Andrea Pasquini relata sua participação no K21 Half Adventure Marathon Curitiba

Por Andrea Pasquini - 06 Mar 2013 - 09h43

Após alguns anos no esporte de aventura, curtas, longas, lindas e duras provas, inúmeros aprendizados, algumas decepções e também grandes conquistas pessoais, acordei um belo dia me questionando e sonhando. Diálogo ou seria um monólogo?

Andrea Pasquini para minha consciência: – "O que a senhorita está pensando fazer este ano como um grande desafio?"
Minha Consciência para Andrea Pasquini- "Não vai inventar!"
Andrea Pasquini para minha consciência -  "Senhora consciência, vamos nos desafiar como nunca, estamos falando de C-O-R-R-I-D-A de M-O-N-T-A-N-H-A  Uma grande prova como o La Misión!"
Minha consciência para Andrea Pasquini- "Voce tem certeza disso? Sua amiga Chan, sua irmã Cris e sua mãe Zenilda vão te matar!!!"

Após essa discussão entre as duas malucas da minha vida, eu e eu mesma, resolvemos conversar seriamente com meu técnico Marcelo Ortiz (BR Esportes).

Comecei o ano bem focado fazendo exercícios funcionais comandados pelo professor Silvio Prado da Assessoria Core Inteligência Esportiva de Londrina, juntamente com as minhas planilhas de treinamentos. Ao conversar com grandes amigos como o Sidney Togumi e  Xandão (Alexandre Nogueira Lopes, da Família Extrema) resolvi levar adiante esse sonho de fazer uma grandiosa prova de trail, um  dia. Conclusão:  Inscrição feita na K21 Half Adventure Marathon Curitiba e em março 2013 iniciando a minha preparação.

 

Comecei o check list para a prova e quando me deparei, tudo arrumado em 10 minutos! Tênis, meias, bermuda, top, camiseta, viseira, óculos, camel. Só isso? Já estava com saudades dos meus remos, meu colete surrado, minha sapatilha fedorenta de MTB com terra ainda do ultimo treino. Aquela caixa imensa pesada com toda parafernália das provas de aventura.

E lá fui me aventurar em um mundo não tão novo, mas com certeza lindo e glamoroso, com os amigos de Londrina, Flavia e Walmor Roim.

Aquela bagunça de gente sentada pelo chão, arrumando as bikes, organizadores falando pra sair do meio, arrumação dos lanches na tampa da caixa de equipamentos dividindo a mesma faca suja de patê, pneus e bikes jogadas no chão, um estapeando o outro, enchendo o camel na torneira, pois é... não tinha nada disso e aquela saudade da aventura voltou apertar. Era simplesmente puro glamour!

TOGUMI!!! Ufa! Você !!! Você está aqui! Ainda bem! Não conhecia ninguém ali. Apertei o japa com aquele abraço que quase o matei afogado de felicidade.

Começou o briefing e no dia seguinte 9hs, a largada. Eu estava de IPod colado na orelha! Inacreditável! Não ouvirei sons de meninos da aventura dizendo pra eu ir mais rápido, pra eu soltar o freio da bike, me chamando de "Cabeça", "Deinha", "Zé", "Bichola", "Vira homi"... Estava eu comigo mesma, na linha de largada pensando nisso, mas com aquela felicidade sem fim em estar simplesmente ali, iniciando a construção de um sonho que está por vir, o La Misión.

Larguei cantando alto, olhava a paisagem, o céu, apenas com gel no bolso, água nas costas e muita alegria no peito.

Água? Como assim água em copo l-a-c-r-a-d-o? A cada 3km em média tínhamos água em copos. Além das inúmeras bicas de água potável pelo caminho e, lógico, como uma boa corredora de aventura, fui beber agua que brotava da terra para recordar o belíssimo Ecomotion onde meus amigos mineiros da Brou Aventuras me ensinaram tomar água que brotava das pedras e cristais rosados da Chapada dos Veadeiros.

Staffs sinalizando todo o tempo, fitas zebradas, tudo maravilhosamente demarcado. Caminhos livres, sem vara mato, bromélias e ou mangues dos Chauás, ou grandiosos troncos na Transpetar atravessada com os grandes amigos Thiago/ Rodolfo e Ygor da Lobo Guará.

Uma poça de lama! Quase me joguei dentro dela pra ficar um pouco suja!

A trilha era maravilhosa, a organização impecável e a experiência da aventura em alguns trechos me levavam fortemente adiante sem medo das descidas e pedras do caminho.

Meio da prova. Os atletas dos revezamentos faziam as trocas. Uma mesa de melancia, intacta! Nenhum corredor à vista comendo melancia?  Somente os atletas parados. Imediatamente passei correndo, peguei um pedaço e sai loucamente feliz.

K21 Curitiba Andrea Pasquini sai com melancia

A trilha estava mágica, sentia todos os meus músculos e escutava fortemente meu coração. As araucárias imensas, imponentes, intactas faziam o seu próprio espetáculo e eu as aplaudia por dentro com uma vontade imensa de abraçá-las. Contudo, estava ali pra correr, precisava correr. Mas tenho que confessar:  me aproximei de uma das araucárias e a chamei de linda! (doida mesmo, nenhum menino ia brigar comigo por isso).

Quase no fim da prova um riozinho. Que felicidade! Veio na lembrança os belos rios de águas vermelhas, com fundo de pedrinhas, que se despejavam  no mar da Bahia,  no Ecomotion de Porto Seguro. Feliz, joguei água pra cima e, claro, sem querer molhei um corredor mal humorado que, por algum motivo, estava sofrendo e demonstrava arrependimento de estar ali, naquela situação.

Por fim a prova estava terminando....

Bem focada, cruzava as trilhas fazendo muita força.  Após alguns morros estava ali, cruzando a linha de chegada, pela primeira vez, sozinha. Apesar de não ter a costumeira cobrança masculina, bem "adestrada", acabei vomitando na chegada pela força que fiz, hahaha!!! (meu marido Fer Cesario ficaria orgulhoso).

E para minha surpresa em minha primeira participação nesse tipo de prova fiquei em quarto lugar na minha categoria, onde "os canelinhas secas" reinam.

Nesse momento, percebi que no coração de um corredor de aventura sempre caberá algo a mais.

"Suba a bordo dos teus sonhos e eles abrirão seus olhos para mundo que você jamais soube que existiam." Por Alexandre Xandão Lopes, meu grande apoiador desse sonho.

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Andrea Pasquini

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06 Mar 2013 - 09h43 | sul |
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