Onde comemorar 11 anos de casamento? Que tal o Haka Expedition Santo Antonio do Pinhal?

Por Wladimir Togumi - 16 Nov 2010 - 18h56

Neste final de semana um casal comemorou o aniversário de casamento de um forma diferente: em uma corrida de aventura. Marcelo Azevedo e Gisele Bonaroski completaram 11 anos juntos durante o Haka Expedition Santo Antonio do Pinhal, com ele correndo e ela fazendo apoio na equipe Eu Vou Porque Não? Leia abaixo os relatos e as visões de cada um durante a prova de 150 quilômetros pela Serra da Mantiqueira.

O apoio
(Gisele Bonaroski)

Montar um apoio ao quarteto da EU VOU PORQUE NÃO para a Haka Expedition, não é uma tarefa para qualquer um. Mas estar lá pro que der e vier em nome do bem-estar do quarteto faz você esquecer o cansaço, estresse, fome e qualquer tipo de preocupação. Para ser exata, foram 28 horas de prova e mais de 30 horas de apoio. O começo é só alegria, você tá no gás total, junto dos atletas, procurando ser o mais minucioso possível aos detalhes. Enquanto espera, conversa com outras pessoas de apoio, torce pelos primeiros que passam pela sua frente que você nem vê, de tão bem que estão. Nós até às 20hs do sábado estávamos tranquilos, um pouco cansados sim, mas super animados porque nossa equipe estava em terceiro lugar.

Após tomar um chocolate quente em Campos do Jordão, armamos nossas coisinhas no PC 9 e demos um pulo em Pinda para xavecar a chinesa, que estava fechando o bar, a esquentar a água; fazermos umas comprinhas no mercado e comermos uma pizza, onde todo mundo tava arrumadinho e nós como manda um bom figurino de apoio de uma corrida de aventura. Ao som de uma avantajada cantora e servidos pela cover da Maria Gadu, planejávamos nossos próximos passos.

Voltamos para o PC 9 e a peleja começou, pois, por problemas de comunicação da organização e falta de sinal de celular, perdemos o contato com eles. Pra resumir, foram mais de 12 horas neste PC há espera de notícias deles, todo mundo louco, pois tinham passado a informação (errada) de que eles tinham desistido. Eu não arredei o pé de lá e na confiança de que tudo estava bem, lá pelas 9h da manhã do domingo eis que surge a galera, cansada, mas feliz de ainda estar na prova.

Sem saber o que estava acontecendo e depois de colocar os pingos nos Is, eles continuaram rumo ao PC 12 e depois à chegada. Ficamos um pouco ao lado deles em comboio e, com toda a força que eu sei lá de onde vinha, gritávamos para eles continuarem e fizeram isso magistralmente.

Queria encontrar palavras para me expressar quando eles estavam a poucos metros da chegada, mas não dá. Foi uma sensação única, porque depois de todo este tempo e estresse, vê-los cruzar a linha de chegada foi maravilhoso. Nem conseguia parabenizá-los de tanto que chorei.

Tudo de bom mesmo! Aprendi com eles que, quando se tem um foco, apesar de todas as dificuldades, é possível chegar lá sim, basta ter muita força de vontade. Aprendi a admirar ainda mais o Marcelo, pela sua coragem, atitude e espírito de equipe. E esta data vai ficar marcada, já que comemoramos nossos 11 anos de casamento no dia 13.

Obrigada a todos que estavam com a gente em pensamento, a Paula (irmã do Wolf), Melissa (esposa do Edu) e o Mau, nosso guru pilhado, mas que manda muito bem no apoio: aprendemos muito com ele!

E é isso aí, já com o pensamento na próxima Haka (isso mesmo!).

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O atleta
(Marcelo Azevedo)

Sábado - 13 de Novembro de 2010...

07:30 - amanhece o dia em que completamos 11 anos de casamento. Estamos numa pousada, na pequena e pacata cidade de Santo Antonio do Pinhal (pensou que eu ia dizer Miracema do Norte, né).
E esta cena deveria ser muito comum para um casal completando bodas... uma comemoração romântica, no meio da Serra da Mantiqueira, aquele friozinho, uma chuva absurda do lado de fora, tudo perfeito, certo ?

Bem, estaria certo, mas vocês repararam no tempo verbal ?

Pois é, apenas duas horas após este despertar, eu me despeço da minha esposa Gisele, com um beijo e ouço as palavras de incentivo pela 1ª vez no dia: "Boa Sorte, vai dar tudo certo, estou torcendo por você" (ouviria outras muitas vezes no decorrer dos acontecimentos).

Neste momento foi dada a largada para o HAKA Expedition, 150 Km, a maior corrida de aventura que eu já participei. Até então, várias provas de 50 Km e uma de 110 Km com o Wolfgang e o Edu, mas não completamos. Meu quarteto...Eu Vou!..Porque não? novamente com o Wolfgang e o Edu, mas agora tinha a Hellen, e ela eu estava acabando de conhecer naquele momento... Estávamos anciosos, mas com uma garra incrível e sabíamos que tinhamos que completar essa prova...

Mapa 1
1º trecho, entre a largada e o PC 2 , tranquilo, de MTB, um single técnico, mas levamos na boa... Todos bem, primeiro contato com a super equipe de apoio.. Mau, Melissa, Paula e claro, a Gisele, afinal, esse era o nosso dia... nada como comemorar o aniversário de casamento, numa corrida de aventura e a sua esposa lá, te incentivando, torcendo, e preparando tudo entre um PC e outro...

Entramos nos caiaques, descemos o rio Sapucai Mirim... rumo a São Bento do Sapucai... Lá chegando, novamente bem recebidos pelo super apoio, tudo arrumadinho, comida, hidratação, bate-bapo, mais palavras de apoio, ânimo e vamos embora, num trekking rápido, trotando até o inicio da subida para a Pedra do Baú... e que subida... Enfim, chegando lá, PC 4. Eu e o Wolf subimos pela face Norte, loucos para descer pela tão falada tirolesa do Baú pro Bauzinho... vocês viram ? Nem eu... A neblina era tanta que eu não enxergava nem o próprio Wolf... e demorou demais, muito tempo de espera (soubemos depois que alguém ficou preso na via) e resolvemos abortar essa experiência... Descemos a face Sul e corremos para o PC 5. Lá já estavam o Edu e a Hellen descansando, e o super apoio... apoiando...

Dali, de MTB para o PC 6, um pequeno erro na entrada da trilha, mas recuperamos até que rápido. O melhor deste trecho foi numa subida (outra?). Uma dupla passou por nós carregando a bike nas costas, pois era impossivel pedalar, e nós estavamos empurrando já fazia um tempo. Quando eles passaram, pra nossa surpresa, a Hellen, levanta a bike e começa a carregar também. Bem, o orgulho masculino falou mais alto que o cansaço e também carreguei minha bike nas costas... Quanto ao Edu e o Wolf... bem cada um fez o que podia....

Mapa 2
Chegando no PC 6, final de tarde, uma fogueira ali pra aquecer...o frio estava começando a ficar pior. Saímos em direção ao PC 7 em Campos do Jordão. Esse trecho foi tranquilo, apesar de escurecer, pois era pelo mesmo trajeto do Caminho da Fé , que eu já havia feito tempos atrás... A melhor parte deste trecho foi correr dos cachorros que avançaram e a chamada que eu fazia pra ver se a equipe esta por perto, pois tinham umas quatro equipes emboladas... eu chamava os nomes... e vinha a resposta... sempre da mesma maneira.... Edu ? Eu...Wolf ? Aqui ... Hellen ? Hu Hu....e assim foi até chegarmos ao PC...onde descobrimos que muitos estavam desistindo. O pessoal da Tribus parou, um cara que não lembro o nome, mas era o número 101... nós que passamos o recado para o apoio dele...; o YAMAS também abandonou ali, por problemas mecânicos... e nós, com um frio danado, tivemos que abrir os cobertores de emergência, pois estávamos perto de ter uma hipotermia...

Depois de embalados no aluminio como pernil... seguimos para o PC 8... e seguimos por um bom tempo, pois a tal da estradinha não estava lá... Demos umas três voltas em círculo, passando no mesmo lugar e sem achar explicação... várias equipes perdidas por ali, no meio da trilha, cada equipe apontava um trecho do mapa e na verdade ninguém sabia exatamente onde estava. Bem, nós estavamos onde imaginávamos e continuamos a prova... e chegamos ao PC 8, no pico do Itapeva, às 02:53.... Imaginem o frio. Imaginaram? Não, era muito mais que isso...

Bem a hidratação que estava programada ali, não tinha mais nada... as lojinhas fechadas (lá não tem nada 24hs) e nós sem água....bem, pedimos para avisar o super apoio que íamos atrasar e partimos para a descida rumo ao PC 9 ...

Mapa 3
Ali no PC 8 começou uma confusão, que nós só ficamos sabendo depois (vejam no relato da Gisele), mas pra nós, tudo certo, iniciamos a descida e conforme o mapa, viramos na 1ª trilha a esquerda... porém, a trilha que nós entramos não era a mesma... A trilha que estávamos não fazia parte do mapa, mas tinha o mesmo Azimute... Igualzinho, com uma pequena diferença: não chegava até Pinda, parava no meio da serra, num penhasco. Nós quatro rasgando o mato com as bikes... e os trinta minutos que descemos, viraram 1:30 horas para subir de volta.

Mandamos um texto para o super apoio avisando que íamos demorar mais ainda...(soubemos que essa mensagem nunca chegou) e como já era 5 da manhã, esperamos mais um pouco, até o dia clarear. Pegamos a trilha certa e ai foi só escorregar morro abaixo.

Chegamos no PC 9 as 10 da matina... cansados, mas sem desistir jamais... Fomos recebidos pelo super apoio, pela organização, por todos, pois éramos os desaparecidos.... Dali, devido ao corte, fomos para o PC 12.

Mapa 4
Do PC 12 para a chegada, em Santo Antonio do Pinhal, às 13:30 da tarde, foi bem monótono. Ninguém falava quase nada, só ficavámos enganando a Hellen: faltam 2 Km...falta 1 Km... Enfim, estavámos mortos de cansaço, mas com a sensação de dever cumprido... Fomos recebidos com rojões pelo Leo...e é claro, pelo super apoio, que passou a noite em claro, desesperado...

Bem, essa foi a comemoração dos 11 anos de enlace... Bem diferente por sinal, mas bem marcante.
Valeu !!!!!!!!!

A EU VOU ADVENTURE TEAM corro com o apoio de Livorno, Curtlo, Suum, Colunare Vertebral, RollBook Mag e Adventuremag

Wladimir Togumi
Por Wladimir Togumi
16 Nov 2010 - 18h56 | sudeste |
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