O mar foi o grande Desafio do Sertões

Por Wladimir Togumi - 16.Aug.2011

Não fosse o fato da água ser doce, os participantes do Desafio dos Sertões 2011 dificilmente se lembrariam que estavam remando em um lago. Aliás, no maior lago artificial da América Latina e um dos maiores do mundo. A distância entre as margens, as ondas e o vento simulavam as (piores) condições da canoagem em águas abertas e esse era o ingrediente para confirmar que o sertão virou mar.

As cidades de Pilão Arcado, Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Sobradinho e outros vilarejos foram submersos com o represamento do rio São Francisco com a construção da barragem de Sobradinho em 1977, criando um reservatório com cerca de 320 km de extensão e uma superfície de espelho d'água de 4.214 km2.

E com toda essa quantidade de água disponível, com certeza a canoagem seria a modalidade mais exigida e ponto alto da corrida e equivalente ao trekking na Serra do Mulato da corrida do ano passado.

A largada aconteceu em cima da Barragem de Sobradinho e os corredores de aventura partiram junto com os atletas da corrida cross-country, em um percurso inicial de 8 quilômetros. Próximo ao final do trecho os grupos se dividiam, com os aventureiros pegando um mapa complementar em escala menor e partindo em busca de oito prismas espalhados por uma montanha.

A equipe baiana Extreme mostrou serviço logo cedo e foi a primeira a terminar a seção de orientação e começar a canoagem na represa. Conhecida por ter fortes remadores, a equipe formada por Luciano Carvalho, Fernando Severino, Diana Lordelo e Clóvis Nunes em pouco tempo abriu uma boa distância de seus concorrentes.

Fazendo um ótimo começo de prova, a alagoana Ospato vinha em segundo lugar, enquanto o restante do grupo literalmente se espalhava pelo lago. O vento e as ondas dispersaram as equipes e era possível vê-las por todos os lados, cada uma fazendo um caminho diferente. Entre as duplas, Olhando Aventura e Atlas Brasil sairam juntas da água.

O balanço do "mar" também fez muita gente passar mal, diminuindo o ritmo das equipes e comprometendo as estratégias.

Já era noite quando a Extreme chegou para fazer o rapel na Serra da Pimenta. Enquanto aguardava a chegada dos atletas, os staffs das técnicas verticais puderam apreciar um belo pôr do sol no alto da montanha. E para continuar assistindo ao espetáculo da natureza, bastava virar para o outro lado e ver a lua cheia subindo lentamente para o céu. Lá de cima era possível ver também as grandes plantações de frutas para exportação, principal economia da região, cultivos possíveis graças às águas do Rio São Francisco.

Às 21h00 a Extreme voltou para as pegar os caiaques novamente e enquanto isso a Pelaskdo, formado por atletas de Juazeiro, estavam terminando a primeira seção!

E se a primeira seção de canoagem foi difícil, a segunda foi pior. A navegação era ainda mais difícil e o vento - contrário - estava mais forte. A Extreme foi a única a conseguir passar pelo horário de corte e completar a prova toda, mas mesmo assim não foi fácil. A equipe saiu para remar às 21h00, ficou encalhada, chegou no PC errado e teve que remar ainda mais para fazer o caminho certo, terminando a seção apenas na manhã de domingo, quando pegaram as bicicletas e seguiram para a chegada em Casa Nova.

Devido às condições climáticas, muitas equipes decidiram parar para a dormir a enfrentar as águas turbulentas da represa. A Caatinga Trekkers resolveu arriscar e depois de fazer muita força e não conseguir ir para a frente, decidiu voltar.

A Gantuá por outro lado conseguiu vencer as ondas, mas o vento a tirou da rota e a equipe remou muito mais do que devia, indo e voltando para o mesmo lugar e depois, seguindo para uma ilha que depois descobriram chamar Ilha do Tesouro, muito distante - e muito mais a sul - do local do PC que os atletas estavam procurando.

A prova foi difícil e exigiu força e técnica. A navegação também fez diferença. A Gantuá perdeu tempo na procura dos primeiros pristmas enquanto a Ospato perdeu a segunda colocação logo depois da canoagem, quando os atletas se perderam entre os PC's 4 e 5.

A vitória de ponta a ponta da Extreme foi merecida, ainda mais por ter sido a única a ter feito o percurso todo. Nas duplas a vitória ficou com a Olhando Aventura, que começou sua saga na sexta feira, quando o brasiliense Daniel Romero - companheiro de equipe de Arnaldo Maciel - foi parar em Juazeiro do Norte (CE) ao invés de Juazeiro (BA).

Quartetos
1 – Extreme Adventure Team
2 – Oskaba – Corte PC 13 e Chegada
3 – Insanos Millennium Adventure – Corte PC 13 e Chegada
4 – Ospato – Corte PC 11 e Chegada
5 – Nativos – Corte PC 09 e Chegada
6 – Pelaskdo – Corte PC 06 e Chegada
7 – Gantuá – PC 13
8 – Carranca – PC 12
9 – Kaaporas Pererê Adventure – PC 11
10 – Caatinga Trekkers – PC 11

Duplas
1 – Olhando Aventura BB Brindes – Corte PC 13 e Chegada
2 – Atlas Brasil H2O – Corte PC 13 e Chegada
3 – Calangos – Corte PC 11 e Chegada
4 – Eu Vou com o Advogado Aventureiro – Corte PC 11 e Chegada
5 – Carranca 02 – Corte PC 09 (ORG.) e Chegada
6 – Maré Alta – PC 12
7 – Só Nós Dois e Não Insista – PC 11
8 – Kaaporas 02 – PC 11
9 – Cavalo do Sertão – PC 09
10 – Gantuá 02 – PC 03

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