Bom, depois de 15 dias com só 2 treinos devido a gripe/tosse que TODO mundo pegou, partimos para a prova do Camp em Mauá. Para variar a organização do evento é impecável e tudo MUITO pontual e MEGA...
Pegamos o mapa pontualmente as 17:00 e no Camp NÃO tem os PC’s plotados no mapa, ou seja, vem as coordenadas em UTM e vc tem que “achar” no mapa. Acho desnecessário, mas tudo bem.. iríamos fazer a prova “light”(duplas e teens), ou seja, a de 25Km ao invés dos 50km da “pró”(quartetos e solo). Nossos objetivos eram:
1- Completar
2- Não se machucar
3- Não perder para nenhum quarteto “teen”(de 12 a 16 anos...) hahaha
Fiz meio no “chute” os pc’s antes que a luz do dia acabasse para já ter uma idéia do percurso. Iríamos largar de mtb (5km), remar naquele rio de Mauá (5km), fazer um trekking (4km), run (2km), travessia de rio (?!), run (2km) e finalmente mtb (7km)...
O formato já indicava uma prova bem divertida, mudando de esporte o tempo todo e depois de alguns vídeos e palestras só de neguin top de linha, veio o breifing as 19:30.. nada de novo e agora era comer e direto para a pousada fazer as 864 coisas de preparativos da prova. Muito frio em Mauá a noite e MUITAS decisões a tomar: que roupa usar?? Como levar o colete salva vidas na prova toda?? Levo tênis e sapatilha ou só tênis?? Quanto de gel e liquidos?? Etc...
Acordamos às 7:00, fizemos um rango e fomos para largada, que era às 8:30. Muito frio a essa hora, mas o dia lindo. Tinha MUITA gente na largada, afinal eram 49 quartetos (!!), 40 solo (!!), 5 teens e 37 duplas na nossa prova, façam as contas..
Largaram os quartetos e os solos correndo e 5min depois a gente (teen e duplas) no mesmo sentido. Logo pegamos a massa de gente correndo e tivemos até certa dificuldade de passar na estradinha de terra. Assim que passamos todos, tinha 1 dupla na nossa frente, mas certamente não éramos o 2º. A dupla da frente era a Suyanne e seu irmão, que nunca tinha feito uma prova. Ela é da “Tribus” e é lá que eu treino. Ela é cascuda e fez a prova light para incentivar o irmão e porque semana que vem vai fazer o Ironman Floripa(!?).. sabendo disso, grudei na roda dela e fui no vacuo poupando minhas energias. Meu parceiro ali, pedalando forte e fora do vacuo. Ele nunca tinha feito uma prova antes, fora de forma e peso como eu, mas ex-triatleta.. era uma estradinha de terra que ia subindo, mas bem tranqüila. Vínhamos numa média de mais ou menos20km/h e eu SEMPRE no vacuo dela. Duas subidinhas bem pequenas e um descidão BEM íngrime!!
Tanto eu como meu parceiro, usando as habilidades de ex-enduristas de moto e com peso “avantajado”, dispensamos da dupla cascuda-novato na descida. Colamos até numa dupla da frente. Chegamos no PC e vimos só 2 equipes na transição. Tínhamos optado em ir de sapatilha, então tínhamos que trocar para os tênis, o que levou um tempinho maior. Saímos correndo uns 500mts até o rio para pegar os ducks.
Entramos no rio e como somos “peso pesados” e o rio com correnteza, para tirar a reta tava BEM difícil. O rio não podia ser mais bonito e transparente, um SHOW!! O rio tinha várias curvinhas e tinha “escolha” do melhor lado. Como em algumas partes o rio era bem raso, tinha chance de encalhar, principalmente sendo peso-pesado. Tava feia a coisa para tirar a reta e depois de uns 3 ou 4 360º(hahaha) a coisa melhorou e até passamos uma dupla masculina. Passou pela gente o Bernardo (dono da Tribus) que estava correndo com a sogra(!!), pelos mesmos motivos da Suyanne. Parecia uma lancha.. No finalzinho passou uma dupla feminina, mas continuamos relax para poupar. Saimos do duck para dentro do rio e realmente a água estava MUITO gelada.
Assinei o PC e saímos para o trekking, que parecia ter alguma navegação. Tinha 1h10m de prova. Saímos correndo para entrar logo na trilha e para não dar a dica do caminho para quem vinha atrás (rsrs). Era um morrão tipo “careca”, sem vegetação fechada. Íamos berolando o morro e logo pegamos o Bernardo e sua sogra (haha) e numa cruzada de arame farpado estava a dupla feminina na dúvida de navegação. Estava confiante na minha navegação, cruzamos o arame e seguimos com elas atrás. Como percebi a dúvida delas com o mapa, assim que a trilha descia ou ficava reto, corríamos para ver se conseguíamos sair do campo de visão delas e deixá-las para decidir a navegação e não me copiar (rsrs)...
Sempre berolando o morro em “caminho-de-boi” e evitando ir reto por baixo, que parecia estar alagado debaixo da vegetação. Demos exatamente no PC4, que parecia estar no lugar errado, pois ele deveria estar perto de uma casa. Não tinha casa nenhuma por perto.. Marquei o PC em 5º..!?..
Ninguém a frente e as meninas um pouco atrás, o suficiente para não “colar”. Já avistávamos uma casa, a ÚNICA da região toda. Antes de chegar lá, vimos 2 duplas logo a frente, depois de uma pequena vegetação fechada. Não entendia muito bem como poderíamos estar “pegando” outras equipes no trekking a não ser se fosse por erro de navegação, então fiquei atento. Chegamos numa cruzada de riozinho e depois dele a trilha acabou dentro da mata fechada NADA bem marcado e paramos num vara-mato.. Meu parceiro parecendo um trator por cima do mato totalmente fechado e dizendo: “Aqui tá bom, por aqui dá!!”... Logo chegou a dupla feminina que também parou para olhar o mapa. Resolvi voltar para o riozinho, uns 50mts e decidi descer por dentro dele, o ÚNICO lugar mais aberto e depois só de uns 50/100mts “apareceu” uma trilha BEM marcada. Tchau meninas!!(rsrs)
Chegando na casinha, onde deveria ser o PC, tínhamos que pegar uma bússola tipo 90º a esquerda e subir o morro que era ENORME. O difícil era achar a trilha que contornava e não passava pelo topo. Sempre muito confiante com a navegação fui subindo por um “mini-vale”, mas do lado direito do rio. Começou a ficar bem enlameado e resolvi cruzar o riozinho de volta. Deu para ver as meninas já mais acima da gente e numa trilhinha. Até chegar na trilhinha, elas já tinham sumido do visual (#%#$*)...
Chegamos finalmente ao topo (ufa) e começamos a descer em trilha enlameada. Juntou uma dupla vindo de outro lugar, que não imagino de onde (rsrs), que era uma das líderes e tendo perdido muito tempo nessa errada. Descemos junto numa trilha bem enlameada e dando mini-corridinhas. No fim da trilha tinha uma parte bem plana, mas o terreno ou enlameado ou com aquela matinha na canela. Pegamos a dupla feminina de novo e chegamos ao PC5. Marcamos em 7º, bem perto do 6º (meninas) e do 5º.
Chegamos na estradinha de terra e as 2 duplas paradas lendo o mapa para ver que lado ir. Tinha alguém da organização dando uns berros para outra galera da organização mais distante, para onde eles tinham que ir: “é para esquerda uns 2Km”...
Mas era conversa entre eles e isso causou confusão nas duplas a frente. Nisso chegamos e sem perder 1seg, saímos correndo no trotinho para direita e eles vieram atrás na estradinha de terra plana. Cada vez mais confiante na navegação, o desafio agora era achar a saída da estrada, onde cruzaríamos o rio, onde estaria o PC6 mais ou menos 1,5km depois..
Agora com 2h de prova, as meninas rapidamente nos passaram correndo sem parar e a gente no corre-e-anda. Nisso outras 2 duplas se aproximaram bastante e meu parceiro botando pilha para ir no trotinho o tempo todo. Não queria deixar o pulso passar de 160bpm e também queria ficar atento na navegação, pois a cruzada de rio não era num lugar muito claro no mapa.
Passamos uma estradinha a esquerda, que era o meu “alerta” para procurar a entrada a direita para cruzar o rio. Comecei a ficar olhando fixamente para direita e só tinha matagal ou propriedade entre a nossa estradinha e o rio. Depois de outra estradinha a esquerda comecei a achar estranho não ter visto nada do lado direito. Aí chegamos num retão de uns 800mts que não tinha nada do lado direito e aí parei.
Meu parceiro, ainda empolgado com a disputa, voltou contra a vontade sem saber porque tinha parado, mas não queria alertar as outras equipes de um possível erro. TINHA que ter passado a entrada e resolvi sair da estrada para os outros não nos verem. Começamos a voltar entre o rio e a estrada que tínhamos vindo, num puta matagal. Aí apareceu uma dupla no meio do matagal, com pinta de cascuda, que ainda não tinhamos visto na prova inteira e perguntei para ele:
" você também tá achando a mesma coisa que eu?? que passamos da entrada??"
E o navegador deles:
"de uma coisa eu tenho certeza: continuando na estrada, eu tenho CERTEZA que NÃO era, pois já voltamos quase 1km..."
Eles entraram no rio e começaram a voltar pelo rio, pois era mais fácil/rápido do que pelo matagal. Resolvi fazer a mesma coisa e avisei meu parceiro:
"a prova vai se decidir aqui. Fica atento a achar esse PC!!"
Os caras iam correndo pelas partes rasas do rio e foram se distanciando. A água estava MUITO gelada e esse trecho era o mesmo que tínhamos remado, mas NADA na esquerda, NADA na direita. Agente foi andando e já contava uns 20min procurando o PC pelo rio. Como o rio era cheio de curvas, a dupla logo sumiu no visual. Já tínhamos andando uns 500mts/1km e já começou a dar aquela sensação de ter passado do PC e não tê-lo visto de novo. No mapa 1:50.000 é difícil achar distâncias muito pequenas e a única “dica” no mapa era que o PC estaria na altura de onde começava uma estradinha do outro lado do rio, então resolvi subir o lado direito do rio para ver se já avistava essa estradinha.
Para subir o barranco, tinha que escalar a margem, pois era BEM íngreme e barrento. Além disso, tinha que atravessar a parte funda do rio para chegar lá. Estava até bom andar com as pernas no “gelo”, mas quando afundei até o peito, quase tive um choque térmico, mesmo com a capa de gordura "robusta". Enquanto eu tentava subir a margem do rio, meu parceiro resolveu ajudar um cachorro, que incrivelmente (!!) nos acompanhava desde o começo do trekking (mais ou menos 1h) e também entrou no rio com a gente (!?). O problema é que ele era pequeno e o rio raso para gente era ele nadando com as 4 patas. Depois daquele tempão dentro do rio o “totó” começou a fazer uns ruídos estranhos e dava sinais que ia para "fundo".
Assim que subi vi equipes passando para os 2 lados!?!? Gritei para meu parceiro e fui até a estradinha. Ao chegar lá passou a equipe do filho do meu parceiro, de 13 anos (!?!?), que corria com mais 2 garotos da mesma idade e uma monitora, que não deixava eles errarem por muito tempo, por razões óbvias, e aí percebemos o tamanho do erro, fora que a confiança na navegação foi a ZERO.. Mas ainda tínhamos que voltar até o rio, atravessá-lo novamente pelo lugar certo, marcar o PC, atravessá-lo novamente e voltar para prova..!?..
30min de erro depois, estávamos correndo pela estradinha e cruzávamos com equipes que tinham errado mais que agente. A Suyanne e seu irmão nos passaram e disseram que tinham errado feio no trekking, no problema da casinha. Acho que onde o Robocop errou também...
Depois de 2km chegamos na transição para a última parte de bike e fizemos a troca junto com a mulekada. Perdemos mais um tempinho para tirar e guardar os tênis, por a sapatilha e saímos com 3h de prova. Várias equipes por perto e nem olhava mais para a lista das equipes que tinham assinado o PC para ver nossa posição. Meu parceiro com mais gás, já me puxando, saiu na minha frente e tendo perdido um tempinho tomando mais um gel e tomando BCAA, nem olhei para mapa, pois lembrava que eram uns 3km até a 1ª bifurcação importante. Só que esqueci que a 1ª MESMO era com 800mts e ao chegar lá entrei errado, esse SIM um erro de navegação ridículo. Ao chegar no topo de uma ladeirinha de uns 200mts começou a passar equipes no caminho ao contrário. Meu parceiro achou estranho e quando passou a Suyanne realmente me preocupei e já fui virando. Meu parceiro parou ao lado de um carro da organização e o cara avisou que estava errado. Já até sabia onde tinha sido e fui direto para lá. Esse erro deve ter custado uns 5/10min..!?..
Já estava ficando bem cansado, mas ainda sem câimbras. Entramos na estradinha certa e começou a subir, subir e eventualmente plano. Passamos 2 duplas e na parte plana já avistei "ao longe", num morro careca, a trilha que faríamos para cruzar um morro ENORME. Avisei meu parceiro, que ao me perguntar: "tem certeza??" até parou de me botar pilha para ir mais rápido...
Ao chegar lá, era pior do que "ao longe". Uma trilha de zig-zags impedalavel e TREMENDAMENTE íngreme.
Dava para ver um MONTE de gente nela da nossa categoria (camisas azuis) e me lembrou os zig-zags das trilhas da parte alta do Peru. Comecei a empurrar e era bem difícil até para empurrar. Dava 10 passos e parava um pouco e meu parceiro me perguntou se podia ficar e aguardar a mulekada, já que tínhamos errado muito. Disse que CLARO, que aqueles acima da gente eram os primeiros da prova e que iria subir, pois ali eu não tinha a MENOR chance de ajudar ninguém...
Fui subindo e as meninas me passaram de NOVO!! Passou um casal, que o cara subia com as 2 bikes, descia, ajudava a mulher dele, subia de novo e assim ia. Parei debaixo da única árvore mais ou menos na metade da subida para dar uma descansada. Logo vi a mulekada, ao contrário do que imaginávamos, subindo empurrando sem parar e comecei a "temer" uma ultrapassagem desmoralizante.. hahaha
Meu parceiro percebeu que eles estavam bem, passou eles, me passou e de novo gritava por mim no finalzinho do morrão. Já estava meio tonto, mas sabia que dali até a chegada era BEM para baixo ou plano, então, deixando uma distância de uns 20/30mts para os mulekes, chegamos ao topo quase juntos e meu parceiro falou para eles:
"Não vamos esperar vocês na descida não..."
Então, montamos nas bikes, pedalamos o trechinho que faltava para atravessar o topo do morro e começava um downhill de gente grande. Estávamos varados e correndo riscos, mas estava maneiro. Quase atropelamos o PC8, pois parar era difícil. Aliás, acho que ele estava no lugar errado da trilha, como o PC4, pois deveria estar no topo. Enquanto ele assinava, passei varado. Passamos a dupla que o cara carrregava a bike da parceira e chegamos na estradinha. Já tinha decorado o final da prova e já tinha até guardado o mapa. Bem na junção da estradinha estava a dupla feminina parada olhando o mapa e passamos varado por elas, sempre descendo. Passamos 1 quarteto de "teens", atravessamos uma ponte e de lá sabia que era mais ou menos 1,5km para chegada no plano. Vimos outro quarteto de "teens", os líderes da categoria, mas os "garotos" eram maiores que eu (!?). Passamos eles no finzinho, com meu parceiro na frente e eu no vácuo para conseguir superá-los..hahaha
Cruzamos a chegada em 8º com 4h15min de prova e com TODOS os 3 objetivos conquistados...
Cheguei no limite de a coisa começar a ficar RUIM para mim, o que me diz que numa mini-prova dessas, sem treinar quase nada e recuperando de gripe, da para qualquer um completar e uma prova ideal para quem quer começar nas corridas de aventura.
Vi agora que a equipe que cruzou a linha de chegada em 1º da nossa categoria foi desclassificada por NÃO ter passado no PC8, o PC depois do mega-ladeirão final, então deveremos ser 7º. Em 1º ficou a dupla da Suyanne, que cruzamos várias vezes durante a prova, o que demonstra que navegar bem é fundamental, independente do preparo físico...
Então fica o convite para próxima prova, pois tenho certeza que assim como eu, vocês IRÃO se divertir MUITO!!!
VALEU
Fernando Moyna
Equipe Celisa
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