Estudos geográficos na prática esportiva

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. A Orientação como esporte

Antes de dissertar sobre a Orientação como esporte, é necessário saber o que é Orientação.

A história da orientação remonta o passado, desde o homem das cavernas. Em tempos distantes, o ancestral do Homo Sapiens sentiu a necessidade de caçar e buscar alimentos longe de sua morada. Isto fez com que ele desenvolvesse meios para conseguir retornar. Sua inteligência crescente ajudou-o a observar detalhes marcantes no terreno, como lagos, imensas rochas, até mesmo nos rabiscos deixados em tronco de árvores. (PASINI, 2004, p.24).

Quando estamos nos deslocando, mesmo nas grandes cidades, sem perceber estamos exercendo a atividade de Orientação inconscientemente, seja procurando por uma rua ou endereço de um estabelecimento comercial, ou mesmo durante uma viagem de férias e resolvemos lançar mão de um guia rodoviário.

Outra situação que a orientação é bastante utilizada de forma não esportiva é nos churrascos ou festas de finais de semana em sítios, bairros distantes ou locais nunca visitados pela maioria dos convidados, neste caso, o organizador confecciona mapas ou croquis indicando como chegar. De acordo com o senso de orientação que o ser humano carrega consigo, muitos chegarão tranqüilamente, já outros convidados, terão dificuldades e demorarão um pouco mais para chegar.

Nas obras “A Atividade Física e Desportiva Extra classe nos Centros Educativos”, do Ministério da Educação e Ciências da Espanha, e o “Guía Práctica para Escuelas del Deporte de la Orientación”, respectivamente, destacam a Orientação e mostram a importância dada ao desporto na Europa.

A Federação Internacional de Orientação define a Corrida de Orientação assim: “A orientação é um desporto pelo qual os competidores (homens, mulheres ou uma equipe) passam por um número de pontos de controle
marcados pelo terreno no menor tempo possível, ajudados somente por um mapa e uma bússola.” (tradução nossa) (ENSINAS; TORRES; SANZ, 1996, p.23)

A Orientação não é exclusivo do esportista que deseja ganhar uma competição, em países como Suécia, Finlândia, Suiça etc, a Orientação mobiliza milhares de aficcionados de todas as idades, porque é um esporte tranquilo e divertido, sua técnica relativamente fácil: uso de mapa e a bússola sua utilização no terreno, combinando com a corrida ou simplismente com uma caminhada. (tradução nossa).(PAJUELO, 1999, p.13)

O desporto chegou ao Brasil na década de 70, onde permaneceu por muito tempo restrito ao meio militar.

Saber como se orientar em campanha e como usar com propriedade uma carta topográfica, significa ser capaz de sair de situações difíceis, em que a direção certa é fator preponderante no sucesso da missão. (EXÉRCITO BRASILEIRO, 1980, p.8-1).

Na esteira da orientação, no final da década de 90, surgiu no país a Corrida de Aventura, esporte que já era conhecido principalmente na Nova Zelândia que derivou da orientação e do triatlon1, e utiliza a orientação cartográfica como uma das mais importantes e indispensáveis modalidades do esporte.

Em 2004 foi criado em Minas Gerais o Radical Trekking, o esporte possui princípios técnicos da Corrida de Orientação e características da Corrida de Aventura, porém, singularmente conquistou identidade própria.

As atividades desportivas citadas são distintas, em seus formatos, regulamentos, escalas de mapa, normatização e nível organizacional. Por exemplo, a Corrida de Orientação, hoje, no Brasil, encontra-se em um nível elevadíssimo de organização, já possuem vários Clubes, sete Federações e uma Confederação Brasileira (CBO) e seguem um padrão de organização bem rígido. A Corrida de Aventura ainda não atingiu este nível de organização, entretanto, Minas Gerais saiu na frente, e já surgiram grupos de organizadores, dentre eles, o autor deste trabalho, que estão buscando formas de padronizações em prol da melhoria do esporte. No início do ano de 2005 foi fundado o Circuito Mineiro de Corridas de Aventura (CMCA), que objetiva buscar uma padronização para as provas de Minas Gerais e que servem de modelo para o Brasil. O recém criado Radical Trekking, até 2006, ainda impera como a única prova do gênero no Brasil.

De acordo com PASINI, pode-se dizer que “[…] a orientação é uma CAÇA AO TESOURO. Os piratas tinham mapas que indicavam onde se encontrava o baú escondido. Na orientação se utiliza o mapa para encontrar os pontos de controle definidos”. (2004, p.8)

Segundo PAZ (2003) o desporto Orientação “[…] consiste em trilhar um terreno desconhecido passando por pontos de controle (PC’s) auxiliado por um mapa codificado e uma bússola”.

Com o passar dos tempos os esportes que envolvem a Orientação Cartográfica foram se popularizando e atualmente são praticados na Corrida de Orientação, na Corrida de Aventura e no Radical Trekking. A seguir serão caracterizados:

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