Pensando e tudo que passamos só me vem uma palavra na cabeça: SUPERAÇÃO.
Realmente nunca fizemos uma prova tão dura. Dura fisicamente e mentalmente, pois além dos fatores normais de uma corrida de aventura largamos embaixo de chuva e muito frio e sem equipe de apoio, já que havíamos contratado o apoio da organização da prova, ou seja, sabíamos que cruzaríamos nossa caixa algumas vezes. A organização foi impecável, mas não teríamos aquele mimo de um apoio, uma comida quentinha, um chazinho quente... pequenos detalhes que fazem diferença nas condições climáticas que se apresentavam...
Confesso que nessa prova eu chorei algumas vezes... (alguém se identifica ??!!! hehehe)
Assim que largamos já tínhamos em mente que o trecho de bike ia ser longo e o que mais pegaria era a navegação. A maior preocupação era chegar no PC5 com a cabeça boa para o Vavá fazer o mapa e montar a estratégia da segunda parte da prova que era uma incógnita...
O pedal até o PC3 foi ritmado, sem muitas disputas, estávamos focados em seguir sem nos preocupar com os outros. Sabemos o nosso ritmo mas nosso problema começou no primeiro trecho de canoagem. O vento forte criava marolas e intensificava o frio; o Vavá de bermuda e camiseta começou a ficar com hipotermia, ele não conseguia coordenar a fala e assim que chegamos no PC5 estávamos encharcados e com muito frio e infelizmente com a nossa caixa limitada de equipamentos, male tínhamos uma toalha para nos secar... Perdemos muito tempo ali tentando nos aquecer e demorou bastante para o Vavá voltar a coordenar os pensamentos e focar no mapa... Literalmente invejamos as outras equipes que tinham apoio, tendas secas e bebida quente... Até o nosso contact estava encharcado dentro da caixa, sufoco total...
Assim que finalmente conseguimos encapar o mapa e sair do PC5, o Vavá ainda não conseguia coordenar muito o pensamento. Íamos e voltávamos ali nos cruzamentos das ruas tentando decifrar qual seria a saída correta do PC... Em um pequeno momento de lucidez ele lembrou que havíamos esquecido as lanternas da bike e voltou de novo para a caixa pra pegá-las, foi um parto conseguir sair dali...
A MTB continuaria até o PC8... A navegação estava difícil mas o pedal em si estava fluindo... Infelizmente demos uma vacilada de meia hora em um erro de navegação por causa dos aquedutos... No PC7 caímos para a 17° posição devido ao erro. Nessa hora desanimamos bastante mas seguimos e nem imaginávamos o PERRENGUE que íamos pegar para chegar no PC8, um push bike fenomenal e interminável em uma trilha super fechada com mato enroscando na bike a todo momento, e foi exatamente ali que anoiteceu... Muito difícil, literalmente saímos MOIDOS deste trecho... Ali eu chorei pela primeira vez...
Com uma colocação desanimadora, nos abastecemos na caixa e saímos para o treking, era um alivio não ter que empurrar mais a bike.
No meio da descida da serra encontramos a Competition. As trilhas estavam um caminho de rato e o Tumang e o Vavá estavam fazendo uma navegação meio que em conjunto e assim seguimos juntos até lá em baixo, foi quando nos deparamos com o rio com uma correnteza absuuuurda, rio este que teríamos que atravessar... Juntos ficávamos pensando estratégias para atravessá-lo. Como tinha um barquinho ali ao lado estávamos cogitando usá-lo e depois o Vavá trazer o barco de volta, nadando...
Pensadas todas as possibilidades e claro, todas impossíveis, a única plausível que sobrou era que para continuarmos teríamos que enfrentar a correnteza mesmo. Primeiro tentamos fazer uma corrente humana para enfrentar a correnteza, mas no trecho que o rio não dava pé estava impossível, pois precisávamos dos braços para nadar... ficamos meio que desenganados ali na margem. O Vavá que já foi nadador estava preocupado comigo, pois ele se garantia, mas eu comecei a chorar, eu estava literalmente em pânico na situação... Foi quando veio a LUZ!
O solo Fabio Sant’anna chegou ali neste ponto e se jogou na água! LOUCO foi o que pensei! Mas foi providencial surgir esse cara com sobrenome de santo! Apesar da correnteza ele conseguiu ir nadando e logo colocou o pé no chão perto da outra margem, ou seja, somente um trecho do rio não dava pé, um trecho pequeno, isso gerou um alivio geral e incentivou a todos a fazer o mesmo. Chorando e em pânico eu fui, gritei por socorro, chorei muito, o Vavá me ajudou mas é uma lembrança horrível que eu quero ESQUECER! Me recompus já na outra margem e dali aceleramos e começamos a trotar para chegar na canoagem antes do corte.
Na minha cabeça ia ser uma canoagem rápida de duas horas e meia, LEDO ENGANO! Entramos em sétimo na água e encaramos um remo longo, LOOOOOGOOOO e interminável e essa foi a nossa sorte! No final do remo avistamos duas equipes, a ARS (dupla masculina) e a Lebreiros (dupla mista) isso nos incentivou a remar mais forte e galgar nosso espaço no topo do pódio. Remamos muito forte esse final e ultrapassamos os dois e precisamos de superação para terminar a prova correndo, conseguimos ultrapassar mais uma dupla masculina neste trecho (Irmãos Metrilhas) e já na praia avistamos a outra dupla masculina (All Nature Adventure).
Fomos encostando neles mas estávamos correndo no mesmo ritmo, confesso que naquele momento eu não queria estar na pele deles, é mais fácil perseguir do que ser forçado a fugir, hehehe. Acho que o meu lado sádico falou mais alto ali pois eu sinceramente não sei como, depois de tudo que eu havia passado, estava conseguindo correr, mas claro que nesse momento o Vavá estava me puxando, o elástico esticadinho e ele feliz da vida... na saúde e na doença, na alegria e na tristeza... hehehe
Finalmente cruzamos o pórtico de chegada, literalmente fizemos uma prova de superação, fomos galgando as posições pouco a pouco, chegamos em quarto da geral e primeiro das duplas mistas! Que alivio que felicidade!!!!
Quando os meninos da All Nature viram que era uma dupla mista chegando ficaram mais aliviados pois não queriam perder o topo do pódio masculino... e falaram que ainda vão dar o troco em nós, que eles levaram um baita susto!!! Demos muita risada com todos os perregues e felizes por terminar essa duríssima prova muito bem colocados! O Léo fez uma prova fenomenal!
Que venham muitas outras!
Talita Margonari Lazzuri
Equipe AKSA
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