Pulando a cerca para pegar o pódium - relato de Dario Forghieri no Hyundai Adventure Atibaia

Por Dario Forghieri - 08.Nov.2010

Neste ano de 2010, a EU VOU participou de praticamente todas as corridas que passaram na nossa frente, não porque sejamos profissionais da aventura, mas porque somos aficcionados por esse esporte, pelo contato com a natureza, pelo convivio com os nossos amigos e pela festa que sempre se tornam as corridas.

No caso da EU VOU FODAS, eu e o Maurício somos o que eu costumo chamar de "pangarés", assumimos isso em público, sem medo, sempre que podemos. Devido ao dia a dia conturbado da cidade grande e pela necessidade diária de correrias e afazeres profissionais, treinamos o mínimo. Não corremos no parque, não remamos na raia, não pedalamos na USP, apesar de termos acesso a tudo isso. O que falta é tempo somado a um pouco de preguiça, assumimos isso também.

Fomos para Atibaia participar da Hyundai Adventure na sexta à noite, chegamos, fizemos o check-in, pegamos o mapa, decidimos os melhores caminhos, separamos lanches para a corrida, enchemos as mochilas de hidratação, separamos as roupas da prova, etc. Feita a obrigação, fomos para a diversão: uma rodada de pizza com nossos amigos da Lebreiros, Lobo-Guará, Xingu e quem mais aparecesse. Todos alimentados, voltamos para o hotel onde estávamos hospedados e onde seria a largada da prova.

Na manhã de sábado, as equipes EU VOU restantes chegaram e nos preparamos pra largada. O dia estava murrinha, nublado, choviscando, mas aventura sem lama e chuva perde metade da graça. As 10h30, aproximadamente, largamos em comboio seguindo o carro madrinha de MTB até o PC 1, onde foi dada a largada "oficial". Ainda de bike seguimos para o PC2, 3 e 4. Tenho que confessar que apesar do condicionamento físico "pangaré", chegamos bem na AT da canoagem, modalidade que seria feita em duck, que nós apelidamos de "fuck", porque aquilo ali pra remar reto é o capeta.

6 Km de canoagem depois, e por incrivel que pareça, passamos quatro equipes nessa modalidade (milagres acontecem quando menos esperamos). Chegamos para a perna de trekking no PC5. Seriam mais 5 km até encontrarmos nossas bikes. Foi quando mais uma coisa inimaginável ocorreu. Estávamos seguindo na velocidade que eu chamo de "PPS" (passo Praça da Sé - que é a velocidade aconselhável para você caminhar por aquela região sem ser assaltado), quando percebi que estava sendo ultrapassado por alguém. Para minha surpresa era o Maurício, meu dupla, que me gritou: " Vamo Dabas!!! Como você sabe que a gente não está em primeiro???". Fácil, olhei a planilha na saída da canoagem e estávamos em 4°, 15 minutos atrás do 3°. Mas não respondi e comecei a correr também.

Pegamos as bikes e saímos feito uns desesperados pro PC7. Chegamos e checamos a planilha: tínhamos tirado 5 minutos do 3°. Socamos a bota na bike, 30km/h, ritmo frenético pra dois "pangas" de escritório. Olhamos pra trás e vinha vindo uma dupla à distancia, foram se aproximando, aproximando e nos passaram. Era a Vaca H, que estava em 3° e tiveram um problema na navegação. Caraca!!! Estávamos em 3° e não sabíamos... Gritei pro Mau: "Agora vamos até explodir o marca-passo! Pedala aí".

Bom, minhas pernas já inexistiam. Faltava pouco mais de 5km até a chegada e eu estava ali, há uns 10 metros do terceiro lugar. Não sei de onde tiramos energia, mas passamos os caras e ficamos há uns 15 ou 20 metros na frente deles. Sabia, no fundo, no fundo, que não teria perna pra última subida da prova, uma ladeira ingrime de uns 300 mts. Chegamos juntos na ladeira, lado a lado, sabíamos que valia o pódio, eles também, mas eu já havia entregado os pontos. Nossa dupla somada tem 81 anos, a deles 47 anos.... ah essa juventude....

No início do asfalto que levava para a chegada (na verdade uma descida e uma subida em forma de U) gritei pro Mauricio: "Fica!!!" "Deixa os caras irem!". E ele descendo feito um louco a ladeira. Gritei mais alto: "Furou o pneu, #!&+%¨&&**!!!!". Ele olhou pra trás e voltou meio com cara de bunda. Não tinha furado pneu nenhum, havia uma cerca de arame farpado que fazia a divisa da rua com o hotel e se pulássemos a cerca, cortaríamos quase 500 mts. Foi esse o truque da chegada. Cruzamos em 3°, fomos pro pódio e curtimos a doidado!

Gostaria de agradecer ao pessoas da Vaca H por nos propiciarem esse final de prova tão bacana e emocionante.

Esse meu relato é mais para mostrar para as pessoas que não se inscrevem nas corridas de aventura por se acharem despreparadas, sem treino, por acharem que é difícil, que é loucura, que não é! A categoria Sport ou Light está aí pra isso. Para os iniciantes ou menos preparados se inscreverem e tomarem gosto pelo esporte. São provas mais curtas, com navegação facil e garantia de diversão.

Corro há quatro anos e o que o mundo das corridas de aventura me trouxe foi alívio do stress, contato com a natureza, respeito ao próximo, superação e principalmente amigos, muitos amigos!

A Eu Vou Adventure Team corre com o apoio da Livorno, Curtlo, Suum, Colunare Espinhal, RollBook Mag e Adventuremag.

Mais informações: www.euvou.com

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