ARWC 2011 - 515 de 733 km, 92h30 para os primeiros colocados
Na manhã desse domingo, 6/11, às 5h31 (final da tarde de sábado no Brasil) começaram a chegar as primeiras equipes no PC 41 de 53 no total. Aqui em Farquars é a transição da MTB de 150 km para a canoagem de 75 km (com 12k de trekking no meio).
A prova já está em sua parte mais expedicionária desde o "midcamp" em Strahan, que aconteceu para as primeiras equipes há cerca de 40h atrás. A partir dali começava o trekking mais difícil da prova com 65 km de areia, dunas, floresta e montanhas. Os check points, ao estilo de provas de orientação estavam escondidos e o mapa satelital não oferecia muitos detalhes. Mesmo excelentes navegadores tiveram problemas lá durante o dia, tornando a tarefa de quem passaria a noite praticamente impossível.
.jpg)
Seagate foi a primeira a sair do midcamp e manteve a liderança por todo o trekking e MTB seguinte. Team Silva fez ótima navegação e se aproximou bastante, mas problemas estomacais nos 4 integrantes os mantiveram fora da liderança enquanto o outro time sueco tomava o segundo lugar. A Team Thule não teve problemas de navegacão no longo trecho de montain biking que viria a seguir, 150 km com muitas subidas no início e muito empurra bike devido ao terreno. Os dois times dormiram mais de uma vez no MTB, que durou mais do que as 11h30 horas previstas.
Mantendo a liderança (física, já que têm uma punição de 4h a serem pagas na última área de transição), a Seagate chegou com 3 minutos de vantagem sobre a Thule, precisamente às 5h31. As duas equipes pareciam extremamente cansadas, especialmente o time neozelandês que vem tendo problemas com o câmbio da bike de Cris Forne. Trocaram de roupa, guardaram as bikes nas caixas e foram imediatamente dormir 1h30 antes de partir. Cada atleta escolheu seu local e dormiram espalhados pela AT, que é apenas um pequeno gramado no meio da estrada.
Também cansados mas provavelmente animados por assumir a liderança da prova, a Thule fez transição em 52 minutos e saíram dispostos a não pararem de remar durante todo o dia. Há dark zone no rio entre 19h30 e 6h da manhã, por isso nenhum time deve conseguir completar essa perna em apenas um dia.
Três horas depois chegou a Silva em terceiro. Muito mais bem dispostos, fizeram transição em 30' e saíram carregados para os 6km de trekking para acessar o rio. Para se ter uma ideia, chegaram 9h24 no PC 41 mas só começaram de fato a remar as 11h30.
As equipes tem de passar pela ponte no mesmo local onde começa a canoagem para chegar ao PC 41. Ou seja, ir 6k de bike para finalizar o trecho e voltar essa distância de trekking para só então começar a remar. Já faz 45 min que a Silva entrou na água. Portanto eles tem no mínimo 3h de vantagem para o quarto, que pode ser a Adidas Terrex (britânicos campeões em 2009 em Portugal), Merrel (sul-africanos vice do XPD do ano passado) ou Blackheart (australianos bicampeões do evento nacional). Tudo a depender da sorte, exaustão ou navegação (im)precisa.
Falando nisso, quem finalmente apareceu na quarta posição foi AXA, também suecos (3 times entre os 4 até aqui), 1 h depois da Silva começar a canoagem. Não sabiam que estavam em quarto. Muito cansados e com o integrante Michael Lindnord sangrando no rosto. Esse realmente da sangue em suas provas, haja visto no Ecomotion 2009 quando correu com Oskalunga.
Por isso esse esporte é tão apaixonante. Nada está decidido até o final da prova. Craig Bycroft, organizador da prova, em entrevista esta manhã, após assistir às três transições, afirmou que espera o vencedor na segunda-feira a noite (manhã de segunda no Brasil) em um total de 132h para o novo campeão mundial.
Você arriscaria um palpite sobre quem será o vencedor? Ainda faltam 36 horas e tudo, tudo mesmo, pode acontecer !!!
PS - no local que estou não tenho notícias de Oskalunga nas últimas 24h. Certamente só chegarão aqui amanhã dado os tempos dos 4 primeiros.
 |
Alexandre Carrijo é corredor de aventura e organizador do Brasilia Multisport - bms.vivabrasilia.com. Ele está na Tasmânia acompanhando o AR World Championship 2011. |
