que a nossa realidade de vida virtual tanto nos aproxima como também nos afasta.

Finalmente fomos fazer um breve aquecimento, já que iríamos enfrentar o mesmo circuito de 50k.

Aquecimento concluído e a chamada para a largada, tudo começou a acelerar até que segundos antes da largada, o tempo parou por centésimos de segundo e, enquanto colocava as mãos no meu peito para agradecer, observei que tinha perdido parte da minha suplementação.

Imediatamente largamos e minha mente estava em ritmo alucinante, buscando uma nova estratégia e pensando no que viria a ser o significado da palavra autossuficiência. Pensava tudo ao mesmo tempo, uma verdadeira batalha da mente estava sendo travada. Naquele momento, não era mais um telespectador da grande tela de cinema, eu estava lá dentro, participando, dando vida aos meus sonhos, enquanto isso todos os corredores, num só sentido, buscavam o melhor local para correr na escuridão. As luzes das nossas lanternas rasgavam a escuridão até chegar ao alto da primeira montanha, de onde podíamos observar o amanhecer de toda capital Santiago do Chile, com a cidade toda iluminada como se fosse um mar de luzes.

Com a respiração ofegante e com a cabeça quente de tanto pensar no que fazer diante da mudança de estratégia, já que não teria a energia instantânea com a qual o meu corpo está adaptado no meu dia a dia e nos treinamentos, procurei buscar forças e prosseguir rumo às trilhas que cruzavam as montanhas de um lado para o outro até chegar ao ponto mais alto de todo o circuito da prova.

Éramos três brasileiros disputando as posições da frente. Fiquei próximo do Picinin, um mineiro de voz mansa, durante grande parte do percurso e sempre alternávamos de posição, ora ele puxava o ritmo na subida e, logo na sequência, eu descia velozmente. O terceiro era o Nelson da Costa, com quem tivemos um breve contato.

Eu me concentrava na prova e apenas com frases curtas um procurava motivar o outro. Meu desejo, neste instante, era aproveitar cada quilometro que tinha pela frente naquele lugar que, às vezes é bem árido, com espinhos por todas as partes e, em outros momentos, pode-se contemplar as montanhas que constituem as pré-cordilheiras e que ficam logo abaixo da Cordilheira dos Andes, a cordilheira mãe, com suas altas montanhas que chegam quase até o céu. Mas o nosso instinto procurava o caminho correto a seguir, como se fôssemos nascidos naquela região, através do balizamento feito pelos organizadores da prova.

Percorria caminhos familiares aos meus olhos, uma vez que no ano anterior havia me sagrado campeão exatamente no 50K, quando me planejei durantes meses para estar ali naquele acontecimento, vivendo tudo aquilo. Eu tinha o desejo de ser o vencedor novamente; os meus pensamentos eram frustrados pelo raciocínio lógico de que tinha poucas chances e que não poderia desperdiçar nenhuma oportunidade. Meu corpo estava fraco e me encontrava cansado e, neste momento crucial, tive que tomar uma decisão muito importante, parar para me alimentar e prosseguir vivo na prova com chances de ocupar o pódio ou prosseguir lutando contra o meu próprio corpo nos 20km que teríamos pela frente e ter que, possivelmente, abandonar a prova.

Neste momento, estava próximo de mais 4 atletas, dentre eles o Picinin. Parei no PC e um senhor me ofereceu uma pizza brotinho que parecia ser a coisa mais deliciosa do mundo, para logo em seguida ele me informar que teria que aquecê-la.

Fiquei aguardando por alguns minutos e a seguir, peguei alguns pedaços de chocolate e fatias de laranja para comer durante o caminho. Depois, peguei a pizza, fui trotando e saboreando-a e, quando olho para trás, na distância que me encontrava, vejo um atleta se aproximando e apressadamente acabo de comer a pizza.

Prossigo correndo até tentar me aproximar de um atleta que me ultrapassou – ainda comendo a pizza – e logo o ultrapasso e lhe desejo sorte e força para prosseguir. Na corrida de montanha sempre procuramos ajudar uns aos outros.

Prossegui correndo e sentindo que a corrida estava ficando mais confortável novamente e que podia completar a prova e todos os medos seriam vencidos. Encontrei-me, naquele momento, renovado e forte para prosseguir até a linha de chegada.

Algumas horas depois estava novamente me aproximando dos quilômetros finais, ouvindo o som da festa dos atletas que cruzavam a linha de chegada e no meu peito, o coração desejava cruzá-la com toda a minha força e nada podia me fazer parar de correr.

Cheguei na 5ª posição geral e fiquei sabendo que o Picinin tinha ficado com a 3ª. Fiquei feliz por ser um compatriota que estaria no pódio juntamente comigo. O resultado final nem sempre é o maior aprendizado em uma prova de montanha, e o sentimento de não ter sido bicampeão não significava uma derrota para mim. Não era o meu dia!

Todavia fiquei feliz com as lições que venho adquirindo a cada dia com as corridas de longa distancia em montanhas, as famosas Ultra Trails. Realmente têm se tornado uma filosofia para mim, é como se fosse um retorno às minhas origens. Ainda me sinto aquela criança de 6 anos de idade que corria rumo à montanha que ficava atrás da sua casa e lá sempre encontrava algo além das intermináveis subidas.

No Endurance Challenge Chile – 50k, deste ano, revivi experiências fantásticas e aprendi a lidar com todas as minhas fraquezas, sofri pressão por todos os lados, corri, por muitos quilômetros, carregando pedras que representavam as dificuldades a serem transpostas e consegui superar cada uma, desse modo, ao cruzar a linha de chegada, me senti forte e capacitado para os próximos desafios.

Weliton Carius