Selva NSK Kailash vence a Carrasco DAventura 2007, realizada na Chapada Diamantina Norte

Por Wladimir Togumi - 04.Jul.2007

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"Essa é Real!", foi o slogan eleito pelos participantes para a edição 2007 da Carrasco D'Aventura, corrida realizada na Chapada Diamantina Norte (BA) entre as cidades de Morro do Chapéu e Jacobina, e que foi baseado no percurso montado para a prova, que passou por caminhos da antiga "Estrada Real", utilizada pelos garimpeiros para levar o ouro extraído das minas de Jacobina até Paraty.

Os 210 Km desta edição foram divididos em 143,2 Km de mountain bike, 41,5 Km de trekking, 11 Km de canoagem, 13,5 Km de Ride and Run, 700 metros de natação e 60 metros de rapel na cachoeira Véu de Noiva!

Para a maioria das equipes que vieram de outros estados foi uma longa jornada até o local da largada. Além da chegada em Salvador durante a madrugada, os atletas enfrentaram 6 horas de viagem em um ônibus fretado até a cidade de Morro do Chapéu. Enquanto isso suas equipes de apoio locais seguiam com os carros levando todos os equipamentos e bicicletas.

A maioria dos atletas aproveitou o tempo de viagem para descansar e guardar energia para o dia seguinte, que seria bastante movimentado com os preparativos para a largada. A agitação só começou a aumentar quando o ônibus estava próximo do destino e ninguém aguentava mais ficar ali parado. Imagine esses corredores de aventura, que aguentam vários dias de atividade física ininterrupta, presos por quase 6 horas em um ônibus!

O relógio marcava 18h30 quando foi feita a primeira das três paradas para desembarcar as equipes em suas respectivas pousadas. Conforme anunciado com antecedência pela organização, nem só de sol e praia é feita a Bahia e o frio já dava uma pequena amostra do que os atletas enfrentariam na região, que em alguns pontos do percurso alcançariam até 1.000 metros de altitude. Além disso, de acordo com o noticiário na televisão, a previsão do tempo para o dia seguinte seria de chuva na Chapada. Era esperar para ver...

O sábado amanheceu nublado. O frio previsto tinha se confirmado, agora era saber se a chuva viria mesmo. A equipe Atenah, formada pelas atletas Silvia Guimarães, Camila Nicolau, Fernanda Maciel e Cris Carvalho, foi a primeira a realizar a checagem de equipamentos e receber o kit dos atletas. Além das caramanholas, camisetas de prova e instruções de prova, a organização providenciou uma barra energética regional: rapadura.

Aos poucos a rua foi sendo tomada por atletas, staff, fotógrafos, cinegrafistas e curiosos com o aquela movimentação toda. As quatro estações de checagem de equipamentos ficaram lotadas e do outro lado da rua, na praça principal da cidade, moradores locais que formavam uma grande fila para tirar documentos em uma base móvel da prefeitura, olhavam para tudo aquilo sem entender nada. Ao mesmo tempo, sob a grande tenda da Red Bull, os participantes do Cross-Country faziam o seu registro.

No começo da tarde teve início a cerimônia de abertura oficial do evento, com a presença dos Prefeitos de Morro do Chapéu e Jacobina, cidades onde a corrida passou, bem como o representante da Bahiatursa, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH, Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia - SUDESB, grandes apoiadores do evento. A apresentação do vídeo da corrida do ano anterior animou os atletas, que já estavam "pilhados" e queriam largar o quanto antes, mas os tão aguardados mapas seriam entregues somente após a cerimônia.

A Carrasco D’Aventura conquistou este ano o selo Carbono Zero do Programa Floresta Bahia Global, do Governo da Bahia. A neutralização de carbono é uma forma de compensar a emissão de gases de efeito estufa gerados por alguma determinada ação, produção ou evento. É realizado um cálculo de todos os gases emitidos, como viagens aéreas, vôos de helicóptero, consumo de papel, copos plásticos, dentre outros. Depois de mensuradas as toneladas de carbono, calcula-se quantas mudas de árvores nativas precisam ser plantadas e acompanhadas para que alcancem a fase adulta. Assim, estes árvores serão as responsáveis pela neutralização de todo o carbono gerado. Neste caso foram 250 mudas de árvores nativas que serão plantadas na Barragem do França e no Parque Estadual das Sete Passagens, lugares por onde a corrida passou.

Após um discurso acalorado do prefeito de Morro do Chapéu, que parecia estar em campanha política, teve início o briefing técnico, com as informações do percurso e o que os atletas iriam enfrentar nos próximos dois dias. Ao término da cerimônia e com os mapas em mãos, os navegadores já começaram a sentir o peso da responsabilidade. Eles tiveram pouco tempo para plotar os postos de controle e se preparar para a largada, e a falta de costume com a escala 1:100.000 também era uma preocupação a mais para alguns atletas.

Ao som da banda Carne Seca, foi dada a largada da edição 2007 da Carrasco D'Aventura. Alguns metros à frente largaram os atletas do Cross-Country, correndo cerca de 9,5 km de estradas asfaltadas, de terra e trilhas demarcadas pela organização, cumprindo um percurso circular voltando assim, para a cidade de Morro do Chapéu (local da largada). Enquanto isso as equipes de corrida de aventura foram divididas, com dois atletas fazendo o mesmo percurso do Cross-Country e os outros dois percorrendo um trecho menor, até o PC1 e voltando. O sol até apareceu um pouco, mas o céu ficou nublado durante todo o dia e a chuva prevista não caiu.

Ao se reunir os atletas partiram para um perna de 87,5 Km de mountain bike. Logo no começo eles enfrentaram um single track bastante técnico até a Vila do Ventura, sendo obrigados a carregar as bicicletas em alguns trechos. A equipe paulista Motorola SOS Mata Atlântica foi a primeira a chegar nessa vila, que já foi o maior centro produtor de diamantes da região e que teve cerca de 20.000 habitantes na década de 30. Hoje restam somente alguns sobrados e casas coloniais em ruínas, a pequena igreja e o calçamento original em pedra.

Logo atrás dos paulistas chegaram os brasilienses da VivaBrasilia, evitando a todo custo que os lideres se distanciassem, seguida da Oskalunga Sundown, Atenah e Selva NSK Kailash. Furos nos pneus, correntes quebradas e outros problemas mecânicos aconteceram logo nesses primeiros quilômetros de prova. A equipe baiana Mega Extreme Makaíra perdeu aproximadamente 1 hora para conseguir consertar uma corrente quebrada.

Enquanto os líderes se distanciavam cada vez mais, quem ficava para trás fazia o máximo para seguir em frente. Mas para a equipe Insanos Adventure empurrar a bicicleta por grande parte do percurso que deveria ser pedalado passou a não fazer mais sentido e um dos atletas decidiu abandonar a prova. Não por desgaste físico, mas porque não era possível consertar a bicicleta e cada vez mais a equipe ficava para trás, e saindo da prova os outros três integrantes poderiam seguir em frente, mesmo desclassificados.

No PC6, quase 3 horas atrás das primeiras colocadas, chegava a equipe Apoena/Selva Aventura, depois de se perder em alguns trechos do mapa e se safar de um problema ainda maior. A atleta Camila Golubeff fazia um downhill quando se deparou com um mata-burro e não teve tempo de desviar. Por sorte ela conseguiu saltar o obstáculo e teve apenas alguns raios da roda quebrada e conseguiu ir adiante soltando o freio traseiro. Posteriormente a equipe acabou desistindo.

Neste mesmo posto de controle as equipes Olhando Aventura (dupla) e Aventureiros do Agreste, que seguiam juntas na prova, aproveitaram para fazer uma pausa e tomavam um refrigerante enquanto recuperavam as energias.

Terminada a mountain bike as equipes partiam para a canoagem. Foram 11 km de remo em ducks (barcos infláveis) na madrugada fria que contou com a presença magnífica da lua cheia. Alguns trechos da barragem foram tomados pelo capim dificultando a passagem das equipes, porém as mesmas contaram com a ajuda dos pescadores locais que, ao ouvirem os fogos de artifício da organização, iluminaram com seus lampiões o caminho por onde os atletas deveriam passar.

Ao término do remo as equipes tiveram que fazer uma travessia a nado na barragem do França e para isso tiveram que utilizar bóias para transportar os remos de um lado para o outro. Foram 700 metros sob o frio da madrugada.

Três pernas de trekking num terreno bastante acidentado castigaram os atletas exigindo muito fisicamente dos mesmos. No primeiro trecho de caminhada as equipes tiveram que atravessar a Serra das Almas. Este foi um dos momentos de navegação mais difícil, à noite a Serra das Almas mais parecia uma árvore de natal, pois cerca de oito equipes com suas lanternas ligadas transitavam em busca do caminho correto.

Mas o trekking mais alucinante foi a subida para a sede do Parque Estadual das Sete Passagens pelo cânion do Bico do Urubu. “Estávamos no meio da selva. Parecia que estávamos na pré-história prestes a enfrentar um pterodátilo a qualquer momento”, declarou Ramon Valls Martins, atleta da equipe Try On Landscape.

A subida começava depois das equipes fazerem o ride'n run, utilizando apenas um cavalo por equipe. Foi um trecho relativamente simples, mas que acabou complicando a vida de algumas equipes, como a Oskalunga Sundown, que teve problemas com seu quinto integrante (leia relato do atleta Karim Salha) e a Merrel NaTrilha, que acabou perdendo três posições ao pegar um caminho errado para chegar no final da seção. A equipe paulista passou no PC anterior, localizado no centro da cidade de Miguel Calmon, junto com os alagoanos da Oskaba, mas no percurso de apenas 6 Km pegaram um entrada errada e foram ultrapassados pela TryOn Landscape (SP) e Guaçu Virá Cindes Jovem Sinergia (ES).

Pouco antes a Selva NSK Kailash terminava o dowhill da sede do Parque Estadual das Sete Passagens. Foram 7km descendo a serra com um belíssimo visual da Chapada Norte.

Um dos pontos altos da prova foi o rapel de 60 metros na cachoeira do Véu de Noiva, que recebeu uma iluminação especial na noite de domingo. A equipe Atenah fez a descida junto com os atletas da VivaBrasilia, o que não permitiu relaxar e diminuir o ritmo nem mesmo no final de prova.

Após a descida a equipe feminina acabou pegando um caminho errado e por alguns instantes achou que tivesse perdido a segunda colocação, mas a outra equipe não conseguiu passar à frente. Para complicar ainda mais pouco antes de chegar no asfalto que levava até a chegada, na cidade de Jacobina, o pneu da bicicleta da Fernanda Maciel furou e as atletas fizeram um pit-stop de dar inveja à MacLaren. Realizando um trabalho em equipe, e sempre olhando para trás para ver se a outra equipe não chegava, em poucos minutos o pneu estava trocado e as atletas de volta ao caminho da chegada.

A equipe Selva NSK Kailash foi a grande vencedora e chegou a Jacobina às 15h55m do domingo, superando todas as estimativas de tempo dos organizadores: realizou a prova em 24h. “Corremos tanto porque o tempo todo nos sentimos ameaçados pelas outras equipes”, declarou Chiquito, atleta da Selva. A equipe que liderou quase toda a prova foi formada pelos atletas: Caco Fonseca, Erasmo "Chiquito" Cardoso, João Bellini e Ursula Pereira e conseguiu desbancar os bicampeões baianos – Rumo Certo.

Em segundo lugar, ficou a equipe Atenah, formada pela garotas Silvia Guimarães, Fernanda Maciel, Camila Nicolau e Cristina de Carvalho. Shubi, como é conhecida a capitã Silvia Guimarães, declarou que se perderam algumas vezes, mas a amizade e espírito de equipe delas superou tudo. Os expectadores masculinos de Jacobina ficaram encantados com o charme das garotas da Atenah que foram presenteadas com um cerveja gelada a pedido de Cris. Brindaram e viraram o copo para comemorar!

E em terceiro lugar, ficou a equipe Viva Brasília - DF, formada por Alexandre Carrijo, Enrico Favilla, Marcelo Mota e a atleta feminina, Lillen Pedrosa. O capitão Carrijo declarou na linha de chegada toda a sua satisfação: “Cara, prova linda! A Bahia é linda! Em 2008 estamos na Carrasco novamente”.

A cerimônia de premiação foi super especial pois contou com uma corrida de jegue, típica da região na qual os atletas puderam duelar com os corredores de jegue locais. Os três primeiros colocados ganharam troféu e tênis Merrell. A equipe campeã, Selva NSK Kailash faturou R$ 3.000,00 e a segunda colocada R$ 1.800,00.

Quartetos
1 - Selva NSK Kailash
2 - Atenah
3 - Viva Brasilia
4 - Motorola SOS Mata Atlântica
5 - Oskalunga Sundown
6 - Oskabadapeste
7 - Guaçu-Virá Cindes Jovem - Sinergia
8 - TryOn Lanscape
9 - Mega Extreme Makaíra
10 - Potiguares
11 - Gantuá
12 - SOS Tabatinga
13 - Trópicos AON
Corte
14 - Uirapuru
15 - Rumo Certo
16 - Makaíra Adventure Team
17 - Aventureiros do Agreste
18 - Cart/Solares Nutrition

Duplas
1 - Olhando Aventura


Informações: www.carrasco.daventura.com.br

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