Em meio a isto, o briefing da prova acontece às 20hrs no Água Viva Resort, um resort tranqüilo, localizado na vila simples de Bom Jesus dos Pobres, que fica na ponta da Baía de Todos os Santos. Mapa entregue, explicações e sessão de dúvidas realizadas, todos embarcaram no ônibus fretado pela organização, o qual conduz os aventureiros para “o que há por vir”.
Largada e 1ª perna de prova - O local de largada desta prova foi a região de Pitanga, um pequeno distrito da cidade de Santo Amaro, que fica à beira de um vale verde lindíssimo, por onde aparecem várias nascentes que desembocam suas águas no rio Sergi, e que dá também nome ao Cânion Sergi. Neste local, no topo de tudo, em Pitanga, se realizou a largada da 2ª etapa do Circuito Baiano de 2007 e do CNA 2007, em uma noite de lua, onde o céu contemplava uma boa parte das estrelas, ao menos, à hora da largada, às 00h15 do sábado. Os competidores se dividiram: 1 componente desceu a ladeira em direção ao rappel da cachoeira do PC1 e os outros deveriam buscar 2 prismas e se re-encontrar no PC1, tudo dentro do vale e orientados por algumas tochas de bambu que mostravam o caminho do medo e da escuridão.
Todos desceram para o breu e as pequenas luzes brancas em movimento mostravam os competidores se espalhando pelo cânion abaixo. Ainda havia a curiosidade de saber se estavam com pouco ou muito medo, de saber o quão frio estava o rappel na cachoeira e a angústia de esperar os companheiros, parado ali, querendo ajudar, mas tendo a obrigação de esperar. Para muitos este trecho da prova foi alucinante: realizar a navegação sem visibilidade, com as lanternas de Led limitando a visão a menos de 50 metros, utilizando-se apenas das curvas de nível, e com o passar do tempo, a neblina e a garoa da madrugada aumentava ainda mais o grau de dificuldade pois nem as outras equipes poderiam ser vistas como referência. Enquanto algumas delas já mostravam ter desenrolado este trecho, outras ainda permaneciam, insistentes, até o raiar dos primeiros raios de sol.
Mountain Bike até a Cidade Histórica - Quem saiu do vale primeiro foram as duplas Companheiros de Aventuras e AG2, que chegaram no PC2 às 3h50. E a equipe alagoana Unimed Usbão foi o primeiro quartetos, às 5h06, mas colada com ela havia a equipe baiana Aventureiros do Agreste e a potiguar Fênix Terrar. O trecho seguinte passou pelas estradas da pequena cidade de Oliveira dos Campinhos, uma região de micro-serras cheia de plantações e pouco povoada, que mostrou a importância da navegação de uma equipe numa corrida de aventura.
No PC telefônico I e J, uma após a outra, as equipes foram ligando para a organização afim de confirmar a sua passagem e seguir em direção a famosa ponte de Pedras do Cavalo. Com seus 50 metros de altura e 200 metros de extensão, ela serve de mirante para a imponente represa de Pedras do Cavalo e para as cidades históricas de Cachoeira e São Félix, que são divididas pelo rio Paraguassú mas unidas pela ponte metálica da linha de trem. Em busca do PC Virtual J as equipes ainda cruzaram a cidade de Muritiba, onde elas tinham 3 caminhos a seguir e poucas escolheram a melhor rota. A maioria pedalou muito morro acima pois Muritiba situa-se a mais de 150 metros acima do nível das outras duas cidades.
No PC Virtual J, se encontravam o diretor de prova Anderson Magalhães, e Sérgio Bandeira, diretor de provas da Odisséia Pernambuco, que veio acompanhar a prova de perto. Para boa surpresa, a alagoana Oskaba chegou no local em primeiro lugar às 11h46. Juntamente com ela, estava a dupla Rumo Certo, e elas desceram juntas para pegar a informação no poço da pequena cachoeira do riacho - uma senha colocada dentro de uma garrafa, presa por uma âncora e junto à queda d´água dizia: “numa fria”...
Os competidores aproveitaram para uma refrescada e logo voltaram para a prova. E às 12h02 chegou a dupla AG2, seguida pelo quarteto baiano Gantuá, que depois de um trecho de PC´s Virtuais, vibrou muito ao saber que estava em segundo lugar.
Alguns quilômetros à frente e alguns downhills abaixo, encontrava-se nas margens do rio Paraguassu o PC3, onde houve a troca de modalidade para natação / falsa-baiana (uma modalidade de travessia de cordas na horizontal). Um competidor por equipe fez a natação até o ponto de começo da falsa baiana, pegou um PC Virtual, fez a falsa-baiana, marcou outro PC Virtual, e voltou nadando.
Na passagem para a cidade histórica de Cachoeira, está a cidade de São Félix, igualmente importante com suas casas à moda antiga. O calçado ainda é de paralelepípedos e as pessoas caminham tranquilamente como se o tempo fosse inexistente. No centro de São Félix, na velha ponte de ferro que atravessa o rio e liga as duas cidades, uma cena belíssima se formou com as equipes Gantuá e Usbão atravessando em meio ao trânsito de carros.
Nova Modalidade: Bóia Cross - Rapidamente e sem perder tempo as equipes que chegavam da ponte de ferro em Cachoeira deixavam suas bikes, assinavam o PC5 e partiam com as bóias vazias pela ponte, novamente em direção a São Félix, e no finalzinho dela enchiam suas bóias na “Borracharia do Capenga”.
Um a um os atletas entraram no rio e muitos não sabiam exatamente o que iriam encontrar pela frente, mas imaginavam que iam se divertir um bocado. Em primeiro desceu a Oskaba e na seqüência, a Unimed Usbão e a Gantuá, separadas por apenas alguns metros. Dentro da água e nas bóias, as equipes deveriam ainda pegar 2 PC´s Virtuais para então retornar pelas margens até o PC8, de onde novamente montavam em suas bicicletas e seguiam em direção ao PC Virtual M, e ao PC9, já na baía de Iguape.
No briefing, o diretor de prova Anderson Magalhães, havia dito: “os arredores do PCV M até o PC9 é uma região de massapé puro”, ou seja, todos sabiam que iam pegar muita lama, que alguns chamam de “fossilizadora de bikes” ou de “lama magnética”, porque ela gruda nas rodas das bikes de uma forma impressionante! Poucas equipes se atreveram a arriscar, entre elas, as alagoanas Oskaba e Usbão, a baiana Gantuá, a norte-rio-grandense Fênix Terrar, e a Paraibana Urutu.
Outras aguardaram o horário de corte para seguir pelo percurso alternativo até a chegada. Para quem prosseguiu, já avisado do sacrifício, ladeiras acima e alguns empurra bike, o ponto M não foi difícil de ser encontrado, o difícil mesmo foi alcançar, pela lama, o PC9, na pequena cidade de Santiago do Iguape. A chuva intermitente colaborou para afofar o massapé, aumentando o grau de dificuldade. Para quem pôde ver as poucas equipes que lá chegaram, o seu estado físico muito desgastado mostrava o quão árduo foi esta travessia de poucos quilômetros em lama pura.
Neste mesmo PC9, chegaram juntas as equipes Gantuá e Usbão. As duas equipes, altamente sofridas, tomaram decisões diferentes. A Gantuá resolveu prosseguir, em direção ao remo e a Usbão, muito debilitada, resolveu também continuar, mas esperou alguns minutos pelo horário de corte, onde iriam realizar o percurso alternativo até a linha de chegada, pulando o PC 10 e 11. Com isto, a Gantuá não teria mais disputa com outras equipes, o que tornou sua vitória um fator de responsabilidade, pois bastava terminar a prova para ser a campeã da etapa.
Os atletas entraram no remo com bastante calma, verificando a maré e as condições de navegação, e partiram em busca do PC10, localizado em um vilarejo na ponta da península da baía de Iguape com a Baía de Todos os Santos. Dali seguiram de trekking até o PC Virtual 11, para então contornar a ponta da península do lado esquerdo para o direito até a chegada em Bom Jesus dos Pobres, no Água Viva Resort. Outras equipes alcançaram o PC9 depois do horário de corte e de lá seguiram direto para a chegada de bike.
“Esta não é uma prova para menino, tem que pensar grande para terminar.” Com estas palavras, o diretor de prova Anderson Magalhães a definiu, talvez pela perseverança nos trechos de massapé, talvez pela forte navegação do começo e do final, depois do PC11, em trekking até a linha de chegada.
As equipes que realizaram o percurso alternativo chegaram desde a madrugada até a manhã de domingo, realizando uma alça de bike de 60km até o Água Viva Resort.
Ao meio dia do domingo, quase na hora da feijoada comemorativa, chegou a tão esperada equipe baiana Gantuá, garantindo a vitória desta etapa e quebrando a invencibilidade da Oskaba nas provas do CNA.
A equipe campeã ainda ressaltou a dureza do trekking final, um single-track que talvez tenha se tornado mais difícil pelas condições físicas desgastadas da própria equipe, mas nenhum impecilho iria os fazer desistir, era só ter mais confiança, perseverança e fé em si mesmos.
Alan e Pedro comentam que esta foi a prova mais emocionante de todas para a Gantuá, pois não só estavam entre as primeiras, mas a todo momento viam-se lado-a-lado com a Usbão e Oskaba, aumentando não só a adrenalina e emoção, mas também a confiança de que as navegações destas equipes estavam indicando os mesmos percursos, independentes e coincidentes. Um show à parte, comentam os dois com bastante entusiasmo.
Todas as equipes participantes estão de parabéns, pois colaboraram e muito para a manutenção e crescimento do esporte no estado e no Brasil. Às equipes que terminaram a prova: Gantuá (BA), Unimed Usbão (AL), Aventureiros do Agreste (BA), Xerpas (PB), R2 (BA) e Urutu (PB) uma menção honrosa, pela perseverança, desgaste, sacrifício, e por acreditarem em poder viver uma verdadeira aventura.
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