Relato de Rodrigo Marsilli no Cruce de los Andes 2012

Por Rodrigo Del Rio Marsilli - 13.Feb.2012

Dia antes da largada:
A prova começou bem antes da corneta soar. 
No dia que antecedeu nosso grande desafio, acordamos bem cedo para pegar um ônibus da organização, que nos levou depois de 50km para a balsa em Porto Fuy, na fronteira Chile/Argentina, onde nosso acampamento estava montado. Só para esperar a balsa ficamos cerca de 8hrs expostos a um sol de rachar, e as primeiras marcas do Cruce já começariam a aparecer. Chegar 1dia antes no acampamento foi essencial para prepararmos melhor os equipamentos e a alimentação, a organização acertou em cheio.

Diego Constantini
© Diego Constantini

1º dia
O primeiro dia foi o mais marcante da prova. Foi de longe o trekking mais incrível que eu já fiz na vida, e vai ser difícil outro ser melhor. Nós subimos o Vulcão Mocho Chochuenco, um trecho de mais de 10km de neve sendo a maioria de subida, e ascensão de 2.400m. Chegamos ao topo e foi recompensador. Era possível ver outros vulcões como o argentino Lanin e os chilenos Villarica (onde eu havia feito um Downhill de 17km, dias antes da prova) e o  Epuyén, que estava envolto numa enorme nuvem de cinzas.

A descida era só acelerar e curtir, mas uma bolha no pé esquerdo me complicou, e o fim dessa etapa terminei mancando, e com medo do que seriam as outras etapas. Os primeiros 39,4km estavam feitos.

2º dia
Com a bolha tratada, a Dra Dani, minha parceira, fez um belo curativo e meteu um Silvertape, estávamos preparados para a segunda etapa.

E essa foi surpreendente. Era pra ser 42km, mas os 3km caminhando até chegar o local da largada e os 3km extras de costeira fizeram uma prova de 48km.

Inclusive esse trecho de costeira foi o destaque da prova. Quando todos nós percorremos os 45km de prova achávamos que ia dar direto no pórtico. Nossa equipe, por exemplo, fez a melhor etapa, corremos 35km da prova numa média variando entre 10 a 12km por hora, e esse últimos quilômetros aumentamos mais ainda, mas quando chegamos no suposto final demo de cara com mais 3 km de costeira. Mas uma costeira pior que Chauás! Acho que Lucas e o Fran fizeram curso com Sebastian (organizador do Cruce).

Esse trecho acabou com a moral da maioria das equipes, que não tinham mais comida e hidratação, além de não terem muita experiência com esse tipo de terreno. Mas para nós, com anos de Chauás nas costas, foi ao contrário. Nós aceleramos mais ainda e ao som de "bámos Brasil", nossa equipe ultrapassou cerca de 30 duplas e nos colocou em um bom tempo na prova.

Acampamento Dia 2 e Dia 3
Um capitulo à parte para essa noite. Os acampamentos eram incríveis - cama, comida e roupa lavada. Nós chegávamos, nossa barraca estava pronta pela organização, a comida estava quente nos esperando e tínhamos a roupa seca nas nossas malas.

Mas isso não foi o que aconteceu nesse dia. Como disseram os hermanos "ruptura de la barcaza". O barco que levava as mochilas e barracas quebrou e elas não chegaram.

Aquela noite foi desastrosa. Cerca de 70% dos atletas ficaram se malas e muitos desses sem barraca também, o que prejudicou muito. Mais de 200 duplas desitiraram e regressaram a San Martin de los Andes. Os que ficaram enfrentaram uma temperatura congelante. Foi a pior noite da minha vida, nós não conseguimos dormir de tanto frio. Mas eu, que ainda tinha algumas peças de roupa com um amigo que acompanhava a prova, tive que emprestar para um atleta que chorava de tanto frio.

Ezequiel Laprida
© Ezequiel Laprida

3º dia
Tanto sofrimento e experiência em perrengues fortaleceu ainda mais nossa equipe e o 3º dia era uma questão de honra.

As bolhas em um dos pés e outro completamente inchado não faziam diferença perto da vontade de terminar a prova, e mais um dia lindo em um lugar paradisíaco num parque nacional com águas congelantes marcou os 21km de prova.

Ufaaa, terminamos os 110km dessa prova tão diferente, com paisagens únicas e desafiadoras. Foi a primeira de muitas, ano que vem com certeza voltarei.

Eu estou editando os vídeos da prova e da vigem que ainda fizemos Downhill, Kaike, rafting e ascensão a mais um vulcão, vou disponibilizar em breve.

Dica de viagem: Pucón/Chile no verão, paraíso para os aventureiros.

Abraços
Rodrigo
Equipe Raposa

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