Relato de uma estréia em Corridas de Aventura

Por Redação - 27.Sep.2011

Por: Fabio Alessandro Uez

O início em qualquer atividade sempre é muito dificil, ainda mais quando a preparação não é adequada às exigências e principalmente tratando-se de Corridas de Aventura. Uma boa condição física associada à prática de esportes (preferencialmente de aventura) é fator "quase obrigatório". Desafiando limites e buscando superação a equipe FC Adventure fez sua estréia no cenário Gaúcho. Contrariando o fator da quase obrigatoriedade que a prova impõem por suas dificuldades naturais, resolvemos nos inscrever, com muitas dúvidas a serem sanadas em relação a corrida, com imensa curiosidade, ligeira apreensão ao que nos esperava e como nossos corpos e mente iriam reagir frente aos obstáculos futuros. Com pouco tempo livre para treinar, nos concentramos em conseguir deixar pelo menos os equipamentos em dia e corretamente preparados para a prova.

Um "banho de loja" em nossas surradas bikes foi o começo. Recursos financeiros limitados, porém suficientes para que os ajustes necessários nos desse a confiança de não ficar pelo caminho com as "magrelas", a não ser que ocorresse algum imprevisto (o que é comum e até de certa forma esperado nas Corridas de Aventura). Na sequência, investimento na compra de materiais de uso pessoal: luvas, capacetes, roupas, mochilas... sempre respeitando o limite orçamentário, porém roubando mais moedas do porquinho para essas compras do que em relação as bikes, pois não tinhamos nenhum equipamento. Cada compra uma expectativa gerada: não vai cair o capacete? Não vai dar bolha nos pés? A mochila é forte? O material é o melhor? Mesmo com um bom tempo gasto em pesquisa para buscar detalhes de como "funciona" uma prova deste tipo e como seus aventureiros participam, nossas dúvidas permaneceram até o dia do evento. É importante registrar que tudo isso descrito ocorreu 3 dias antes da competição...

FC Adventure

Buenas, chegou o tão esperado dia. Não imagina-se que a noite anterior foi de tranquilidade, pelo contrário, a excitação era tão grande que dominou o sono. O Charles mal dormiu enquanto que eu voltava de madrugada de um aniversário.... No horário marcado antecipadamente nos encontramos e fomos ao local do evento. No caminho, muitas táticas elaboradas e um sorriso inconfundivel a cada carro que  passava carregando bicicletas no suporte... o clima já estava esquentando, estava chegando o grande momento.

Buenas, chegamos... e agora? Não podemos voltar atrás... Segue o baile, retirada dos kits, mais dúvidas, mais perguntas, mais apreensão, mais excitação, mais tudo... Foto pra cá, foto pra lá (aproveitando que ainda estávamos inteiros) e fomos para o local da largada que se daria através do Rafting. No trajeto de caminhão que nos levaria até o local da largada, uma subida quase de 90° passou desapercebida devido ao entusiasmo.

Béééééééééé buzina que indicava ser nossa vez de entrar na água e remar 8 km rio abaixo. Já tinhamos experiência no rafting e por isso essa parte era considerada a mais fácil... na teoria, pois na prática remar contra o tempo foi cansativo. O rio estava baixo e com isso exigindo muita técnica e concentração para escolha do melhor caminho. Quase ficamos encalhados em duas ocasiões, porém superamos e chegamos grudados com o bote da frente que havia largado 1 minuto antes. Na sequência a 1ª parte tão esperada e planejada por nós: Transição bote / MTB.

Troca de tênis e lá fomos nós para 7 km de MTB, antes porém, enfrentamos "aquela" subida comentada anteriormente de ilusórios 90°. O que antes havia passado desapercebido tornou-se assustador, mas o pior ainda estava por vir. Após uma breve descida pela estrada de chão, um desvio aguardava os competidores, quase insuportáveis 6 km de morro acima na Serra da Canastra, tão ingreme que pedalar era impossivel, empurrar sem vergonha foi ordem de lei.

No meio do trajeto a noite mal dormida começou a fazer efeito. O remédio veio com uma água estupidamente gelada que corria pela lateral em um córrego morro abaixo, bendita água (salve a natureza 1). Aquilo renovou nossas forças e chegamos na transição da bike para o RUN, 5 km por trilhas de belezas que nos fazem esquecer qualquer dor e/ou cansaço (Salve a natureza 2).

Nesta etapa nossa equipe conseguiu um excelente tempo, porém os imprevistos tão temidos nos pegaram um pouco antes da transição RUN / MTB. Uma lesão no meu músculo Vasto Medial nos deixou tenebrosos. Eu conseguiria suportar a dor até a chegada faltando ainda 8 km de Bike? Seguindo o lema da equipe Adiante sempre/Desistir jamais continuamos após alguns minutos de alongamento e hidratação.

O trecho foi muito dificil, estreito e com muitas pedras grandes e soltas pelo caminho. Pode-se dizer que o local era quase impraticável para uso de bikes. Quase. Para o FC Adventure não, conseguimos ultrapassar muitas equipes neste trajeto, realizando um tempo digno de categoria Pró. Mesmo com as dores musculares seguimos firme, pedalando forte e finalmente cruzando a linha de chegada com um tempo muito inferior ao esperado.

Muita alegria, vontade de chorar (de felicidade), mil coisas para contar, relembrar e de presente a notícia da 5ª colocação, resultado expetacular uma vez que não nos preparamos adequadamente/fisicamente. 

Como ficaram as dores ??? Que dor ??? No final tudo é alegria e a única coisa que se pensava era: Quando tempo falta para a próxima corrida... 
 
Fabio Uez
FC Adventure  (Fabio Uez e Charles Marcelo Kinast)
www.fc-adventure.blogspot.com

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