Às vésperas da 2ª Etapa do Circuito Brou Aventuras, a organização tem sido procurada por diversos atletas questionando o fato da organização estar planejando entregar os mapas da prova um dia antes, na sexta feira à noite.
O principal argumento deles é conhecido de todos os atletas de Corrida de Aventura: entregando o mapa um dia antes, os atletas (nem todos) vão consultar o Google Earth e ver todos os pontos da prova, facilitando (ou até mesmo eliminando) a orientação durante o percurso.
Pessoalmente, sou contra entregar os mapas um dia antes da prova, porque considero a orientação a parte mais importante de uma Corrida de Aventuras, e é exatamente esta modalidade que diferencia este esporte maluco e fascinante de outros em que basicamente apenas a força física faz chegar na frente. Foram muitas as vezes que participei de provas em que no fim, os atletas vencedores reclamavam que tinham participado de um triathlon ao invés de uma corrida de aventura de verdade.
Também já deixei de participar de provas porque a organização havia planejado entregar o mapa no começo da semana das provas, e então fiquei completamente desanimado, exatamente por saber que outros atletas teriam a chance não só de ver o percurso no Google Earth, mas também com certeza poderia haver algum mais "esperto" que até mesmo fosse fazer uma visita ao local da prova.
Acho que essa é uma discussão muito importante para nosso esporte, porque envolve questões muito grandes: ética, vontade de vencer a qualquer custo e levar vantagem sobre os outros. Em minha vida pessoal, a ética sempre é o valor mais importante, e o desejo de vitória nunca foi capaz de me fazer enganar os outros. Pior que tudo é enganar a si mesmo.
No começo deste ano participei do Tierra Viva na Argentina, prova expedicionária em que a organização entregava os mapas apenas para um trecho da prova, e os seguintes iam sendo distribuídos a medida que avançássemos no percurso. Achei esta uma boa estratégia da organização, porque além de impedir os "vôos virtuais" no Google Earth, premia atletas com poder de decisão rápido, que sabem trabalhar sob pressão e escolher as melhores estratégias e percursos em um curto período de tempo.
Minha opinião sobre o assunto é divergente de um dos outros organizadores do Circuito Brou Aventuras, que é o Juninho, e por isso para esta etapa decidimos abrir a discussão democraticamente entre os atletas: enviamos um comunicado aos participantes para votarem na data da entrega dos mapas e o que vencer democraticamente será feito.
Considero que o mais importante de tudo é o prazer da competição, a felicidade de acertar um azimute e bater de cara com um PC, a alegria de chegar em um PC a frente de outros atletas sem ter passado por eles, apenas pela escolha do caminho certo ou da melhor estratégia.
Se todos os atletas pensassem assim, certamente não precisaríamos estar aqui discutindo este assunto, mas no Brasil como tudo o mais, parece que tristemente prevalece a lei de Gérson: a opção é sempre levar vantagem em tudo.
Faça sua parte!
Zé Elias – Brou Aventuras
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