Alimentação: os erros mais comuns às vésperas e durante a competição

Olá!!! Resolvi abordar os erros que mais vejo os atletas cometerem na sua alimentação às vésperas e no decorrer de uma competição, principalmente em modalidades de longa duração (como corrida, ciclismo, corrida de montanha) e em atletas amadores ou profissionais. Vale lembrar que as mesmas considerações aqui mencionadas devem ser levadas em conta também em treinos que simulem a sua prova alvo em questão.

O atleta está sempre em busca de melhorar a sua performance, seja baixando o tempo da prova, apenas completá-la, permanecendo bem durante todo o tempo ou ainda finalizá-la com aquela sensação de ter feito o seu melhor. Este sucesso por muitas vezes não é alcançado e o que verifico é que as estratégias nutricionais aplicadas nem sempre foram as ideais para aquele atleta, o que colabora para a sua insatisfação naquele evento esportivo. Já é mais do que sabido do impacto da nutrição adequada no rendimento e na recuperação de uma prova ou treino.

Destacarei abaixo os 3 erros mais comuns vistos na minha prática quanto nutricionista e abordarei a melhor conduta a se fazer em cada caso.

Erro 1: usar um alimento e/ou suplemento que o atleta nunca usou no dia da prova

Quem nunca consumiu comidas, bebidas ou suplementos que a organização da prova oferece e percebeu que não “caiu bem”? Já vi casos em que o atleta abandonou a sua prova-alvo por passar mal depois de consumir um simples isotônico, o qual até então nunca havia provado. Resultado: dores de estômago, crises de diarréia intensas e frustração por não terminar a prova.

Esse é um erro bem comum. Nada deve ser aleatório, mas sim planejado de forma individualizada sob orientação. É necessário adaptar o conhecimento do profissional que prescreve a dieta, a realidade de cada atleta, ou seja, aceitação de paladar, preferências, como digere e absorve o alimento em questão, para depois avaliar os resultados. E esta adaptação se faz durante os treinos, e nunca no dia da competição.

Lembrando aqui que cada ser humano é único e pode responder de forma diferente do outro. Ajustes individuais obrigatoriamente devem ser feitos e não simplesmente replicar o que todos fazem, ou repetir o que o amigo do treino faz. Portanto, inovar durante a prova é um grande erro. Na prova se faz o que treinou. Os testes do que comer e suplementar, em fazendo uso, devem ser realizados nos treinos e nunca na competição ou às suas vésperas. Os treinos servem para isso também.

Erro 2: não modificar a alimentação às vésperas da competição

Observo em atletas a não mudança da dieta na semana anterior a prova, seguindo seu hábito alimentar do dia a dia. Como todo brasileiro costuma fazer, enche o prato de arroz e feijão, carnes, leite e derivados, ovos, embutidos e vegetais. O ponto é que este tipo de dieta sobrecarrega o processo de digestão e absorção dos nutrientes, além do retardo da captação de glicose dentro dos nossos músculos.

Isto ocorre devido ao alto teor de carboidratos fibrosos, excesso de proteína animal e gorduras saturadas. Fora o desconforto visto em muitos atletas, a sensação de estufamento pós-refeição, fermentação intestinal e cansaço, horas após a refeição. Resultado: vontade de defecar durante a prova, cólicas abdominais e queda de energia.

Pesquisas bem fundamentadas comprovam que dias antes da competição a alimentação deve ser exatamente oposta ao descrito acima: a digestão deve ser mais rápida e fácil (sem alimentos integrais, vegetais crus, carnes, leite e derivados), com carboidratos de alta carga glicêmica (como frutas frescas e secas, sucos naturais, tapioca, arroz branco, massas, batata inglesa e purê, por exemplo) e menor quantidade de gorduras provenientes das carnes e embutidos. O objetivo desta mudança é acumular mais glicose dentro do corpo (principalmente nos músculos e fígado), sem sobrecarregar a digestão e formar menos resíduo intestinal.

Erro 3: levar para competições apenas suplementos e comidas adocicadas

É o que quase todos os atletas fazem. Resultado: depois de horas de prova (ou treino) nada entra mais pela boca. E aí, tudo se complica. Enjôo, azia, cólica intestinal e queda de rendimento acabam por vir.

A maioria dos suplementos esportivos são adocicados (gel, isotônico, carboidrato em pó, “recovery”). E o atleta, por sua vez, quando leva algo para mastigar prefere alimentos também adocicados, como frutas secas, rapadura, balas de goma, arroz açucarado e pão com geléia. O mais indicado neste caso é exatamente o contrário, tentar ao máximo consumir alimentos de paladar mais salgado, melhorando a aceitação gástrica para que consiga continuar a se alimentar durante todo o tempo de prova, suprindo a demanda do esforço.

Revezar entre alimentos/suplementos doces com alimentos salgados é o ideal. Lembrando aqui de um ponto fundamental: a utilização de suplementos esportivos não é uma obrigatoriedade e sim, uma opção que o atleta tem. Nos alimentos conseguimos extrair tudo o que nosso corpo precisa para se manter em equilíbrio, mesmo sob condições extremas de trabalho. No entanto, isso precisa ser orientado e treinado, como dito anteriormente.

Lembre-se, o bom preparado físico para suportar provas como estas passa também por estar bem alimentado e nutrido, e de maneira correta. Sempre testando e individualizando o tratamento. Procure um nutricionista. Com certeza isso ajudará e muito na busca de seus resultados.”

 Bons treinos e até a próxima!!!

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