Brasileiros participam do Corsica Raid, na Ilha de Córsega

Por Allan Panza - 15.Jun.2007

Quando começou o ano planejei uma corrida para o primeiro semestre do ano e como vivo em Barcelona pensei em fazer alguma aqui na Europa. Convidei a Karina Bacha, ex-Atenah, corredora experiente e que atualmente está vivendo na França. Ela topou e sugeriu uma prova que é organizada durante muitos anos e uma das mais antigas do mundo e organizada sempra na ilha de Córsega.

Estávamos precisando de uma terceira pessoa já que a prova é para trios, no qual dois correm e um fica como apoio e pode trocar os integrantes nas áreas de transições. Esse formato é novo e foi organizado pela primeira vez na corrida deste ano.

Eu convidei outro amigo que estava vivendo na Espanha, o Kaká, e ele topou. Só que quando estava chegando perto da prova, na data para confirmar a presença, tivemos que contar com outra pessoa. No principio era para ser uma equipe só brasileira, mas como imprevistos acontecem, chamamos a Stefanie, amiga da Karina. Elas já haviam participado juntas dessa prova em 2005 e completaram na terceira posição da categoria challenger.

Nossa equipe contou com o apoio da organização com a inscrição e a Stefanie nos ajudou a conseguir o patrocínio da balsa (Ferries), que deixamos de pagar o transporte até a ilha com nosso o carro de apoio.

Eu peguei um trem com minha bike e meus equipamentos e fui direto para Miramas, cidade onde a Karina mora. Ficamos um dia para organizar todos os detalhes que faltavam para a logística da prova. Ao anoitecer a nossa terceira corredora chega com o nosso carro de apoio e com uma amiga, Charline, que nos ajudou durante todos os dias da prova.

Acordamos na madrugada do sábado do dia primeiro de junho e fomos para Toulon, local do porto para ir à Córsega. A viagem de navio são longas oito horas para chegar ao porto em Ajaccio, a cidade onde nasceu Napoleão Bonaparte.

No local os corsos ainda lutam por sua liberdade, uma luta de âmbito separatista. A língua predominante é o francês e o corso, que é uma mistura de italiano com francês. Os habitantes da ilhas são muito cativos. Pudemos conhecer alguns dos produtos produzidos na Córsega e tivemos a oportunidade de entrar muito em contacto com as pessoas das pequenas vilas, principalmente quem estava fazendo a parte do apoio.

Seguimos para a checagem de equipamentos que ficava em Marshal, no sul da Ilha, na última praia. Logo que fizemos isso tivemos um brefing e seguimos para o camping para nos preparar junto com as trinta e duas equipes que estavam presentes na largada, que iria acontecer na praia de St Jean, no Parque Marítimo Internacional. Esse parque foi construído depois de uma conferência por cuidados ao planeta no Rio de Janeiro 1992. Sua missão é desenvolver e preservar atividade a longo prazo para minizar os efeitos da atividade humana, como a pesca, o turismo, mergulho. (Réserve Naturelle dês Bouches de Bonifácio)

Chegando na praia para a largada, a Karina e a Stefanie foram para os nove km em costeira e no meio do trecho houve uma parada de 45 minutos no tempo para os atletas realizar snorkelling e conhecer a fauna e flora no final da etapa.

A segunda etapa do dia foi um trekking noturno no Massif de Cagna, em Pianotolli, do qual saí eu a Karina para uma "pernada" de treze km durante a noite. Começamos às nove horas da noite e terminamos quase duas horas da madrugada. A equipe mais rápida fez em 4 horas. Era uma montanha com poucas trilhas e com uma vegetação muito dura e pesada. Para encontrar os pontos passamos quase o tempo todo dentro da mata fechada. Quando pegamos o ponto de controle do alto da montanha começamos descer margeando um rio para encontrar a trilha. Para alegria de todos e facilitar a visão, a chuva e o frio estavam freqüentes o tempo todo.
Voltamos para o camping após a seção e no domingo, oito horas, foi realizado o briefing do dia. Todas as equipes pegaram o carro e seguiram para o ponto de largada que ficava num (Pettit Village) chamado Monacia d´Aullène.

Nessa pequena cidade saímos para uma corrida intra – muros. A organização colocou pontos dentro do Village do qual você teria que encontrar seguindo a orientação do mapa.

Esses pontos eram dados para os atletas todos os dias de manhã durante o briefing. Eu percorri junto com a Stefanie esse percurso de 11 km e logo eu peguei a bike com a Karina e fizemos 20 km. Esse percurso de bike passou por Giannucio,Serragia e Roccapina, que são montanhas ao redor do pequeno Village.

Quando terminou a etapa de bike passei para o coastering com a Stefanie enfrentando muita chuva e temperaturas baixas. A etapa passou pela Praia de Roccapina e Caniscione, até Anse de Caniscione, local que seria realizado snorkeling, neutralizando o tempo para fazer essa modalidade. Após completar os quarenta e cinco minutos obrigatórios para realizar essa seção voltamos para o trekking até Monacia e fizemos novamente o reconhecimento da fauna e flora da região por onde passamos. Isso ajudava a ganhar tempo e se aproximar mais das outras equipes de ponta.

Quando terminado essa seção, a seguinte seria um trekking até Monacia onde encontramos o apoio para o último trekking do dia. Em Pont de Gianuccio trocamos os atletas e a Karina seguiu com a Stefanie. Elas conseguiram encontrar o caminho rapidamente e fizeram o segundo melhor tempo dessa seção, e quando terminou essa etapa seguimos duas horas de carro para Vecchio, local do outro acampamento.

A chuva estava intensa e a organização poderia cortar a primeira seção da segunda feira, o canyoning. Às oito horas foi realizado o briefing avisando que o percurso seria a metade do previsto. A ilha é muito conhecida por possuir maravilhosas cachoeiras para fazer essa modalidade. Eu participei junto com a Karina e subimos uma grande montanha, colocamos nosso neoprene e o tempo foi neutralizado para realizar essa etapa, que demorou quatro horas para todas as equipes. Tivemos de saltar de uma cachoeira com cinco metros de altura e também fazer rappel para cruzar algumas barragens. Foi uma das melhores partes da prova. Até o tempo ajudou, o sol resolveu aparecer para alegria dos atletas.

Acabamos essa seção e partimos para Venaco, onde seria realizado o trekking em montanha. Estava com a Stefanie nessa seção de 12 km numa subida bem forte, com 1600 metros de desnível. Completamos a seção gastando seis horas. Subimos até o alto e conseguimos ter a visão do mar como fundo das grandes montanhas. Nesse percurso encontramos pessoas treinando, atletas que vivem na ilha e fazem o percorrido diariamente. Eles usam bambus como apoio para subir.

Nesse dia tivemos muito sol, realmente foi muito bonito! Depois de terminado as equipes seguiram para a Pont du Vecchio, onde seria a etapa de cordas. O apoio ficava numa rua embaixo da ponte esperando. Eu e a Karina fomos para a subida de uma enorme montanha no qual escalamos para chegar ao cume e fazer o rappel de 140 metros. A montanha se encontrava no meio de um vale tendo como paisagem uma outra montanha com um pequeno castelo no cume.

Logo que realizado essa seção, era passado das nove da noite, partimos do mesmo lugar do apoio para o trekking noturno. Esse trekking teve 20 km e durou 10 horas e foi realizada na região de Canaglia. As meninas completaram chegando quase uma hora antes do briefing do dia.

Na terça–feira depois do briefing eu fui com a Stefanie para a montanha mais alta da prova, Monte d´Or, em Col de Vizzavona. Esse trekking foi realizado em um clima muito frio e logo no meio do percurso começou a chover. Chegamos a caminhar durante meia hora com neve até o joelho. Estava previsto pegar o cume e passar para o outro lado da montanha mas a organização, por segurança, pediu para os atletas voltarem pelo mesmo caminho pela dificuldade da alta montanha.

Quando acabei essa seção, que durou seis horas, segui com a Karina para a etapa de bike de 30 Km por dentro de um reflorestamento, com muita chuva e caminhos que eram impossíveis para pedalar. Tivemos que carregá-las nas costas por muitas horas até encontrar o Col de Vizzanova. Como tivemos muitos problemas para realizar essa etapa não participamos do último trekking noturno no Col de Scadella e logo seguimos para o acampamento em Tolla.

No último dia da prova o briefing foi realizado na pequena comunidade (pettit Village) Tolla. Partimos para o trekking dentro da cidade. Esse percurso foi muito rápido e depois pegamos a bicicleta para um percurso de 60 Km por Zipitolli, Bronco e voltando para Tolla. O percurso foi completado depois de oito horas, muito push-bike e muita varação de mato com a bike nas costas.

Terminamos essa etapa de bike e eu não faria mais nenhuma seção da prova. A Karina e a Stefanie seguiram para a via terrata no Col de Mercujo. Essa seção foi realizada no meio de dois grandes vales, Piruccia e Mercujo.

E o Lac de Tolla foi o local para a realização da única etapa de barco da prova, com 30 Km. Logo que realizado os atletas tinham que identificar pela última vez a fauna e a flora do percurso.

A premiação foi realizada em Mairie de Tolla e conquistamos o 17° lugar.

Essa prova foi rápida, realizada durante cinco dias e quatro noites, com um enorme espírito entre os aventureiros. Foi uma prova em que a disputa para desfrutar a natureza estava muito aém do valor da premiação. Exige muita logística, principalmente para mim, que depois tive que voltar a Barcelona tendo quase quatorze horas de viagem pela frente.

Gostaria de agradecer a Adventure Gear e a Corsica Ferries/Sandinia Ferries
Allan Panza

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