Diário do apoio da equipe Mamelucos Pedal Power

Por Guto Freitas, especial para Adventuremag - 29 Abr 2004 - 17h37


Rumo a Itirapina, conversamos sobre a prova
foto: Guto Freitas


Carlinhos se prepara para a largada
foto: Guto Freitas


Na AT, Guedes, Irvolino, Paçoca e Júlio conversam sobre o futuro das corridas de aventura


No trekking até o rapel: recuperação e superação!


Marina e Rafael abrem champanhe na chegada
foto: Guto Freitas


Victor Lopes e Luiz Antonio correm para a chegada
foto: Guto Freitas


Carlinhos e Zolino comemoram a vitória
foto: Guto Freitas


Com seu apoio, Karina e Gisele, da EMA Light is back comemoram: homenagem a Alexandre Freitas
foto: Guto Freitas

Telefonema 1 – sexta-feira, 23.abril.04 – por volta das 16:00 horas
Zolino: Carlinhos, você treinou hoje?
Carlinhos: Ainda não. Por que?
Zolino: Então, passa na padaria, compra uma garrafa de água de 1,5 litros, comece a se hidratar e fica no sofá descansando, porque amanhã nós vamos correr. Ah, vá na borracharia do seu Zé e compre duas bóias de caminhão bem grandes sem furos ok?

Telefonema 2 – sexta-feira, 23.abril.04 – por volta das 16:15 horas
Zolino: Gutão, o que você vai fazer amanhã? Preciso de um favor!
Eu: Não tenho nada importante para amanhã. Posso fazer tudo no domingo. O que foi?
Zolino: Você pode fazer o apoio para mim na Short Adventure de amanhã?
Eu: Claro! Vamos com tudo!

E assim estava formada a Equipe Mamelucos Pedal Power!

Equipamentos no carro, incluindo 1 bike e um duck reserva, partimos às 20:30 hs. de sexta-feira rumo à Itirapina, sem saber onde ficar, nem como era a prova. No carro vamos conversando sobre o race book, as etapas, distâncias etc. Vou dirigindo para que o (Sérgio) Zolino e o Carlinhos (Carlos Alberto Passini) possam ir dormindo, descansando para a prova da manhã do dia seguinte.

Chegamos, pegamos nosso kit de prova, arrumamos parte dos equipamentos e nos alojamos no melhor estilo Highlander, ou seja, com a ajuda de amigos conseguimos lugares para dormir em seus quartos. A uma da madrugada vamos dormir, pois a manhã seria corrida: teríamos que encher e amarrar as bóias que seriam usadas no trecho de bóia-cross, o duck, verificar as bicicletas, preparar a caixa de apoio etc.

Acordo às 6:15 da manhã, encho o duck e as bóias. Só às 7:00 hs. acordo o Carlinhos, pois os mapas já estavam sendo distribuídos. Pouco depois, o Zolino aparece, já com o mapa, e nos reunimos para definir o que cada um faria durante a prova.

Define-se que o Carlinhos faria o trecho inicial de natação, de mais ou menos 40 metros, até o duck, no qual ficaria o Zolino. Dali eles remariam até uma bóia, onde ficaria o PC 1, retornando para o PC 2/AT 2 (área de transição duck/bike). Como também corro, tenho uma idéia do que vou precisar fazer como apoio. Ainda assim, pego algumas “manhas” com o Zolino: o que tem que estar à mão nas AT’s, equipamentos em cada AT etc.

Dada a largada, esqueço que estou fazendo o apoio de uma equipe de ponta e fico conversando com o (Rodrigo) Guedes, André (Iervolino), que também fazem apoio de outras equipes, e Mosca, da Ecomotion, e quase chego atrasado na AT1, à margem da represa! Na correria, consigo chegar a tempo na AT, no exato momento que eles estão chegando de duck. Feita a transição, literalmente jogo tudo no carro e corro para a AT4, na beira da ferrovia. Numa corrida de aventura, um erro de qualquer membro da equipe, sobretudo do apoio, pode ser fatal!

Já na AT4/PC10 (bike/trekking), novamente me reúno com o Guedes, André, Paçoca e Júlio, quando acompanho a animada conversa deles sobre o futuro das corridas de aventura, o Ranking Brasileiro de Corridas de Aventura, recém-criado, a saúde do Alexandre Freitas etc. Embora não o conheça, gosto de receber a informação de que ele está se recuperando.

Nessa AT, o Carlinhos e o Zolino já chegam em 3º lugar, pouco menos de 3 minutos atrás das fortíssimas duplas da Mitsubishi Salomon Quasar (da “Marina” Verdini e o Rafael Campos, o “Rafa”) e Mitsubishi Salomon Lontra (do “Victor” Teixeira e “Luíz Antonio” Barbosa) . Com uma transição perfeita, eles saem rapidamente, rumo ao PC11. Só os encontraria novamente na AT5/PC12 (trekking/bóia cross), após um rápido trekking.

Chego poucos minutos antes deles, a tempo de deixar prontas as bóias, os coletes salva-vidas e os capacetes (itens de segurança obrigatórios). Nessa etapa da prova, as equipes da Mitsubishi Salomon já estão, aproximada e respectivamente, 5 e 10 minutos à frente.

Vôo para a AT6/PC13 (bóia cross/trekking), ainda a tempo de pegar a Marina e o Rafa saindo dessa AT. Cinco minutos depois chegariam o Luiz Antonio e o Victor. Mais 5 minutos, o Zolino e o Carlinhos já estavam saindo da AT, rumo ao rapel. Como a especialidade do Carlinhos é a corrida e o Zolino tem um fôlego inacreditável, nesse trecho eles conseguem recuperar preciosos minutos, diminuindo a diferença até o rapel e, acreditem, chegando poucos segundos atrás das outras duplas na AT8/PC15 (trekking/duck), último PC até o fim da prova.

Assim, entram na água, com distâncias de menos de 50 metros entre si: em 1º, Marina e Rafa; em 2º, Luiz Antonio e Victor; e Zolino e Carlinhos em 3º. Apesar da amizade entre eles, e ainda que estejam competindo em categorias diferentes, a rivalidade é grande e esse trecho definiria a classificação geral da prova: TODOS QUEREM CHEGAR EM PRIMEIRO!!!

Tudo no carro, vou para a chegada, incentivando as equipes que encontro pelo caminho: quem corre, sabe que um apoio nessas horas, muitas vezes de um desconhecido, é revigorante!

Já na chegada, converso rapidamente com o Said sobre a prova: curta (são “apenas” 43 kms.), com nível de dificuldade médio, mas muito rápida!!! Velocidade, resistência e determinação numa prova com essa característica é o que separa os profissionais dos amadores.

Com 04h36m15s de prova, Marina e Rafa chegam, ganhando a Categoria Mista. Poucos minutos após, com o tempo de 04:39m23s, chegam Luiz Antonio e Vitor, levando a Categoria Master, na qual um dos integrantes deve ter mais de 45 anos. Zolino e Carlinhos chegam logo depois, com 04h43m20s de prova, vencendo a Categoria Masculina. A “Karina” Bacha e a “ Gisele” Volpi, da equipe EMA Light is Back, criada em homenagem ao Alexandre Freitas, venceriam a Categoria Feminina, com 05h28m40s de prova.

Devido a compromissos em São Paulo, eu e o Zolino não podemos participar da premiação, ficando a cargo do Carlinhos subir no pódio em nome da equipe Mamelucos Pedal Power.

De minha parte, volto para casa com a sensação de dever cumprido, uma vez que, embora não fosse a primeira vez que faço apoio, estava preocupado em prejudicar a equipe de alguma forma, errando nas transições – na primeira transição perdi o hodômetro da bike do Zolino ao transportá-la para a AT, fato resolvido com o empréstimo feito por um apoio que, por milagre, tinha um idêntico no bolso – ou atrasando na chegada às AT’s, embora as orientações da organização estivessem perfeitas. Assim, ainda que a correria tenha prevalecido, sobrando pouco ou quase nenhum tempo para curtir o clima da corrida, reafirmei meu conceito de que, mais do que ter uma equipe preparada física, mental e psicologicamente, é preciso ter uma equipe de apoio competente e eficaz.

 

Guto Freitas
e-freitas@uol.com.br

Guto Freitas, <i>especial para Adventuremag
Por Guto Freitas, especial para Adventuremag
29 Abr 2004 - 17h37 | sudeste |
publicidade
publicidade
publicidade
publicidade
Cadastro
Cadastre seu email e receba as noticias automaticamente no seu email diariamente
Redes Sociais