Se pudéssemos definir nossa participação na excelente prova de Alagoas válida pelo CNA, a Arrasta Pé, em apenas uma frase, com certeza seria esta logo acima. Tanto é que nos auto-apelidamos de OS TRAPALHÕES e este relaese será um pouco diferente dos que a galera costuma escrever, já que não ganhamos a prova, mas nos divertimos tanto como a muito tempo não nos divertíamos.
Trapalhada 01: Eu (Gaiamum, ou Didi Mocó), e Helio (Mussum, pois está meio gordinho), partimos de Maceió de carro, enquanto Débora (Zacarias) e Naru (Dedé) nos encontrariam no local da largada. Como tinha almoçado meio dia e já eram onze da noite, resolvi comer bastante antes da largada pra não sofrer durante a prova de hipoglicemia, portanto, foram quatro fatias de pizza de calabresa e dois mistos preparados pelas simpáticas garotas do staff da prova, fora a coca e os gatorades. Pensei comigo mesmo: quero ver sentir fome agora, hahahahaha!
Dada a largada, 30 km de bike em asfalto sem ladeira, ritmo alucinante e de repente, não conseguia pedalar. Afrouxei a barrigueira da mochila, tentei ficar mais ereto na bike e nada. Minha respiração disparada assim como meu coração, minhas pernas completamente paralisadas e bateu o desespero. Ainda assim chegamos apenas quatro minutos atrás dos líderes e partimos para uns cinco km de trekking. Pra meu infortúnio, a agonia persistiu e eu não conseguia levantar os pés do chão, correndo e arrastando-os.
Foi quando Zacarias, Mãe Lôra, olhou pra minha barriga e gritou assustada: Didi, você engoliu uma melancia foi? Estava sofrendo de uma indigestão como nunca tinha experimentado, mas mesmo assim, ultrapassamos uma dupla antes de pegarmos os caiaques.
Trapalhada 02: Não demoramos na transição e partimos no encalço da equipe líder. Remamos uns cinco minutos quando Dedé (Naru) grita: o mapa está com alguém? Como assim Dedé? Era pra estar com você. Lá vai a dupla Dedé e Zacarias voltar até o PC pra buscar o mapa que ficou jogado no chão. Enquanto isso, eu e Mussum aproveitávamos para... comer.
Chegamos ao final da perna de remo bem próximos dos Kabas e pela frente, mais trekking até as bikes. Consegui me livrar de um grande peso extra (e não estou falando de nenhum equipamento, se é que me entendem) e me senti infinitamente melhor, puxando o ritmo do trekking em busca do PC 04.
Trapalhada 03: Na agonia de encostar nos Kabas, deixamos que a caipora nos cegasse e chegamos a estar a uns 300 metros do PC 04, quando resolvemos voltar um bom pedaço. Desorientados, rasgamos mato, mangue, charco e tudo o mais que havia pra rasgar e no final das contas, percebemos que não fazíamos a menor idéia de onde nos encontrávamos. Já estávamos pensando em voltar até próximo do PC 03 pra nos orientarmos quando passou um local que foi quase agarrado por quatro famintos e sedentos trapalhões. Quando interpelado sobre o local, deu uma risada e apontou pra trilha e disse, voltem por onde vocês vieram que era lá mesmo.
Quase sem acreditar, voltamos bem desanimados e finalmente achamos o PC 04 que tratou de tirar o maior sarro da nossa cara dizendo que já estava pensando em ir nos resgatar. Estávamos só em último colocado geral, quarenta minutos atrás da penúltima equipe, uma dupla.
Rimos pra não chorar e partimos resignados com nossas trapalhadas em busca das bikes. Quando chegamos no AT, alcançamos a primeira dupla logo à nossa frente e isso deu até uma animadinha. O trecho de bike era dentro de fazendas e canaviais e não sabíamos se isso nos alegrava ou assustava, pois já tínhamos errado tanto que estávamos desconfiados de nossa navegação. Não tivemos maiores dificuldades pra bater o PC virtual, mas depois deste, Dedé levou uma queda bem feia da bike e deu uma baita narigada em seu guidom. Quando cheguei pra ver, havia sangue pra tudo quanto era lado e Narinho não conseguia se levantar. Tentei ao máximo transparecer calma, mas estava apavorado e Mussum (Hélio) tratou de assumir os cuidados com nosso capitão.
Pra nossa sorte, estávamos perto de uma casa com energia elétrica e os moradores nos deram gelo e água de sobra pra limparmos o ferimento que depois de limpo, se mostrou bem menos grave, já que era só no nariz. Recuperados do susto, partimos rumo a um estradão que nos levaria à cidade de Porto de Pedras. Ao chegar neste, Dedé resolveu dar um corte por dentro das fazendas que nos economizaria uns seis quilômetros, mas acabou sendo uma péssima idéia, pois o terreno era de difícil progressão. Largamos as bikes já em segundo nos quartetos, porém só conseguimos tirar meia hora dos Kabas que estavam a duas horas e meia de frente.
Trapalhada 04: Partimos então resignados para um Bike’n Run de gigantescos 20 km e curtimos bastante, conversamos, demos boas risadas. Narinho virou zumbi, paramos pra dormir (embora eu não tenha conseguido pregar os olhos devido ao frio) e finalmente chegamos no último PC, transição para 30 kms de remo até a fazenda da chegada.
Com a correnteza à nosso favor, imprimimos um bom ritmo e depois de mais de duas horas de remo, resolvemos tirar um chochilo, pois ninguém conseguia deixar os caíaques em linha reta. Quando acordamos, não percebemos que a correnteza tinha virado a proa do caíaque exatamente para o PC em que começou o remo e, que nem abestalhados, remamos no sentido contrário. Eu ainda estranhei a perda de velocidade e cheguei a comentar com Mussum, mas não demos muita importância.
De repente, luzes, muitas luzes. Uma cidade se descortinou na nossa frente. Oxe, não estávamos indo para uma pequena fazenda? Que diabo de cidade é essa? Foi quando lembramos de uma coisa chamada bússola e resolvemos verificar o azimute e pra nosso total desespero, havíamos voltado tudinho, tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuudo mesmo até o PC de origem.
Dessa vez não achamos graça nenhuma pois o que era pra ser 30 havia se transformado em 60 quilômetros de remo. O dia nasceu, a mão parou de doer, voltou a doer, parou de doer e começou a doer as costas e nada de chegar na maldita fazenda. Até que chegamos e aí sim, demos muitas risadas e mudamos nosso girto de guerra de SOCA A BOTA MAKAIRA para OWWW DA POLTRONA, OWWW PSITEEEEEEEEE!
Gostaríamos de agradecer a toda organização do CNA Alagoas pela belíssima prova. Parabenizar os vencedores, Oskabas nos quartetos e Jackson e Barbosa nas duplas. Foram momentos do mais puro perrengue onde nossa união e prazer em viver essas aventuras foram cruciais para que não desistíssemos. E claro, um muito obrigado mais uma vez aos nossos patrocinadores, MILLENNIUM e SOCOCO que nos proporcionam todas essas aventuras.
Gustavo Chagas (Gaia)
Millennium Socôco Makaíra
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