"Togumi, quem é a Guanacos?" Essa foi uma das perguntas que mais ouvi durante os 3 dias da Chauás 300 Km, além de outras como "Tem alguém conhecido na equipe? Ela é de São Paulo?"
Mas é fácil entender essa curiosidade. Numa prova longa e difícil como a Chauás, dificilmente alguém apostaria suas fichas numa equipe desconhecida 'escondida' no meio de um grupo que reunia atletas experiêntes como na Papaventuras (RS), Competition Aroeira (SP), Guaranis (SP) e Leões de Judá (GO), dentre outras.
E a equipe fez bonito. Liderou quase toda a corrida e só foi alcançada quase no final, pelos gaúchos e goianos, devido a um erro de estratégia de sono. Mas quem a viu chegando no PC12, naquela madrugada sob chuva, com os integrantes animados e parecendo que haviam acabado de largar, não imaginava que era um dos grupos de atletas mais novos daquela Chauás, com experiência de 3 a 5 anos nas corridas de aventura.
Mas afinal, quem é a Guanacos? De onde vieram? Qual a experiência deles nas corridas de aventura? Como eles andaram na frente de tanta gente boa? Em resumo, o segredo é reunir 2 médicos, 1 publicitário e 1 arquiteto, misturar até ficar bem coeso, focar num objetivo, treinar muito e encarar os maiores desafios que aparecerem pela frente.
Danielle Nagaoka e José Fernando Paiva se conheceram na Competition e fundaram a Arquimeds, nome usado pela primeira vez no Adventure Camp Ilhabela 2008 e uma sugestão do treinador de escalada, que fazia referência à profissão de cada um naquela prova, sendo um arquiteto e os outros três médicos. Os integrantes Fernando Boccia e Fabio Cerávolo entraram na equipe pela convivência em outras corridas e na assessoria esportiva AKSA.
Conheça abaixo a equipe que conquistou a 2ª colocação entre os quartetos e, de quebra, levou a vaga no Ecomotion Pro 2012 em um sorteio entre os três primeiros colocados.
Fernando Boccia, José Fernando Paiva, Danielle Nagaoka, Fabio Cerávolo
José Fernando Paiva: Arquiteto
Danielle Nagaoka: Médica
Fabio Cerávolo: Médico
Fernando Boccia: Publicitário, sócio diretor da SOLO Propaganda
Faz tempo que correm juntos?
Danielle: Foi a primeira vez que corri com os 3, mas já corri com cada um deles em provas diferentes. Com o Zé Fernando montamos nossa primeira equipe Arquimeds, já extinta. Desde lá corremos mais ou menos 2 anos juntos e depois separamos, correndo com outras equipes. Voltamos a fazer algumas provas juntos esse ano por causa da AKSA.
Na expedition de 2010, com ajuda do Zé Fernando, eu conheci a equipe Raposa e venho correndo com eles desde então, grandes amigos. Já tinha corrido um Camp com o Boccia em 2009 e com o Fabião corri o último camp e a Expedition
Fabio: Começamos mesmo este ano. No começo do ano tínhamos o nome de Corsários (Troféu SP Ilhabela e na Chauás Pindamonhagaba) Nesta formação foi a primeira vez.
Fernando: Esta foi a primeira prova que fizemos juntos. Haviamos corrido anteriormente, mas não com esta formação. Comecei correndo solo com o nome de NON STOP, fiz algumas corridas com o Ze Fernando.
Como conheceram as corridas de aventura?
Danielle: Por causa do Zé Fernando. Eu já havia ouvido falar (das corridas), mas achava que não aguentava.
Fabio: Conheci as corridas de aventura em 2003, através da mídia e de comentários de minha prima Maryta Cerávolo, porém só acompanhava como entusiasta.
Fernando: Eu escalei uns 10 anos antes de começar a correr aventura. Escalava alta montanha e tinha feito alguma corridas de montain bike.
A primeira vez que ouvi falar (do esporte) foi com um amigo, o Vitor Negrete, que corria na época com a equipe Landscape. Achava uma locura correr tudo aquilo, ouvindo sobre o Ecomotion, e agora estou nessa.
Qual foi a primeira corrida de vocês?
José Fernando: Minha primeira corrida foi o Adventure Camp de Pindamonhangaba, em 2008. Corri com meu amigo Bruno Santos, companheiro do Enduro a pé. Com a ajuda da organização conseguimos mais duas pessoas para completar nosso quarteto masculino. A prova foi traumatizante: 9h. Várias situações inusitadas, mas ao cruzar o pórtico fiz a pergunta freqüente do corredor de aventura: quando será a próxima? (risos)
Danielle: Adventure Camp Litoral Norte, de 2008
Fabio: Minha primeira corrida de aventura foi uma etapa do Gaia Adventure, em 2006 como solo, totalmente despreparado. Na época estava fazendo minha especialização e só praticava natação e dava umas corridinhas nos parques.
Fernando: Expedição Limite, em Campinas, 2008. Fiz a prova light e cheguei em primeiro lugar. Isso foi animador! (risos)
Experiência em corridas de aventura antes da Chauás 300Km
José Fernando: Eu era sedentário, gordo e bebia muito. Após um intercâmbio para a Espanha, perdi peso e aos poucos fui iniciando a prática esportiva. Iniciei praticamente no enduro a pé e fui "evoluindo", até um dia ver um folder do Adventure Camp na Casa de Pedra, onde praticava escalada esportiva. Tinha o costume de pedalar, mas nunca tinha feito uma trilha na vida!. Minha bike, uma Specialized Rockhopper 1992 até hoje me acompanha nos deslocamentos (a utilizo como meio de transporte no dia-a-dia) e me serviu nas primeiras provas, até perceber que precisava investir numa bike melhor, com suspensão dianteira (!!).
Meus treinos foram evoluindo também. Eu treinava na Competition e com o passar do tempo fui sentindo necessidade de melhor conhecimento do esporte para melhorar minha performance na CA. Acabei chegando na AKSA, onde meu treinamento foi dirigido ao meu objetivo. Participei de 10 etapas do Camp, 11 etapas do Haka Race, 04 etapas do Haka Expedition, 03 etapas do Chauás e 05 etapas do Troféu SP.
Danielle: Antes de 2008 fazia apenas corrida de rua, corro desde 2000. Desde 2008 tenho feito o Circuito Adventure Camp e Haka Race e nos últimos 2 anos, o Troféu SP e algumas Chauás.
Provas longas, eu fiz as últimas 2 Haka Expedition e tenho procurado fazer algumas provas como XTERRA e provas de MTB como treino, mas confesso que falta fim de semana para vida de médico.
Fabio: Comecei mesmo em 2009, numa Chauás Light. Depois fiz duas (provas) solo e no mesmo ano encarei a 300 Km como minha 4ª prova em dupla.
Fiz outras Chauás Solo e do ano passado pra cá alguns Adventure Camp e as Haka Race, já como Guanacos (duas com o Zé Fernando e uma com o Murillo Matos).
Recentemente completamos a Haka Expedition em 5º como Guanacos - eu, Danielle, Murillo e Taka (Valdemar Takayuki )
Fernando: Já participei de etapas do Adventure Camp, Troféu São Paulo, Haka Race, 4 Solo (5º geral) na Haka Expedition 2010, Chauás 300 - 2010. Cheguei a ficar em 9º lugar no Ranking Brasileiro, categoria Solo. Além disso faço
escalada (indoor, rocha esportiva, tradicional, artificial, alta montanha), corrida de rua, provas de MTB
O que é ‘Guanacos’?
José Fernando: Guanaco é um animal da família do camelo e da lhama que vive nas Cordilheiras dos Andes. O Fabio participou este ano do Cruce de los Andes e devido ao seu ótimo desempenho e desenvoltura na corrida, alguns argentinos diziam que ele corria como um Guanaco.. (risos)
Danielle: Uma equipe baseada na amizade, companheirismo, coragem e determinação!
Quanto ao nome Guanaco é um camelo cuja característica marcante são seus grandes olhos (utilizados para se manter atento a qualquer perigo), a forma corporal equilibrada e a enorme energia.
Fabio: O nome veio de uma conversa que tive com o Fernando (José Fernando) sobre o Cruce de Los Andes que participei este ano.
Nesta prova, para os que conhecem, participam atletas de várias modalidades. Em um bate-papo informal fora da prova, triatletas se referiram a nós (corredores de aventura) como Guanacos e Coiotes, ou seja, que já tínhamos algumas vantagens por estarmos, de certa forma, adaptados ao ambiente montanhoso, irregular e inesperado. Gostei e me diverti com a idéia. Discutindo isso com o Fernando e aprofundando o conhecimento de que esses parentes das lhamas são extremamente resistentes e adaptáveis chegamos a conclusão de que esse seria o nome perfeito, representando o espírito que perseguíamos.
Os Guanacos, principalmente após a Chgauás 300, representam exatamente o que sempre busquei no esporte e que acredito ser um sentimento comum a todos da equipe. Espírito esportivo unido a amizade tornam os resultados possíveis.
FB: Pela resistência do bichinho! (risos)
Foi o primeiro Chauás 300 Km de vocês?
José Fernando: Para a Dani e para mim sim.
Fabio: Foi meu segundo Chauás 300 Km. Em 2009 encarei esta como minha 4ª prova de aventura com o amigo Paulo Esteves. Devido a uma queda de bike tive uma lesão no pé que me atrapalhou no trekking após uma descida da Serra. Aos 120km. interrompemos a prova.
Fernando: Eu fiz solo em 2010, mas parei no km 200, tive muitas bolhas nos pés.
Porque fazer uma prova reconhecidamente difícil como a Chauás 300 Km?
José Fernando: O objetivo principal de participar dessa prova foi a preparação para o Ecomotion 2012. Ver se era isso mesmo que queríamos, ter uma idéia mais próxima de como será o perrengue.
Danielle: Acho que conseguir terminar uma Chauás 300 é um desafio e uma superação para qualquer corredor de aventura e isso é mais que um motivo!!!
Fabio: Acredito que corredores de aventura que se mantém no esporte gostam de se superar constantemente, em desafios desconhecidos que colocam não só a sua capacidade física em prova, mas principalmente seus julgamentos e decisões, que se multiplicam quando se corre em equipe. Apesar de nossa pequena experiência reconhecemos que a Chauás 300 representa isso de forma integral, por isso nos “jogamos” com muita vontade.
Fernando: Pelo desafio de completar a prova. Pelo vontade de colocar em check o meu treinamento, o meu psicológico. Comecei correndo corridas curtas de 50km e naturalmente a vontade de fazer provas maiores foi surgindo.
Logo no começo da corrida vocês já estavam na liderança. O que acham que os levou para a frente do pelotão?
José Fernando: Batemos no PC02 em primeiro. Havíamos estabelecido uma estratégia inicial: fazer uma portagem. Sabíamos que existia um rio, mas não tínhamos certeza que era navegável. No momento que passamos por ele a Aroeira, que estava a poucos metros à nossa frente, optou por voltar e pegar o rio. Isso nos deixou um pouco inseguros, mas como eu estava na navegação, pedi calma à equipe e disse que essa era nossa estratégia e deveríamos respeitá-la. Deu certo.Ter participado da Haka Expedition há um mês atrás nos ajudou na primeira trilha. A navegação neste trecho foi muito boa também nas partes que não conhecíamos.
Danielle: Mantivemos um ritmo bom e essencialmente a navegação foi definitiva
Fabio: Em primeiro lugar a navegação mesmo, mas em conjunto com uma característica que a meu ver desenvolvemos durante alguns treinos e na própria corrida. Todos navegamos, alguns mais, outros menos, dependendo da situação, e buscamos reconhecer quando estamos falhando para pedir ajuda ao companheiro.
Ferando: Um mix de estratégia, ritmo e calma na hora de navegar. Temos 3 navegadores na equipe, o que nos permite atenção triplicada e opiniões diversas sobre cada atitude que tomamos. Acredito que o ponto forte é a flexibilidade de cada um em escutar a opinião do outro na tomada de decisão. Pensamos sempre no resultado final, seja ele chegar em um PC ou ganhar uma prova. Com isso prevalece o espírito de equipe e conseguimos andar bem e juntos.
Correr na frente não é fácil e vocês ficaram ali por grande parte do percurso. O que pensavam quando assinavam a planilha em primeiro lugar?
José Fernando: Quando assinava a planilha eu pensava: tem muita corrida pela frente. E procurava não transmitir nossa colocação para o restante da equipe para não causar esse desequilíbrio comum. Eu queria manter a concentração na navegação e estratégia. Lógico, no decorrer da prova foi inevitável que todos soubessem que estávamos liderando. Até eu, que não gosto de saber dos adversários durante a corrida, queria saber o que acontecia: quem estava atrás e qual o tempo. Logo no início de cada corrida eu sempre falo para o pessoal manter a concentração e procurar dar o melhor de si. A competição é sempre contra nós mesmos e o resultado é mera conseqüência.
Danielle: Certeza que estamos em primeiro? (risos)
Fabio: "Precisamos continuar em frente, se pesar, diminuímos o ritmo"
Fernando: Desde a largada focamos em fazer nossa corrida, sempre com o objetivo de terminar a prova. Naturalmente com o ritmo que colocamos o resultado foi aparecendo. Estabelecemos um ritmo confortavel para todos e fomos fazendo ajustes de ritmo e ajudando uns aos outros durante os trechos mais difíceis.
A estratégia que montaram continuou a mesma ou os objetivos mudaram no decorrer da prova?
José Fernando: Nosso objetivo sempre foi terminar a prova sem corte. Quando alcançamos, procuramos manter a liderança. A estratégia se alterou principalmente no que diz respeito ao sono.
Danielle: Acho que o objetivo sempre foi de terminar a prova, sem se preocupar com as outras equipes. E isso até o fim!
Fabio: A principal estratégia mudada, que foi emergencial, foi a de sono. Em princípio dormiríamos no PC10 (corte). Como começou ameaçar chuva, estava claro e estávamos nos sentindo bem, resolvemos seguir em frente. A partir daí quando chegamos no PC11 começamos a ficar confusos (já escuro e com muita chuva), porém não achamos condições para dormir e continuamos em busca do PC12. A esta altura estávamos com a dupla de amigos Vavá e Talita. Então começaram as alucinações, pegar caminhos errados, ter cochilos na bike, frio e hipotermia, até pararmos num posto para dormir por volta das 2:30 da manhã. Nos jogamos no chão sem pensar em tempo e dormimos por umas 3 horas e meia. Depois seguimos para todo o resto da prova.
Fernando: Seguimos nossa estratégia até o PC 12 onde vimos que as equipes estavam perto de nós. Do 18 para frente estabelecemos um ritmo mais forte tentando evitar que chegassem mais perto.
Quais foram as maiores dificuldades para vocês?
José Fernando: Sem dúvida nenhuma o sono e o frio do segundo dia.
Danielle: Lidar com o sono e no meu caso, acabei torcendo o tornozelo no primeiro dia. Isso acabou dando uma abalada no psicológico, aquele medo de atrapalhar a equipe, etc
Fabio: Lidar com as decisões e com espírito da equipe durante esse "dark zone" do PC11 ao PC12.
Fernando: A maior dificultadade para mim foi o trecho entre o PC 10 e 12, onde estávamos sem dormir há 40 horas e por engano pegamos um trecho muito longo que nos levou à entrada do Parque da Serra na Rodovia Osvaldo Cruz. (n.e: Núcleo Virginia).
Passamos muito frio, usamos os cobertores de emergencia, estávamos comendo tudo o que tinha para permanecermos fortes, com muita chuva e muita subida. Não dormir foi um erro estratégico, onde deverímos ter dormindo antes de sair do PC10. A união de sono, frio, chuva e um percurso mais longo nos prejudicou com relação ao tempo que perdemos neste trecho, dando a oportunidade para as outras equipes chegarem.
Vocês participaram há pouco tempo do Haka Expedition. Isso pesou na Chauás? Negativamente (como cansaço físico, por exemplo) ou positivamente (como ritmo de prova e experiência maior em correr em grupo em prova mais longa)?
José Fernando: Aqui vale um esclarecimento. A Guanacos participou sim do Haka Expedition. Na AKSA montamos duas equipes: uma mais forte e outra mais fraca. Em teoria a mais forte era a Guanacos (onde da formação da Chauás correu a Dani e o Fabio), e a mais fraca, Raposa, onde corri com a Ligia Ribeiro (da Guanacos). A Dani e eu corremos várias provas juntos, assim como o Fabio e o Boccia. Nos conhecemos muito bem, temos um pensamento muito parecido. Eu fiquei na equipe mais fraca pois dia 20/08 no Trófeu SP de Campinas eu torci o tornozelo e rompi o ligamento. Tive todo um período de recuperação e reabilitação para voltar a correr, e neste momento ainda não estava no 100% da minha forma física. A Expedition de qualquer forma foi uma preparação para a Chauás 300 e por este motivo não foi tão fatigante, estávamos preparados e treinados.
Danielle: Acho que a Expedition foi essencial para ver que dá para manter um ritmo forte durante toda a prova! Alguns detalhes você só pega em corridas longas, como alimentação, sono e, principalmente, de aceitar ajuda da equipe quando necessário. Na Chauás os meninos me ajudaram muito e sempre dividiam a navegação quando um estava mais cansado, sem discutir em nenhum momento.
Fabio: Para mim foi apenas positivo, exatamente nesse sentido de encarar uma prova mais longa em equipe. Fisicamente deu para equilibrar bem os treinos, com a experiência do Daniel Franquin, é claro, e chegar inteiro para a prova
Fernando: Eu fiz 3 provas este ano e nenhuma prova grande e acredito que estava sem ritmo de prova para a Chauás. O bom foi estar de cabeça tranquila com campeonato ou posições e com a despreocupação em pontuar e apenas fazer uma boa prova e curtir os amigos.
Danielle Nagaoka, Fabio Cerávolo, Fernando Boccia e José Fernando Paiva
Em que momentos vocês perderam a liderança da corrida?
José Fernando: Perdemos inicialmente no trecho de trekking para o PC04, onde a navegação estava bem complicada, e no trekking para o PC17, onde pegamos uma trilha errada e insistimos muito no erro.
Danielle: Acho que a estratégia de sono foi ruim. Chegamos no nosso limite e com isso o ritmo ficou mais lento e a navegação foi prejudicada. Paramos para dormir antes do PC 12 e nesse momento descobrimos que ainda estávamos em primeiro, porém pouco tempo na frente dos outros quartetos. Mas erramos a trilha para o PC17 e nesse momento perdemos a liderança.
Fabio: Do PC3 para o PC4 e depois acredito que somente após o PC16, quando caímos para terceiro e voltamos para o segundo lugar.
Fernando: Se não me engano até o PC3 estávamos entre os 3 primeiros, depois assumimos a liderança até quase no final da prova. Acredito que o PC16 foi crucial. Chegamos nele em primeiro e lá não achamos a trilha de primeira, perdendo pelo menos uma hora em uma trilha muito dificil, cheia de bambus e arame farpado.
Faltou experiência para se manter na frente ou foi simplesmente fatos normais da corrida de aventura (como pneu furado, erro de navegação)?
José Fernando: Não acredito que a pressão de outras equipes próximas tenha nos abalado. Faltou sim experiência, mas com relação ao sono, que acredito ter sido o grande vilão da nossa prova. Nossa programação era para dormirmos no PC12, mas não tínhamos condições de chegar até ele e isso nos gerou inúmeros problemas.
Danielle: Acho que ver as equipes coladas só me ajudou a esquecer o cansaço, a dor e a aumentar o ritmo. Acho impossível não criar uma expectativa de ganhar a prova, mas em nenhum momento esquecemos que estávamos ali para completar e fazer a nossa prova, independente das outras equipes. E na corrida de aventura já aprendi, o resultado pode mudar até o fim, então "cabeça no lugar!"
Fabio: Nos mantivemos focados o tempo todo. Alguns erros da navegação fantasmagórica noturna do PC11 ao PC12 e a entrada na trilha errada (com muita cara de certa) após o PC16, nos tomaram muito tempo, o que culminou com a perda de duas posições. Ao descer do PC17 encontramos a Competition Aroeira há 25-30 min atrás da gente. Nesse momento resolvemos acelerar o ritmo, que já estava ficando pesado, pelo menos até pegar as bikes e depois demos uma nova controlada e nos mantivemos assim até o fim, quando encontramos a Papaventuras a caminho do PC virtual 19.
Fernando: A pressão na verdade nos ajudou a melhorar o ritmo. Acredito que o sono nos atrapalhou na tomada de decisão. Acabamos errando alguns trechos e as outras equipes conseguiram chegar mais perto.
Ganhar a vaga para o Ecomotion Pro era um dos objetivos ao participar da Chauás?
José Fernando: Definitivamente. Jamais tínhamos pensado em ter qualquer tipo de chance de disputar essa vaga.
Danielle: Acho que o grande objetivo era terminar essa prova e sentir a equipe numa prova longa e sim, pensar no Ecomotion. Mas estar entre os 3 primeiros confesso que não tinha pensado, não.
Fabio: Era uma vontade muito grande, mas estabelecemos que isso não seria foco, pois poderia nos atrapalhar.
Fernando: A principio só um sonho.
E agora que estão com a vaga na mão, os treinos mudam?
José Fernando: Sim. Os treinos e nossa preparação serão totalmente direcionados ao Ecomotion, com certeza um grande sonho de cada um de nós. Confesso que se não tivéssemos ganhado a vaga, eu desistiria de participar do Ecomotion.
Danielle: Com certeza! O grande objetivo agora é o Ecomotion. Acho que qualquer oportunidade de treinar junto vai ser importante daqui para frente. E o Dani (AKSA) com certeza vai saber como nos treinar!
Fabio: Mudam muito. Estamos muito felizes com esse presente e acredito que se tornou o foco principal de todos nós.
Fernando: Acredito que se intensificam. Teremos de pensar na logistica de uma prova de grande porte e chegar bem treinado para novamente focar em terminar a corrida.
Quais os próximos desafios até o final do ano?
José Fernando: Como falei, eu e o Fabio estamos disputando o Circuito Haka Race e temos a última etapa marcada para Salesópolis no dia 03 de dezembro.
Fora isso pretendo participar com minha noiva, Renata Jaen, da última etapa da Chauás em Peruibe, para curtirmos e encerrar o ano.
Danielle: Bom, tenho que cuidar do tornozelo agora, então não sei se estarei pronta para a Haka de Salesópolis e para a Chauás Peruíbe, mas espero estar bem para a minha 10ª São Silvestre.
Fabio: Eu e o Fernando (José Fernando Paiva) disputaremos como dupla a última etapa da Haka Race, depois começa a epopéia Ecomotion Pró 2012.
Fernando: Terminar a construção da minha casa e continuar treinando para o ano que vem completar o Ecomotion!
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