Marcelo Musial enfrentou a região mais seca do mundo no Atacama Crossing 2011

Por Wladimir Togumi - 17.Mar.2011


© Zandy Mangold / Racing the Planet

Quatro desertos, quatro desafios diferentes. Uma jornada pelos locais mais quentes, frios, secos e onde mais venta no mundo é a proposta do circuito 4 Deserts para testar os limites fisicos e mentais dos atletas de endurance. O circuito teve início no dia 6 de março com o Atacama Crossing 2011, no Chile, e contou com a participação do carioca Marcelo Musial, único brasileiro que enfrentou a região mais seca do mundo e um terreno bastante difícil, passando por lagos de sal, dunas de areia, canions e oasis. Além disso o clima e a altitude média de 2.500m são outros desafios a serem superados.

"O resultado foi muito melhor que o esperado", disse Musial. "Terminei em 42:28 hs, sendo o 27º lugar entre 111 competidores de 40 países". Foram 6 etapas em 7 dias, sendo 4 delas variando entre 35 e 43 km, uma mais longa com 74 Km e para finalizar, 16 Km. A vitória ficou com o dinamarquês Anders Jensen, 29 anos, com o tempo de 30:49 e também vencedor do Sahara Race 2010.

Esta corrida também marcou a entrada de novos atletas no 4 Desert Club - que também completaram o Gobi March (China), Sahara Race (Egito) and The Last Desert (Antartida). São eles: Lucy Tang, May Okabe, Devrim Celal, Alain Wehbi, Diego Carvajal e Thaddeus Lawrence.


© Zandy Mangold / RacingThePlanet Ltd

Leia abaixo um pouco sobre sobre as dificuldades enfrentadas por Marcelo Musial:

Por quê decidiu participar no Atacama Crossing?
O Atacama Crossing é parte do Racingtheplanet series, uma série de corridas em 4 grandes desertos do mundo, provas de 250 km em 6 etapas em 7 dias e ocorrem nos locais "mais secos", "mais quente", "com mais vento" e "mais frio" do Planeta. Os eventos incluem: Atacama Crossing no Chile; Sahara Race, no Egito; Gobi March, na China; e Last Desert, na Antartida.

Essas provas juntam tudo o que busco no meu esporte favorito: corrida, amizades profundas, natureza e paisagens deslumbrantes em locais belíssimos, que somente os corredores/aventureiros conseguem conhecer.


© Zandy Mangold / RacingThePlanet Ltd


© Zandy Mangold / RacingThePlanet Ltd


© Zandy Mangold / RacingThePlanet Ltd

Qual seu histórico esportivo?
Participei de diversas corridas de aventura no passado, incluindo algumas Mini-Emas, Raid Terra, Ecomotions e Cariocadventure. Também já participei de algumas provas de Montain Bike Cross Crounty e algumas maratonas. Mas essa prova foi minha introdução nas chamadas ultras.

Quais as principais dificuldades enfrentadas na prova?
O percurso tem algumas dificuldades que merecem ser citadas. Trata-se do local mais seco do mundo, então o ar é muito seco e dificulta a respiração, facilitando a desidratação. Tive que ter muita consciência disso para estar sempre bebendo água. A altitude também é complicada para nós, que moramos no nível do mar (n.e: Marcelo é do Rio de Janeiro). Considerando-se que largamos a 3.300 metros de altitude, os
2 primeiros dias foram bem dificeis, principalmente na subida. Outras dificuldades são o sol (muito forte e quente entre 11 e 6 da tarde) e a mochila (com água, pesava 10,5 quilos). Mas sem dúvida a maior dificuldade para mim foi o terreno. É bastante macio e pedregoso, além de termos passados em locais com lagos de sal, às vezes muito duros, às vezes muito macios e molhados, o que dificultava muito a progressão. Eu nunca sabia exatamente como meu pé bateria no chão e qual destino que ele tomaria, tal a dificuldade do terreno. Cuidei bastante para não ter torções, o item que mais tira pessoas da prova.

Como era a rotina no acampamento?
Acampávamos todos os dias, desde o dia anterior a prova. O clima era maravilhoso, muito companheirismo e competidores ávidos por conhecer outras culturas e pessoas. Tinhamos sempre água quente disponivel, banheiro quimico, computadores com acesso via satélite e uma bela fogueira para nos proteger do frio da noite. Uma das partes mais legais era o pós-prova no acampamento.  E quando a noite caía, tinhamos o céu mais estrelado do mundo!

Como foram os treinos?
Treinei por uns 8 meses, meio que reiniciando, e procurei dar ênfase em aumentar as distâncias. Busquei treinar na areia, correr com mochila (aumentando o peso dela aos poucos) e, uma vez por semana, correr um trecho mais longo no sol de meio dia, para me adaptar as condições da prova. Por fim, mais próximo da prova, comecei a fazer algumas trilhas e subidas, para acostumar os pés com a inconstância do terreno.

Qual era o peso aproximado que carregava?
A minha mochila, com equipamentos e comida, era uma das mais leves, em torno de 8 quilos. Com água, ia para 10,5 quilos. A água era fornecida pela organização a cada posto de controle, mais ou menos a cada 10 quilometros.

O que carregava na mochila?
Na mochila eu carregava todos os equipamentos obrigatórios (razoavelmente parecido com uma corrida de aventura). Tinha saco de dormir, roupa extra e roupa para frio, meias adicionais, luva, boné, óculos escuro, 2 lanternas de cabeça, kit médico (para bolhas, principalmente) e comida (comida desidratada para a noite, além de macarrão instantâneo), muitos gels e eletrólitos. Minha alimentação da parte da manhã não era tão boa, muita coisa doce (algumas barrinhas) e isso foi o meu maior erro. Recomendo levar comida com mais sal para a parte da manhã. Durante a prova, muito eletrólito e gel.

Quais os próximos desafios?
Meu proximo desafio é a Racingtheplanet NEPAL 2011. Essa corrida será épica! Teremos o Everest aos nossos pés! Será em Novembro de 2011. Além disso, participarei de uma Maratona e uma Ultramaratona de 100 kms em Cingapura, em Maio e em Junho.

Mais informações: www.4deserts.com

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