1 ano e dois meses. Tempo que a família Bambini em sua totalidade está fora de SP.
1 ano e dois meses. Matheusito. 10 quilos plus.
1 ano e três meses. Ozi. Tempo fora das corridas. 7 quilos à mais
1 ano e sete meses. Lu. Tempo fora das corridas. 2 quilos à mais.
A Lu ganhou + ou - 11 quilos durante a gravidez e eu peguei pelo menos 7 deles pra mim e não devolvi.
Pouco treino, sem ritmo e acima do peso.
Esse era nosso panorama espetacular para a Chauás Pindamonhangaba.
Ao pé da Mantiqueira, uma prova de sobe e desce por entre “pirambas” sem fim, vales verdejantes, rios rasos, cachoeiras, picos e borboletas azuis.
Teríamos pela frente uma variação altimétrica que iria de 600 metros na largada até 1.200 na parte mais alta da bike.
Todo um aparato logístico tomou conta da nossa estratégia.
....Equipamentos, Mapas, Treino...Não. Claro que não !
Matheusito era o nome da operação.
“Como faremos com o pequeno ?”
Obrigado Fran por se oferecer pra cuidar do menino, acredito que você iria “pedir pra sair” depois da primeira fralda.
Estamos morando no interior. Longe dos Avós, irmãos, parentes e tios.
3 semanas antes da prova começamos a articular.
Primeiro entre nós.
Mas vamos mesmo ? Será que dá ? Vamos na curtinha.
Vamos agora, senão, não vamos nunca mais.
Ai confabulamos com os avós.
No final.
Avós de ambos os lados prontamente comprometeram-se à vir.
Dois viriam um dia antes para aclimatação.
Os outros dois viriam no dia seguinte cedo trazendo a Tia Ciça.
O moleque estaria entre os 4 Fantásticos +Tia Ciça.
A Lu e eu sairíamos no Sábado as 04:00 da manhã percorreríamos os 300 km até Pinda, correríamos a prova (curta) e voltaríamos à tempo de por o moleque na cama as 08:30.
Organizamos nosso equipamento na 6º feira véspera da prova das 22:00 às 24:00.
Caímos na cama para uma soneca de quatro horas e...
...02:00, por causa dos dentes do fundo que começam a despontar, nosso menino que dorme praticamente todas a noites direto, ficou duas horas acordado no colo da mãe.
Lei de Murphy à parte...
Saímos de casa atrasados, por volta das 04:45. Rodamos felizes por voltar para as provas e apreensivos pelo que nos esperava e os ajustes que sempre antecedem as corridas de aventura, mesmo as curtas.
Correríamos na Categoria Light 35 Km.
Chegamos 45 minutos antes da largada, para ainda deixar as Bikes no AT1, checar equipamentos, trocar de roupa, marcar as coordenadas do percurso e impermeabilizar o mapa.
Cuidei do hardware e a Lú do software.
Comigo - bikes, mochilas camelbacks, comidas.
Com a Lú. - mapas, papel contact, régua, briefing e canetas coloridas.
“LU ! COPIA OS PCS DO MAPA DE ALGUÉM ! NÃO VAI DAR TEMPO DE FICAR CÁLCULANDO AS COORDENADAS.” 15 minutos para largada...
Copiamos os pontos de transição do nosso amigo carioca.
5 minutos antes da largada estava tudo pronto.
Largamos correndo por 500 metros até aonde canoas canadenses esperavam para descermos um rio sinuoso e raso.
Pra nós que não remávamos à alguns meses foi a parte alta da prova. Um verdadeiro tromba tromba aquático, com corredeiras pequenas e rápidas.
Manobra daqui, ri dali. Tromba acolá....”CUIDADO COM O DEDO QUE ESSE BARCO É DURO, NÃO É DUCK NÃO !”.
Em um momento da descida, perto do final, o rio fazia uma curva rápida à direita, topamos direto com um barranco a canoa pendeu pra esquerda, encheu de água e virou.
Tudo bem, não fossem outras duas equipes que fizeram o mesmo logo na seqüência. Trombaram e viraram em nossa canoa que estava prensada no barranco.
Um engavetamento tragicômico. Desviramos o barco, caçamos os remos e seguimos rindo, rio abaixo.
Pegamos as bikes depois de 7 Km de rio para um sobe e desce de serra de 1200 metros de desnível em 16 Km. Subia 600 metros descia 600 metros.
A subida foi leve e contínua, com alguns picos mais íngremes.
Víamos a Serra do Mar e o Vale do Paraíba ficando cada vez mais baixos.
Daí por diante meu coro começou a queimar no sol que marcava 35 graus no barômetro do relógio.
Ondas de vapor subiam do chão, evaporando a água da chuva que penetra fundo no solo em lufadas estonteantes do bafo da mãe terra.
Sensação térmica de 40 graus. Pra compensar muita água, cápsulas de sal e a lei do mínimo esforço. Ritmo lento e cadenciado, devagar e sempre. Sem parar.
Trabalhando para reduzir os batimentos cardíacos e não fritar de vez seguimos subindo.
Na hora do downhill a recompensa. Técnico e veloz por entre algumas pequenas fazendas, íamos desviando de algumas vacas alienadas que bloqueavam o caminho.
Seguimos para o trekking.
Seriam 600 metros de desnível entre sobe e desce nos 12 Km finais.
Subiríamos de 700 para 900 metros em pouco mais de três km.
Minha lentidão era grotesca e rezava para que os trovões que espocavam no céu se transformassem logo em chuva ou para que pelo menos aquelas nuvens cobrissem o Sol.
Ao invés de correr, caminhamos a maior parte do tempo. Trote leve em alguns momentos planos e nas descidas.
Nossa maior pretensão era chegar bem e no caso chegar bem era chegar sem dor, sem lesão e sem erros de orientação.
Conseguimos após + ou - seis horas completar o percurso sem erros e sem dores. Missão cumprida.
Era hora de arrumar o carro, tomar uma ducha e voar de volta pra casa.
09:00 da noite estávamos de volta. Dois dos avós já tinham partido para pegar estrada ainda de dia.
Os outros dois lá, no suporte.
Muito Obrigado !
Aos Avós e a tia Ciça pela força.
Todos os amigos que torceram por nosso retorno.
Ao Matheus, nossa maior inspiração.
Tio Lucas, Fran e toda Família Chauás.
Parabéns pelo percurso dinâmico e maravilhoso de Pindamonhangaba.
Em Maio tem mais e se tudo der certo, vamos na longa.
Aloha !
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