Curso de canoagem – Parte IV

Manobrando o caiaque
Até agora somente abordamos a técnica de remada de propulsão. Porém para dominar a embarcação utilizada precisamos conhecer as principais técnicas de manobra de um barco. Estas técnicas são praticamente iguais no caiaque com fundo rígido e no duck, então não vamos separar as explicações agora. No capítulo sobre a remada de duck serão abordadas as especificidades.

OBS.: As setas vermelhas mostram a direção da força da pá fora da água e em azul a força da pá dentro da água.

Principais manobras:

1. Remada a ré (remada reversa) – A remada no sentido contrário à remada de propulsão: o começo da remada se dá atrás do corpo do remador e a pá do remo se movimenta de trás para a frente. As alavancas entre as mãos funcionam do modo similar ao da remada de propulsão, isto é, enquanto a mão e o braço da remada de ré vão na direção para frente, a mão e o braço do lado oposto se movimentam para trás. O tronco faz o movimento de rotação, aliviando o trabalho dos braços. A posição da pá do remo em relação ao caiaque é a mesma da remada de frente, isso significa que na remada reversa colocamos força em cima das “costas” da pá.


fig 4.1. Remada à ré

Dicas da remada reversa:

  • Não esqueça de olhar de vez em quando na direção do deslocamento (para trás)
  • No início da remada reversa posicionar a pá do remo em ângulo próximo ao plano paralelo com superfície da água, a fim de poder sentir maior apoio em cima da pá.

 

2. Freada – Com o barco em movimento para frente vamos posicionar uma das pás do remo atrás do tronco com o tubo do remo na diagonal com eixo longitudinal do caiaque, com a pá na posição próxima ao plano paralelo com espelho de água. Ao pressionar a pá contra a água, a força exercida em cima do remo vai começar a frear o barco. Para manter a direção podemos alternar os lados do movimento da freada.


Fig. 4.2. Freada

Dicas da freada:

  • Para efetuar uma freada mais brusca, podemos executar as remadas a ré alternando os lados.

 

3. Varredura – Varredura é uma das técnicas utilizadas para mudar a direção no caiaque ou para manter o controle da direção no caso de duck. Na verdade é uma variação da remada de propulsão. A diferença principal é na trajetória da pá. Na remada de propulsão a pá segue a trajetória próxima ao plano paralelo com eixo longitudinal do caiaque. Na varredura, a pá entra na água próxima do casco do caiaque, porém logo no início ela se afasta dele para escrever uma “meia-lua”, sendo o ponto mais distante da trajetória próximo à altura do tronco do atleta. O término da varredura se dá com a pá próxima do casco e atrás do corpo do atleta, e a pá quase paralela com eixo longitudinal do caiaque e perpendicular em relação do espelho de água.

  
Fig 4.3. Varredura lado esq.

Dicas da varredura:

  • Para acentuar o efeito da varredura podemos inclinar o caiaque para o lado da remada (veja a Fig. 4.6.).
  • O trabalho da rotação de tronco continua sendo importante mesmo nesta técnica.

 

4. Apoio baixo – Apoio baixo serve para segurar o equilíbrio do barco quando a superfície de água (o ponto de apoio) fica próxima à cintura do remador. Apoio baixo pode ser utilizado também para frear ou direcionar o barco.

Com o tronco virado levemente para o lado de apoio, colocaremos a pá de apoio atrás do tronco e a mesma pá quase paralela em relação com o espelho de água, na seqüência pressionaremos levemente contra a superfície da água. Dependendo da velocidade do barco é possível sentir uma razoável resistência (“água dura”). A pá está virada com as “costas” para baixo.

 
Fig. 4.4. Apoio baixo

Dicas para apoio baixo:

  • Podemos repetir a seqüência de movimentos, depois de pressionar a pá contra a superfície da água, levantamos a pá para fora da água para poder repetir o movimento.

 

5. Apoio alto – Apoio alto é utilizado quando a superfície da água (ou ponto de apoio) fica acima da cintura (como por exemplo, numa onda na linha de arrebentação). Neste caso o tubo do remo fica próximo da altura do peito (no caso de onda baixa) podendo chegar até acima da altura dos ombros (uma onda alta), paralelo em relação ao espelho da água, braços flexionados, cotovelos para baixo, a pá de apoio paralela com espelho de água, o verso (“costas”) da pá virada para cima.

Dicas para apoio alto:

  • Sempre que vier uma onda pela lateral, deveríamos executar força em cima do equilíbrio do caiaque como se for inclinar o barco contra a onda.

 

6. Deslocamento lateral -Última manobra abordada neste curso. Realizada quando você se encontrar próximo ao seu ponto de desembarque com o eixo do seu barco paralelo com a borda do local de desembarque, mas não o suficiente para encostar a pá do remo no local de desembarque. Colocaremos o remo na vertical, iniciando a manobra com a pá distante do caiaque. Vamos puxá-la para perto do barco. Na proximidade com o barco tiraremos a pá da água para trás do corpo terminando com o tubo do remo paralelo com o espelho de água. A pá do remo que executa a manobra fica paralela com plano do eixo longitudinal do barco e o lado da pá que executa o movimento é o mesmo da remada de propulsão.

 
Fig. 4.5. Deslocamento lateral

Dicas para deslocamento lateral:

  • É interessante observar a eficiência da alavanca gerada pelo movimento oposto dos braços.
  • Tome cuidado com equilíbrio ao executar o deslocamento lateral, uma vez que o remo fica numa posição que não proporciona muita estabilidade.
  • Podemos executar e seqüência dos movimentos sem tirar o remo para fora da água, a devolução da pá para a posição inicial se dá dentro da água, com a pá paralela com a trajetória do movimento da devolução.

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Mudança de direção:
Há várias formas para mudar a direção do caiaque. No caso de caiaque equipado com leme, o controle está acionado pelos pés do remador – vamos aproveitar este mecanismo. No caso de caiaque sem leme precisamos saber como fazer esta manobra. Mesmo no caiaque com leme podemos aproveitar a mesma técnica para acentuar a manobra. Para mudar a direção do caiaque vamos aproveitar as técnicas descritas acima ou no capítulo anterior.

Remada de propulsão – executando a remada somente num lado, a tendência do caiaque é virar para lado oposto da remada.

Varredura – o efeito da varredura é similar como da remada de somente um lado, porém mais acentuado (veja dicas da varredura). Podemos também executar somente a parte final da varredura (puxada para trás do tronco). Para acentuar a eficiência da varredura podemos inclinar um pouco o barco para o lado da remada de varredura (que é o lado oposto da mudança de direção).


Fig. 4.6. Inclinação do barco durante a varredura

Freada – para mudar a direção do barco podemos executar a freada sem alternar o lado, neste caso o caiaque vai virar para o lado no qual executaremos o movimento.

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Remada de duck

Principais orientações:

  1. Leme: numa remada simples (remando para frente, sem manobras e mudanças bruscas de direção) o domínio fica praticamente só com remador na popa (atrás);
  2. Mantendo a direção: principalmente para o remador de popa, a importância da torção de tronco, dominando a alteração do desvio da direção a cada remada (“sambando” com o duck), antecipando a remada do desvio extremo da direção. A maior força para dominar a direção é na puxada para trás da altura do tronco (“jogar água para baixo da bundinha do duck”);
  3. Sincronia: procurar manter a sincronia da remada;
  4. Pequena adaptação de técnica: devido à largura do duck, há a necessidade de desviar a remada para o lado do ataque (a mão de cima atravessando significamente o eixo do barco) – válido principalmente para remadores de baixa estatura;
  5. Cuidado com a cabeça do companheiro na frente;
  6. Para efetuar as manobras (mudanças bruscas de direção): sempre o movimento oposto (ex.: para virar o duck para esquerda – o remador de proa rema somente do lado direito enquanto o remador de popa executa a remada para trás do lado esquerdo).

Dicas finais do capítulo 04

Dica 1: Principalmente o remador de popa – aproveite bem a alavanca gerada pelo movimento dos braços, item abordado no capítulo anterior, potencializada ainda pela torção do tronco.
Dica 2: Para manter a sincronia da guarnição é importante um diálogo entre os atletas, para que o remador de proa dê o ritmo apropriado que o remador de popa consiga seguir.

 

 

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