Para a Explorer não poderíamos contar com nosso principal navegador, Narubas, pois este está vivendo uma outra aventura: a expectativa de ser papai pela primeira vez. Coube a Leo (Carequinha) a responsa de convidar Fred, atleta da Aventureiros do Agreste e sangue-bom! O resto da equipe seria a base que vem competindo este ano, eu (Gaiamum), Leo Carequinha e a Lora das alagoas, Deborah Feiden.
© Arnaldo Maciel
Tudo pronto, mapa preparado, definimos que a navegação seria compartilhada: Leo Carequinha navegaria nos trechos de bike e eu nos trechos de trekking. Claro que essa divisão não seria absoluta e sempre que pudesse, um auxiliaria o outro.
Prova curta é sempre a mesma coisa, ganha quem não erra e quem tem sanguenoszói do início ao fim e a tática seria SOCAR A BOTA desde a largada, sem se preocupar com mais nada.
Largamos forte para um trekking de 16 km embolados com a dupla da Gantuá e o quarteto da Extreme. Logo de cara um charco sinistro pra atravancar. Todo mundo juntinho brincando de seguir o mestre, achamos sem dificuldades o primeiro PC.
Azimutei pra achar a trilha certa e tome-lhe perna, numa correia bacana e um pega com a Extreme irado até o PC 02. Navegação precisa, estimando o deslocamento através do tempo, não tivemos dificuldade em achar o dito-cujo e o batemos junto com nossos rivais.
Agora era correr para o PC 03, onde pegaríamos as bikes. Neste trecho conseguimos colocar uma pequena vantagem na segunda colocada, porém demoramos na transição e eles saíram novamente embolados conosco.
A navegação estava sob a responsabilidade de Carequinha agora. Junto novamente com a Extreme, demos uma goiabada pra achar o PC 04 e um monte de dupla colou na gente. Uma galera gente boa danada se batendo junto conosco num charco e tentando achar o famigerado PC 04. Nunca comi tanto mosquito na minha vida que eram atraídos pela minha headlamp. Acho que com um temperinho ficaria até gostoso.
Depois do 04, comecei a sentir. Como havíamos feito um trekking muito forte e eu estava puxando o ritmo da equipe, não consegui me alimentar na transição e a fome já estava batendo forte. Também não tinha tempo pra arrumar o equipamento dentro da mochila que estava incomodando pra caramba e o ritmo era tão frenético que não sobrava tempo nem pra uma coisa, nem pra outra.
Chegamos no asfalto e o pega prometia. Formação de vácuo junto com algumas duplas e embolados com a Extreme. Tudo preparado pra um belíssimo pega e uma fatídica “trincada” do Siri, adrena a mil e pimmmmmmmmmmmba: furou o pneu de Fred.
Vou confessar uma coisa aqui: nunca desejei tanto um pneu furado. Sentei no chão e disse a minha equipe que cuidaria de mim enquanto eles cuidariam da bike. Comi tudo que vi pela frente, arrumei minha mochila, hidratei-me bastante e... estava zero bala, pronto pra batalha.
Saímos meio desanimados, mas Carequinha tratou logo de incendiar a equipe puxando um ritmo alucinante. Chegamos no PC 05 e vimos que a primeira equipe estava apenas seis minutos na nossa frente.
Trilhinha cheia de areia e com uma navegação amarrada, tirei o mapa do bolso e comecei a auxiliar Carequinha na Navegação. Chegamos num ponto e vimos um monte de luzes quebrando pra esquerda, quando o caminho certo era pra direita. Demos um miguezinho e partimos no sentido do PC e o batemos em... PRIMEIRO.
Coquinha gelada patrocinada pela dupla de Sergipe, já que havíamos esquecido de levar grana, partimos alucinados na expectativa de abrir o máximo da galera de trás. Chegamos no asfalto e haviam duas opções de navegação: ou entraríamos logo na trilha à esquerda, ou pedalaríamos mais pelo asfalto e pegaríamos um estradão mais na frente. Consegui influenciar a galera sobre a vantagem da segunda opção, pois tinha muito areia nas trilhas.
Como atacamos o PC 07 pelo lado contrário, passamos batido por ele já que o mesmo estava meio escondido nesse sentido, mas com a distância amarrada, percebemos o erro e voltamos sem grandes prejuízos de tempo.
Paramos três minutinhos cronometrados para um lanchinho e uma hidratação e partimos rumo ao PC 08. Era um retão, mas como macaco veio não “entra” em roubada, amarramos a distância pra nos assegurar que não perderíamos a entrada à esquerda. Dito e feito, novamente passamos direto, mas com o odômetro em dia, voltamos e achamos a entrada.
À esta altura, estávamos sem água e só com as “deliciosas” barrinhas de cereais para comer. Chegamos no PC 8 e fizemos a baixa no estoque de água dele. Largamos as bikes e novamente assumi a responsa na navegação.
Trecho bem arenoso, seguimos forte e correndo nas descidas até o trecho da natação. Chegando na barra do rio, percebemos que a empreitada seria si-nis-tra. A corrente bombando pra fora, rumo às altas ondas do mar. Entrei primeiro e logo fui arrastado pela correnteza e só ouvia a equipe gritando, VOLLLLLLLLLLLLTA GAIA, VOLLLLLLLLLLLTA.
Voltei e seguimos adiante até uma área que não dava mais pra prosseguir, porém seria o suficiente pra atravessar o rio sem sair no mar. Travessia complicada, Fred ia junto com a Lora tranqüilizando-a e eu e Carequinha pudemos experimentar todos os estilos possíveis e imagináveis de natação: peito, costas, craw, cachorrinho, estilo livre, Deus-me-proteja, to-me-borrando-de-medo, e por aí vai.
Cheguei junto com carequinha, quase que a corrente nos arrastou para o mar. Comemoramos como se fosse um gol enquanto Fred e a Lora chegaram mais à frente. Atravessamos o mangue no sentido da praia e achamos a trilha que nos levaria ao PC 10.
A fome novamente apertou e tive que dar uma paradinha no PC pra comer o resto do rango. Pegamos os caiaques e partimos antenados na navegação, pois o rio tinha varios bracinhos que poderiam complicar na hora de achar o PC 11.
Fred mostrou um profundo conhecimento de rios e mangues e foi nos guiando para escaparmos da correnteza, pois ela estava contra. Fizemos um excelente tempo, largamos o remo no PC 12 e partimos para um trekking final pela costa, seis km apreciando o mar que por sinal, estava bombando e me fez lembrar do quão “desagradável” seria se o rio me arrastasse até ele na travessia de natação.
Cruzamos o pórtico com onze horas de prova, felizes pelo dever cumprido. Não só pela vitória, mas por todo o desenrolar da prova, já que nossa equipe mostrou a todo momento quão importante é a união e o trabalho em equipe para o sucesso nesse esporte fantástico.
Gostaríamos de agradecer em primeira mão à nossa patrocinadora Millennium Inorganic Chemicals que desde o fim do ano passado têm apostado na nossa equipe. Aos nossos apoiadores Daventura e H45 pelo suporte nos treinos e competições. Ao nosso convidado Fred que demonstrou que possui um atributo valiosíssimo para um corredor de aventura, a ATITUDE. E claro, à organização da Explorer pela belíssima prova e carinho com os atletas.
Grande abraço e até a próxima.
Gustavo Chagas (Gaia)
Copyright©2000-
Adventuremag - Informativo sobre corrida de aventura - Política de privacidade
Proibida a reprodução, modificação e distribuição, total ou parcial de qualquer conteúdo deste website