Atletas de alta performance falam da competição em busca de saúde mental

O piloto Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial de Fórmula 1, o jogador de vôlei, Douglas Souza, a tenista número 1 do mundo, Ashleigh Barty, e recentemente o surfista Gabriel Medina colocam novamente os holofotes para as condições emocionais dos atletas, e como a terapia é fundamental para contribuir com o desenvolvimento e a confiança dos mesmos.

Para algumas pessoas a mente está intimamente atrelada ao físico, e nestes casos os problemas psicológicos podem refletir em dificuldades físicas, como pudemos observar nesses últimos tempos, com o relato nas redes sociais do piloto Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial de Fórmula 1, afirmando que vive um momento difícil e revela luta pela saúde mental: ‘Seguir em frente é um esforço’. Ele ainda assegurou que a mensagem é para dizer que é normal se sentir assim, já que muitas pessoas têm relatado problemas relacionados a saúde mental. “Só saibam que vocês não estão sozinhos e que nós vamos superar isso!”, finalizou.

Recente o jogador Douglas Souza, campeão olímpico em 2016 e destaque nos jogos de Tóquio, e a jogadora Natália Zilio, campeã olímpica em Londres 2012, anunciaram sua aposentadoria da Seleção Brasileira de Vôlei, citando como um dos principais motivos a rotina exaustiva e os cuidados com a saúde mental. A tenista número 1 do mundo, Ashleigh Barty, também divulgou essa semana sua aposentadoria das quadras, aos 25 anos, alegando não ter mais motivação.

“Estou na seleção desde os 16 anos, estava exausta e preferi parar por causa da minha saúde física e mental”, explicou Natália.

Em anuncio em uma rede social, Douglas citou a rotina intensa de treinos e jogos tanto na seleção quanto nos clubes e a falta de tempo a família e os amigos como alguns fatores para aposentadoria da Seleção. “São coisas muito importantes para mim, isso foi piorando até que precisei tratar uma depressão. Chegou um ponto que meu corpo e mente começaram a dar sinais de que eu precisava dar uma diminuída no ritmo”, revelou.

Fortes dentro dos campos de competições e com o físico em perfeito estado, muitos atletas no auge da carreira, estão sentindo a necessidade de priorizar a saúde mental, como é o caso de outras estrelas do esporte como o Gabriel Medina, tricampeão mundial de Surf, Naomi Osaka, número 2 do mundo do Tênis, e Simone Biles, campeã Olímpica, que desistiram das competições para cuidar de sua integridade metal.

Gabriel Medina por sua vez, abriu mão das primeiras provas no Havaí, competição que inaugurou a temporada 2022. De acordo com a publicação do atleta nas redes sociais, no ano passado, ele viveu uma montanha russa de emoções dentro e fora da água, o que afetou sua saúde mental e física. Ele afirmou que ao final da temporada, estava completamente esgotado e chegou ao seu limite.

Beto Colombo, terapeuta especializado em filosofia clínica, revela que as perturbações da mente, a falta de concentração e autoconfiança, faz com que os atletas não consigam desenvolver seu potencial. E que em casos extremos, os competidores podem ficar doentes antes dos campeonatos ou até mesmo desenvolverem lesões, como anunciou Medina que vem se recuperando de uma lesão no quadril.

Colombo explica como a terapia contribui para o desenvolvimento dos esportistas.

“Em diversos casos o atleta grava uma dor ou dificuldade e o corpo responde ao que a mente tem como informação gravada. Quando trabalhamos o psicológico, abre-se uma perspectiva para que o atleta consiga ir além do que estava por si mesmo condicionado”, afirma.

O terapeuta alerta que diante das competições cada atleta reage de uma forma diferente, e que não é possível determinar qual o tipo de pressão seria negativa aos mesmos, tendo em vista que para alguns é justamente a pressão que lhe faz ser o melhor em sua área.

“Para cada um o efeito da pressão será diferente. Pode trazer dor física com processos somáticos; ou trazer questões emotivas na ansiedade ou depressão; assim como também pode trazer dificuldades na comunicação por se tornarem intensos, entre outras causas”, assegura Beto.

Em cada atleta, pela sua história, o terapeuta consegue entender o que é a pressão e como ela afeta o seu desempenho no esporte. A Filosofia Clínica, como terapia, é uma ferramenta que trabalha cada atleta segundo a sua singularidade, buscando na história de vida dele as ferramentas a partir das quais ele conduzirá as situações, tanto no sentido de encaminhar as dificuldades, quanto para aproveitar todo o seu potencial.

Colombo explica que é possível entender como extrair o melhor de cada atleta, garantindo sua resiliência mental e física, bem como sua segurança psicológica.

O acompanhamento psicológico aliado ao esporte, traz diversos benefícios. O primeiro deles pode ser o autoconhecimento, proporcionando ao atleta a possibilidade de saber trabalhar melhor consigo mesmo nas oportunidades e desafios que se apresentam. Também é possível falar em aumento da capacidade de resiliência, uma vez que a mente pode ter efeito poderoso sobre o corpo na recuperação, tanto entre competições quanto de lesões mais graves. Outro benefício é a melhoria de desempenho por foco e direcionamento da atenção ao que faz no momento, livrando o atleta de misturar a vida pessoal e a profissional.

“Um atleta com acompanhamento físico e mental é um atleta em potencial, com esse preparo ele garante sua estabilidade psicológica na condução da vida e do exercício profissional”.

Photo by Marcel Strauß on Unsplash

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