Como sempre, começo a me aventurar antes mesmo da largada e dessa vez não foi diferente. Tive casamento na Sexta-Feira com cerimônia religiosa, depois festinha, vinho para comemorar, felicidade aos noivos e segui direto para Bertioga às 2am. Estava cansada, mas o "seu" guarda chegou antes do sono e me parou na Imigrantes. Despertei na hora!
Com vestido e uma bike no carro, ele não entendeu nada e piorou quando informei que não estava com o documento do veículo. "Oh, Dona Elaine, isso não pode". "Oh, seu guarda.."
Até pensei em alguma alternativa sem que prejudicasse minha inscrição ($), mas não encontrei e então falei: "Seu guarda, pode prender o carro, mas antes, aceite esse bem-casado, para adoçar sua vida". O "Seu" guarda aceitou e me liberou! O suborno foi horrível, mas funcionou!
O sábado amanheceu nublado, chuviscando e com o vento muito forte, mas não desanimou a galera que apareceu em peso para prestigiar o prof. Leo e a última etapa do circuito.
Tudo pronto e uma surpresa, nº 228, categoria SOLO. Respirei, rezei e encarei a responsabilidade. Fiz a prova ao lado do Denis e do Diogo, atletas já experientes que navegaram direitinho. Eu os acompanhei quase que a prova toda, prestando atenção e seguindo no mapa as bifurcações, trilhas, pontos de referência, para um dia ter coragem de ir sozinha. A parte mais complicada entre o PC2 e 4, erramos bem pouco e assinamos o PC8, entre os 6 primeiros da categoria SOLO. Estávamos muito bem e eu tão animada que até o rapel encarei pela 1a vez. E não é que eu gostei!!!
Depois a animação se transformou em medo e eu nem imaginava o que ainda estava por vir. Larguei a bike, tirei a sapatilha e entrei no mar. Antes vi o Prof Léo e perguntei se tinha resgate e ele falou: "vai lá, você consegue". Entrei e rezei pela 2ª. vez. Consegui ver um atleta bem na frente, já fazendo a curva, o Denis um pouco perto e algumas cabecinhas bem longe, começando a entrar no mar. Eu fazia tanta força, olhava as pedras e queria ficar bem longe porque as ondas estavam fortes, não tinham uma direção; era onda de frente, lado, duas, três ao mesmo tempo e o barco subia, eu segurava firme para não girar, fazia mais força e aquilo parecia não ter fim.
Pensei em desistir, mas faltava tão pouco; pensei em chorar, mas não havia ninguém por perto para me consolar; pensei em anjo aparecendo e falando, "o Léo liberou, mulher solo não precisa remar tudo"; pensei em ficar parada e nessa hora 3 ondas me cobriram e eu caí. Subi novamente e já avistei a praia e o rapel e uma galera indo naquela direção e perguntei se eram PRÓ e responderam que sim. OBA!!! Minha prece foi atendida e o anjo Léo liberou!!!
Remei forte, surfei, cheguei na praia. Saí correndo e um cidadão, risonho (porque não precisou remar), fez a seguinte observação: "Elaine, se você é SOLO tem que remar até aquele morro, láaaa embaixo e eu: "aquele, pequenininho"? (de longe tudo é pequeno). E ele, "SIM"! E quando olho para o mar, várias cabecinhas pequenininhas indo naquela direção e isso significava duas coisas: 1 - que eu estava bem longe e 2 - que tinha que ir também.
E lá fui eu, passar a rebentação novamente, remar e levar outro caldo e chegar trincando de frio (bem diferente de hipotermia). Mas CHEGUEI!!!! Feliz com a minha performance e um pouco decepcionada com a minha decisão de ter seguido os meninos e não ter tido coragem para encarar a prova sozinha; mas, VALEU!
Parabéns a toda equipe do Haka Race! Profissionalismo, responsabilidade e emoção garantida em todas as provas!!!
Agradeço ao Spaventura pelo apoio nas corridas e pelo aprendizado no circuito NETAS (Natureza, esporte, trabalho, amor e saúde)!
Agradeço aos meus amigos, me diverti muito durante e após a corrida!!!
Elaine Pichiliani
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