A 100ª Corrida de Aventura
Em abril de 1998, após retornar da Nova Zelândia onda havia competido em um Iron Man, fiquei sabendo que aconteceria no final daquele ano, a 1ª corrida de aventura no Brasil: EMA – Expedição Mata Atlântica.
O meu entusiasmo e inquietação foram imediatos porque poderia, então, realizar um sonho: participar de uma corrida de aventura, competição que eu via, fascinado, pela televisão e acompanhava em revistas especializadas de esportes de ação.
Finalmente aquela prova em equipe, realizada na natureza, composta por diversos esportes, sem seqüencia obrigatória de suas modalidades, estava a meu alcance.
Junto com o militar Admir Moraes e a triatleta Sabrina Magela, escolhemos o nome da equipe: Lontra Radical, em “homenagem” a um dos vários animais em extinção da nossa Mata Atlântica. Cada um de nós trouxe para a Lontra a sua contribuição: eu e a Sabrina procuramos transmitir a nossa experiência de treinamento vinda de 9 anos de triatlo, e o Admir a sua bagagem com a orientação em mapas e o trekking em matas. Corremos a EMA 1998, e conseguimos concluí-la na 7ª colocação.
Victor Lopes, Sabrina Majela e Admir Morais na chegada da EMA 1998
A minha 1ª experiência foi mais fascinante do que eu imaginava: o trekking e a bike noturnos na Mata Atlântica foram inesquecíveis, e a canoagem, com a canoa canadense, na represa de Paraibuna/SP, foi sensacional, surpreendente, principalmente porque a neblina no local não deixava que nossa visão ultrapassasse os 50 metros. Terminamos a prova em Ilha Bela/SP estafados, mas realizados.
No começo do ano 2000, corri com o Admir e o Rafael Campos o circuito Rumo´s do falecido Mário Lopes. Vencemos as duas etapas.
No meio daquele ano, Admir e Sabrina pararam de correr, e fui apresentado ao saudoso Luiz Antônio, com quem acabei por competir em 24 provas.
Veio 2001, e com o Luiz e a Rosangela Hoeppner corri o Desafio de Los Volcanes em San Martin de los Andes/Pucón: chegamos em 3º lugar.
No final de 2001, Luiz Antônio, Rafael Campos, Marina Verdini e eu corremos a EMA/Amazônia, e obtivemos a 2ª colocação (1ª equipe brasileira).
Decidimos, então, no começo de 2002 unir a Quasar, do companheiro Rafael, com a Lontra.
Luiz Antonio Barbosa e Marina Verdini (esquerda) e Rafael Campos e Victor Lopes Teixeira na EMA Amazônia 2001
Os anos foram passando, assim como os PCs (postos de controle) das corridas de aventura. Fui anotando as provas que participei, e em 27 de agosto passado, competi na Expedição Terra de Gigantes, em Paraty/RJ: minha 100ª corrida de aventura. Não conseguimos terminá-la, assim como havia acontecido em 20 corridas anteriormente porque, o infortúnio e o inesperado estão mais do que presentes em uma corrida de aventura. Mas apurei que subi em 43 pódios, sendo 24 deles na 1ª colocação.
Percebi que minha maior satisfação, acima das colocações obtidas, estava nas amizades e nos ensinamentos que cultivei na aventura: trabalho em equipe, superação, motivação e determinação. Ainda, tive a oportunidade de conhecer nosso país de cima a baixo, por dentro e por fora, mar adentro, e rio abaixo ou contra corrente: Amazônia (EMA/2001 e Kaluanã/2006); Sertão do Ceará, Piauí e Lençóis Maranhenses (ELF/2000); Natal/Pipa/RN (etapa Ema/nordeste 2001); Jalapão (Brasil Wild); Pantanal (Jogos Internacionais); Chapada Diamantina (Ecomotion/2004); Serra do Cipó (etapa Ecomotion); Florianópolis/SC (Camp e Ecomotion); Estado do Rio (Litoral); Estado de São Paulo (Litoral e Interior); Canela /RS (circuito das Hortênsias/EMA); e Vila Velha/ES (Desafio das Montanhas).
Luis Antonio Barbosa, Victor Lopes Teixeira, José Puppo e Rose Hoeppner - Rota Nordeste 2001
Tive experiências internacionais em Fiji (Eco Chalenge/2002), na Patagônia Argentina/Chilena (3 Desafios de Los Volcanes - 2001,2002 e 2005 e 3 Patagônia Expedition Race – 2008, 2009 e 2010), USA/Lake Tahoe (Primal Quest/2003), Portugal (XPD Race 2006) e Costa Rica (ARWS/2010).
Fabrizio Giovaninni, Victor Lopes Teixeira, Mark Burnnet (organizador), Marina Verdini e Rafael Campos - Eco Challenge Fiji 2002
Com meus parceiros e amigos de equipe, surgiu a oportunidade de representar diversas empresas, dentre as quais a Mitsubishi Motors. Continuo tendo o apoio, que vem desde 2000, da Academia Competition, que me cede suas instalações e profissionais para que consiga atingir o necessário condicionamento físico.
Dia 30 de agosto completei 53 anos. Constatei, naquele dia, que uma boa parte das emoções de minha vida decorreu da Corrida de Aventura. Não sei quando e nem porque pararei de ter a alegria de chegar a um PC ou a um AT (área de transição), e mais ainda de cruzar uma linha de chegada. Mas, sei que, após 13 anos competindo e depois de 100 provas, continuo tendo, por este esporte, o mesmo entusiasmo que tinha, quando descobri, na televisão, a Corrida de Aventura.
Victor Lopes Teixeira
Lontra Radical
