Expedição Carcará: que venham mais 10 anos
A Expedição Carcará é uma referência no nordeste. Realizada há 10 anos, a prova já explorou quase todo o Estado e levou atletas de norte a sul, de leste a oeste, e é conhecida por ser uma prova exigente fisicamente e tecnicamente. Na semana passada a corrida completou a sua primeira década de vida com um percurso de mais de 500 quilômetros, com concentração em Assú, largada em Itajá, e passando pelos municípios de Jucurutu, Caicó, Acari, Campo Redondo, Santa Cruz, Sítio Novo, Serra Caiada, Macaíba e chegada em Natal. Em um certo momento os atletas cruzaram a divisa do Estado e adentraram em pedaladas rápidas, a Paraíba, mas logo retornaram para terras potiguares.
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Essa é evolução de uma corrida que nasceu pequena, no sentido de um percurso curto, mas com sonho grande que se concretizou agora. Mas esse é apenas o primeiro passo de uma nova fase. O objetivo agora é colocar os dois pés no cenário nacional de corridas de longa duração. Se depender dos comentários dos participantes, o primeiro pé já está dentro.
A corrida manteve sua característica e foi bastante dura, ainda mais sob o forte sol durante o dia. Os pontos de corte estavam apertados e as equipes tiveram que enfrentar a contradição de andar forte para se manter no primeiro pelotão e ao mesmo tempo se poupar para resistir até o final da corrida. A Trotamundo foi a melhor equipe fisicamente; estrategicamente, a Direction. Para a Tapuia, faltou no final olhar um pouco mais para dentro de si para não perder o pelotão.
Infelizmente faltaram equipes de outras partes do país, mas isso não tirou o brilho do evento, que teve uma disputa acirrada a partir do primeiro dia. Disputa que tomou rumos inesperados no decorrer da semana e alterou a classificação final. Usando um clichê, a corrida de aventura só termina quando se cruza a linha de chegada. São tantas variáveis e estratégias que devem ser levadas em conta que qualquer descuido pode tirar uma equipe da prova, seja um pneu furado, um pé mal-cuidado, uma hidratação e alimentação errada, uma bicicleta quebrada.
Isso sem contar com - na minha opinião - o mais difícil fator em uma corrida de aventura: a administração dos conflitos. Ficar uma semana juntos, passando calor, fome, sede e fazendo força, muita força, leva as pessoas ao seu limite de esgotamento emocional. Um tom de voz um pouco acima no normal pode desencadear uma discussão que culmina na saída prematura da competição. Olhe ao seu lado, pense na sua familia: quando foi a última vez que você ficou ao lado de alguém 24 horas por dia por mais de uma semana? Nem mesmo casais que viajam de férias juntos passam tanto tempo "grudados", a não ser recém-casados, mas aí a situação é diferente.
Pelas dificuldades encontradas e pela distância, era esperado um número maior de desistências, mas o percentual foi aproximado ao de outras provas semelhantes (26%). Isso mostra que apesar de exigentes no começo da corrida, os pontos de corte foram corretos em levar as equipes mais lentas ou que cometeram erros, para o pórtico de chegada dentro do horário limite.
Com o espaçamento entre as equipes, que ficaram espalhadas rapidamente pelo percurso, ficou difícil reportar notícias de todas e acabamos focando na disputa do primeiro lugar. Mas tão batalhadoras quanto elas - e talvez até mais - foram as equipes que ficaram no corte e vieram conquistando a Expedição Carcará quilômetro a quilômetro.
A prova foi um sucesso. Para alguns a participação de "apenas" 15 equipes pode não demonstrar isso, mas para quem esteve presente essa é uma verdade. A todo o momento você podia ver a emoção nos rostos dos organizadores e a empolgação em seus discursos. Era quase possível ouvir o coração de Toinho batendo forte a poucos minutos da largada. E era possível ver a satisfação em seu rosto e de Vescio enquanto brindavam com uma lata de cerveja na mão, que soube depois ser uma tradição entre os organizadores, após a última equipe terminar a prova e a chegada estar desmontada.
Agora, é esperar pelo próximo ano.
