10 corridas, 6 estados e muitos amigos

Por Arnaldo Maciel - 29.Dec.2011

Pelo terceiro ano consecutivo tenho a deliciosa missão, dada por Togumi, de escrever uma retrospectiva das corridas de aventura com um foco no nordeste, acabei falando também das que participei fora da região, com a devida autorização dele. Cronologicamente, vamos a elas:

Cruce de los Andes

Em Janeiro de 2011 participei da Carrasco em Santa Terezinha/BA com a equipe Rasodacata como etapa de treino para a prova mais importante que iria fazer no ano: O Ecomotion. A prova foi marcada por muitos espinhos no trecho de bike inicial que quase tirou muita gente boa da prova e pela participação expressiva de equipes de fora da Bahia, como a Trotamundo, Brou, Direction, Oskaba, Advogados Aventureiros, Sempre Viva e Largatixa, que se sagrou campeã em quarteto, dividindo o pódio com a Gantuá. As equipes baianas disputavam a última etapa do campeonato baiano de 2010, este por sinal, motivo de muita disputa nos bastidores e que parecia mais um campeonato de recursos que de corrida de aventura.

Como curiosidade nesta Carrasco, vou destacar o que se fez constante em quase todo o ano nas provas que participei, a presença de Euder Melo da Advogados Aventureiros e a expressão que ia ganhando notoriedade no meio dos aventureiros e que acabamos por ouvir e ler durante todo o ano, associando facilmente a uma determinada galera super simpática: "brutalidade". Alguma dúvida de quem estamos falando?

Voltei a competir em Abril na mais importante prova que participei até hoje, pelo status, projeção e dificuldade: O Ecomotion. Foi a chance de participar de uma prova de tamanha importância, uma vez que aconteceu bem perto de casa.  Aliás, a presença marcante e inédita de sete equipes nordestinas, sendo cinco baianas, foi um fato a se destacar, haja visto que as equipes do nordeste tem muito menos acesso a patrocínios e o alto custo da  participação no Ecomotion é sempre um empecilho. No caso das baianas, o apoio da Millennium Inorganic Chemicals, dado as equipes foi fundamental para viabilizar a participação. Além da Makaira, Gantuá, Insanos, Olhando Aventura e Aventureiros do Agreste, tivemos a partipação da Direction, representando Pernambuco e a Oskaba representando Alagoas e os atletas nordestinos Patrick e Vinicius na equipe de Brasilia BMS.

Quando comecei a escrever esta retrospectiva, me dei conta que não tinha feito um release da equipe Olhando Aventura no Ecomotion, mas não poderia deixar de relatar um "causo" muito legal que aconteceu entre tantos nesta prova: no trekking inicial de 80 km, em que passamos por praias em direção ao Monte Pascoal, já de noite, quase 12 horas caminhando, encontrei uma  casa no caminho. De longe, só se avistava uma janela com uma pessoa ali. Gritei para me certificar se estava tudo certo: "O caminho para o monte Pascoal é esse mesmo?" ouvindo em seguida a resposta da pessoa que estava na janela: "Coloque sua bússola em 280 graus e pode seguir que vai chegar lá!". Convenhamos,  todos os navegadores já passaram pela situação de perguntar para algum nativo uma informação, mas obter uma resposta neste nível, foi inédito para mim. Foi ai que eu perguntei de novo: "Você é mateiro ou guia?" e a resposta foi marcante: "Sou não, eu sou é bruuuuto!". Era o Thiago esperando Alan, da Gantuá, se recuperar de uma desidratação para seguirem a prova. A situação foi muito engraçada.

Corri com Clóvis, Gerivaldo e Elaine Pichiliani, que conhecemos pessoalmente um dia antes da corrida, e por conta desta minha participação fui estreitando amizades com pessoas que iriam cruzar comigo em diversas situações de provas durante o ano, como Marcelo Sinoca, Glauco e Xandão da Familia Extrema, Valmir e Rose da Papaventuras, Rachel, Juninho, Matheus e Thiago (Brou), Euder, Marco Tulio, Xiquito, Daniel, Helcio, PC, Edson(s) e Fernanda (Oskaba) entre outros.

Depois de recuperar os pés e perder todas as unhas, voltei em Maio a competir, agora em dupla com meu parceiro Clóvis na prova da Runnung D'aventura na Praia do Forte/BA. Montar quarteto, captar recursos, organizar e correr o Ecomotion tinham me esgotado em todos os sentidos e resolvi investir nas corridas em duplas por ter uma logística bem mais fácil. Conquistamos uma boa posição (4º) e uma parceria com a BB Brindes para corrermos em dupla algumas das principais provas no Brasil dali em diante com o claro objetivo de nos colocar em uma posição melhor no RBCA.

Mais uma vez encontrei com a grande figura de Euder Melo e combinamos que em uma futura ida a MG precisaríamos contar com a ajuda no nosso apoio, prontamente oferecida por ele. Esta prova teve uma expressiva participação de novatos, incluindo de outras localidades, como Feira de Santana e Juazeiro que como veremos mais a frente tem se tornado um pólo de corrida e corredores no nosso estado.

Em Junho, resolvi participar da prova Expedição Qualidade de Vida em Itabaiana/SE, junto com Gaia (Makaira),Tatiana e Fábio da Rasodacata. Prova que teve um inicio animador passando por lugares incríveis na serra de Itabaiana, cachoeiras e trilhas super técnicas, mas logo após o remo em uma represa a prova começou a ficar naquela situação de "perder a graça". O mapa mal produzido não continha as informações adequadas e o próprio organizador orientava as equipes com caminhos que não tinha nada a ver com a carta. O resultado disto foi as três equipes que lideravam,  interromperem a prova no mesmo local e desistirem juntas sem localizar os PCs finais. Oskaba, Giramundo e Insanos dividiram o primeiro lugar sem terminar a prova e nós desistimos antes e esperamos até o dia seguinte as 12:00 para meu amigo Mauro Chagas se dar por vencido e também desistir junto com Léo Pinheiro (R2/Companheiros) de achar os PCs restantes.

Uma semana depois, no feriado de São João (aqui no nordeste é feriado em quase todas as cidades), estava em Currais Novos/RN para participar de minha 2ª Expedição Carcará, que voltava para seu padrão de quilometragem, depois de ter uma edição de 500 km no ano anterior. A Ausência de equipes do sudeste foi notada, mas a expressiva presença de equipes e corredores do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Bahia foi recompensada com uma excelente prova.

Cheia de alternativas, muitas serras para subir, rasga matos e uma estrada de espinhos que tirou muita gente da prova, corri com Jovaldo, Beto e Laury, todos de Pernambuco e amigos de outras corridas pela Olhando. Tive um apoio sensacional nesta corrida da Equipe local Lost, dos corredores Kleber, Patricia, Danilo e meu xará Arnaldo e também de Amábile, Cecilia, Débora França, entre outros. Aproveitei para rever os amigos Miguel Magnavita que retornava as corridas, Jussier, Vinicius, Jairo e Cris(Direction), Renato, Toinho, Vescio e muita gente boa desta terra maravilhosa. A Makaira se tornou a primeira equipe baiana a ganhar uma Carcará aumentando o jejum de titulos das equipes da casa, que não ganham a muito tempo e depositavam muita esperança e expectativa nas equipe Cangaceiros.

Em Julho retornei a minha terra natal, Minas Gerais, com Clóvis para correr a prova mais bruta do Brasil em Brumadinho/MG. Aliás, tudo da Brou é "bruto", a prova, a amizade, o carinho, a força, a dificuldade, a premiação, o astral, brutalidade total que nos contagia e que depois do contato com esses amigos incriveis você acaba se tornando um bruto também, rs. Inventaram de trazer para a prova deles uma escalada louca, sem trilha e sem caminho, brutalidade total, mas foi uma bruta diversão e a prova foi vencida pelos brutos da Selva Aventura. A Gantuá da Bahia participou desta prova terminando em 3º, nós ficamos com um 8º lugar e bruta mesmo foi a recepção de Euder e Carol com as equipes de fora. Reencontrei meus amigos da Papaventuras e com Rachel, Matheus, Zé Elias, Mariza, conheci a galera da Trilha Carioca, corri junto com Daniel Romero e Pedro Pitanga por uma grande parte da prova e descobri que o mais bruto na prova eram os carrapatos que não me deixaram esquece-los por um bom tempo.

Em Agosto convidei Daniel Romero para formar dupla comigo na prova Desafio dos Sertões em Sobradinho/BA. Como muitos souberam, houve certa confusão na hora dele ir para Juazeiro/BA, indo parar em Juazeiro/CE, mas isso nos motivou e fizemos uma prova muito boa conquistando o 1º lugar. A Extreme da Bahia ganhou de ponta a ponta e tivemos uma divertida errada de rumo da Gantuá no remo que lhes tirou qualquer chance de classificação. A prova definitivamente entrou no rol da melhores do nordeste. Organização muito boa, lugares lindíssimos e um remo insano na barragem de Sobradinho, que derrubou grande parte das equipes participantes. Reencontrei na prova a galera da Oskaba/AL que ficou em 2º nos quartetos e mais uma vez com Euder Melo que está se especializando em provas da Bahia. Foi legal ver uma participação expressiva de equipes locais e com certeza mais um pólo de aventureiros se cria no nordeste.
 
15 dias depois, ainda em Agosto, estava desembarcando no Rio de Janeiro para uma das melhores provas que participei até hoje. A Papaventuras de Rose e Valmir convidou a mim e a Clóvis para formar um quarteto e correr a Terra de Gigantes em Paraty/RJ. Com a indisponibilidade de Clóvis chamei Daniel Romero para substituí-lo e fizemos uma corrida maravilhosa, onde os lugares, o astral e a sinergia da equipe foram sensacionais. Daqui do Nordeste, tivemos a participação, com resultados excelentes das equipes Gantuá e Makaira Millennium e a prova foi considerado um mini Ecomotion pela presença de grandes equipes e corredores do Brasil todo. Reencontrei mais um monte de amigos como os da Trilha Carioca, Helcio, Xiquito, Fran Perez, os Brous, Xandão, Bruno, Tulasi, etc, e quando achava que desta vez infelizmente não encontraria o Euder por não estar inscrito, eis que surge ele na nossa chegada, auto-proclamando padrinho da nossa equipe e fazendo festa e churrasco, lógico, no dia seguinte.

Dei uma descansada em Setembro de corridas de aventura e corri uma meia maratona no dia de meu aniversário aqui em Salvador. Como fui, ao longo destas minhas participações, até aqui, acumulando cada vez mais amigos pessoais e muitos também virtuais no facebook, resolvi propor uma corrida/caminhada/pedalada coletiva para atingir 1000 km, que acabou com uma bela marca de mais de 2.600 km. Certeza que no esporte você conquista cada vez mais saúde e também amigos.

Outubro treinando e Novembro em São Paulo para a prova mais dura de duplas do Brasil, quiçá do mundo, a Chauás 300 em São Luiz do Paraitinga/SP e largada em Bertioga. Desta vez corri com Gustavo Chagas da Makaira e chegamos em 8º lugar numa prova durissima que ainda está na memória de todos que participaram. Revi os grandes amigos como Glauco, Fredy Guerra, Elaine entre outros e conheci novos com Nescau, Gerson, Paulão, Denise e a galera da Koru.

Quem nos deu apoio desta vez foi nosso querido amigo Togumi. Com a visita antes da prova de Rafael Campos à casa de Togumi, aproveitamos a presença dele para buscar dicas no mapa e da prova Chauás, com ele nos mostrando toda a sua capacidade e simplicidade, pena que a dica da plastificação, no meu caso, não deu certo de jeito nenhum, rs. Meus amigos da Papaventuras lideraram grande parte da prova e no finzinho acabaram por serem penalizados lhes tirando a 1ª colocação, mas fiquei feliz com a vitória de meus amigos Vagner, Zé Elias e a turma da Leões de Judá. Só para não passar, churrasco de Euder na chegada.

Ainda em Novembro, mais uma vez com minha querida equipe Papaventuras dos amigos Valmir e Rose, desta vez com Vinicius Alfarma no lugar de Daniel, fizemos a Carrasco Cravo e Canela em Ilhéus/BA. Nosso resultado foi muito bom, um 3º lugar que colocou a Papaventuras novamente do Top 10 do RBCA. Cruzamos o pórtico ao lado da Makaira Millennium e depois da Oskaba. A grande vencedora foi a Selva Aventura que teve um ilustre apoio de Caco que representou muitissimo bem o Brasil junto com a Oskalunga na Tasmania. Mais uma vez tive a oportunidade de rever grandes amigos de aventura e com um destaque para os amigos daqui mesmo da Bahia que a muito não encontrava em corridas, como Sanfona, Pieroni, Fábio Sapo, Gilson, Sabrina, Claudio e Azoubel entre outros. A Olhando Aventura correu essa prova como dupla com Hamã e Clóvis, que defenderam com muita garra nossa equipe. Churrasco na praça de Jorge Amado.

Das provas que não participei, e foram muitas aqui no nordeste, eu destaco as provas válidas pelo CNA em Pernambuco, organizada pela Extremos, e as de Alagoas organizadas pelo Rominho da equipe Ospato. O Circuito Solo Brasileiro continua firme e com David da Rapanui introduzindo uma excelente prova de MTB de 100 km. O CPCA - RN vem se firmando com o mais organizado e regular campeonato regional de corridas de aventura e na Bahia esperamos que deixemos de lado os recursos juridicos em pró da aventura e da amizade nas corridas.

A Grande equipe a ser batida no Nordeste em 2012 continua a ser a Makaira Millennium que ganhou quase todas as provas regionais em que participou, obtendo também resultados muito bons na Terra de Gigantes e Ecomotion. Também destaco a presença de 4 equipes nordestinas no Top 10 do RBCA: Makaira Millennium, Oskaba/AL, Direction/PE e Gantuá. E é claro a minha equipe Olhando Aventura querendo entrar no Top 10 de duplas masculinas, atualmente em 13º.

Viajei por 5 estados além da Bahia, para correr aventuras em 2011. Trago a lembrança de cada corrida na memória e estou muito feliz com minhas conquistas e resultados esportivos, levando em consideração que apenas 5 anos atrás eu estava gordo e não fazia atividade nenhuma (prometo foto em breve). Houve uma evolução fisica enorme, andei atrás mas também andei e cheguei na frente, cruzei com equipes que até pouco tempo eu só admirava nas matérias da Adventuremag. Consegui largar e chegar, mesmo que com corte, um Ecomotion. Larguei e andei  junto de atleta que comemorava 100 provas feitas e de tantos outros que estão quase lá ou até mesmo já passaram esta marca. Cheguei 40 minutos atrás da Selva Aventura em uma prova, cheguei na frente da Gantuá e muito perto da Makaira em outras, ajudei a Oskaba a se achar e fizemos muitas vezes um sexteto ou até mesmo um octeto. Corri ao lado de Clóvis, Daniel Romero, Gaia, Vinicius, Rose, Valmir, Nescau, Gerson e Denise, todos fisicamente bem mais preparados que eu, portanto não posso me queixar, foi um ano esportivamente maravilhoso.

Mas as minhas maiores conquistas em 2011 foram sem dúvida as amizades. As que eram virtuais e passaram a ser pessoais, as que se consolidaram pela convivio frequente nas provas e treinos, as que não existiam e passaram a ser virtuais no primeiro momento e pessoais na prova seguinte ou vice-versa, as que estão ainda por vir pessoalmente, basta eu ir naquela próxima prova que prometi e serão muitas em 2012. Que venha o Ecomotion, a Terra de Gigantes, a Brou, a Chauás, o Desafio dos Sertões, a Carcará, a Carrasco e muitas outras, pode me chamar que eu vou para correr e fazer novas amizades.

Arnaldo Maciel
Olhando Aventura

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