Western States tem novas regras para atletas transgêneros

A Western States Endurance Run (WSER) é umas das corridas de endurance trail mais tradicionais e lendárias do mundo. A cada final de ano corredores de todo o mundo ficam ansiosos pelo sorteio das 369 vagas disponibilizadas para o percurso de 100 milhas.

Após o sorteio de 2019, o diretor da prova Craig Thornley descobriu que Grace Fisher, uma mulher transgênero de 38 anos, foi selecionada para a corrida. Com uma vitória recente numa prova de 100 milhas e com um resultado Top 5 na Vermont 100 Endurance Run, os diretores do WSER perceberam que Fisher poderia terminar entre os Top10. Prevendo uma possivel controvérsia em relação à participação dela como mulher, o comitê decidiu adotar uma política oficial para a inclusão de atletas transgêneros.

As motivações foram duas: enviar uma mensagem de inclusão de Grace e outros corredores trans, ao mesmo tempo em que abordavam quaisquer preocupações sobre a imparcialidade competitiva que poderiam surgir.

Base em regras de outros esportes

Para chegar nas regras, o comitê organizador buscou informações e regras em outros esportes e a decisão foi seguir a linha de pensamento da USA Track and Field (USAFTF) e a Maratona de Boston que permite aos atletas correrem como seu gênero auto-identificado, que seria tomado “pelo valor de face” e protegido de serem questionados, a menos que um prêmio estivesse em jogo. Nestes casos – o que para a Western States significa os Top 10 masculino e feminino e vencedores nas categorias por idade – os transgêneros mulheres deverão mostrar documentação certificando a terapia por hormônio por ao menos um ano (transgêneros homens podem competir sem restrições).

n.e.: transgênero mulher (nascido homem); transgênero homem (nascido mulher)

Por não existir qualquer outra política de participação na comunidade ultrarunning, a organização buscou regras que fizessem sentido no contexto do evento. Por exemplo, optaram por não impôr o padrão definido pelo COI e seguido por outras organizações, inclusive a USATF e Maratona de Boston, que exigir que mulheres transgênero tenham um nível hormonal especifico além de um ano de terapia.

A resposta da comunidade ultrarunning

O anúncio das regras foi feito em fevereiro e como esperado, as reações foram diversas. Muitos apoiaram a decisão da organização, mas obviamente surgiram comentários como “Nasceu homem, você é homem. Nasceu mulher, você é mulher. Nada mais a ser dito!”, referindo-se a não ser necessário ter regras específicas.

A maioria das respostas negativas eram direcionadas à participação das mulheres transgêneros nas competições esportivas em geral. Muitas pessoas – homens e mulheres – expressaram preocupação que as mulheres transgêneros possuem uma vantagem desleal sobre a mulheres “naturais”.

Dois meses de pesquisa para criar as regras

O comitê responsável pela criação das regras passou dois meses pesquisando sobre questões médicas, científicas e de privacidade e descobriu que não ainda não existem pesquisas conclusivas sobre a vantagem de mulheres transgêneros no esporte e que após um ano de terapia hormonal, perde-se resistência, velocidade e habilidade atlética. E foi nessa informações – além de consultorias com pessoas envolvidas na regras do COI – que as regras foram definidas.

Texto original publicado na Outside no link https://www.outsideonline.com/2395048/western-states-transgender-athletes-policy com autoria de Stephanie Case

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