Estudos geográficos na prática esportiva

3. DISCUSSÕES E RESULTADOS NA VISÃO E APLICAÇÃO
3.1. Como atleta participante das competições

Quem possui espírito de aventura, gosta de estar em contato e preservar a natureza, fazer novas amizades, manter a forma física e empregar a técnica de leitura precisa de mapas, a Orientação é o esporte ideal, é praticada ao ar livre em contato com a natureza e permite aprender técnicas para se locomover com segurança em locais desconhecidos e maravilhosos.

A orientação é um esporte, no qual os atletas usam um mapa e uma bússola para encontrar pontos no terreno. Esta atividade proporciona desfrutar o tempo livre com uma atividade saudável e prazerosa, além de participar de competições.

Um percurso é composto por um ponto de partida, um ponto de chegada, que pode ser ou não no mesmo local, além de uma série de pontos intermediários numerados por onde os orientadores terão que passar.

No mapa, os pontos são representados com círculos, com exceção do ponto de partida que é representado por um triângulo. Esses pontos aparecem descritos no cartão de controle. No terreno os pontos de controle são identificados com prismas.

Para provar que o orientador passou pelo ponto de controle ele deve marcar o cartão de controle com o picotador que estiver no prisma. Cada picotador possui uma senha que faz uma marcação diferente em cada ponto de controle.

Nos esportes que utilizam a Orientação Cartográfica como ferramenta para a prática desportiva, como a Corrida de Orientação, a Corrida de Aventura e o Radical Trekking, na concepção de cada um destes esportes são encontradas inúmeras diferenças, como por exemplo, os regulamentos, as estruturas de funcionamento e organizacional, tempo de duração das provas, distâncias percorridas, escalas de mapas, entre outras.

Por exemplo, a Corrida de Orientação possui uma partida fracionada, ou seja, os atletas largam intercalados com diferença de tempo, normalmente de três minutos, este tempo pode ser aumentado ou diminuído de acordo com o número de inscritos por categorias, os atletas recebem o mapa somente na pré–partida, onde em minutos ou segundos se orientam e iniciam o percurso. Já a Corrida de Aventura e o Radical Trekking possuem largada única, com todos participantes ao mesmo tempo e o mapa da prova é entregue com pelo menos uma hora de antecedência, nesta oportunidade os atletas estudam o mapa e definem suas estratégias para alcançarem os pontos de controle da prova.

A Corrida de Orientação pode ser pedestre, de bicicleta, em esquis ou com a utilização de cadeira de rodas para os portadores de deficiência física; o Radical Trekking é somente pedestre e os pontos de controle são alcançados aleatoriamente de acordo com a estratégia adotada pelos atletas e a Corrida de Aventura é um esporte multidisciplinar e possuem pelo menos cinco modalidades que são a Orientação, o Trekking, o Montain Bike, as Técnicas Verticais e atividades aquáticas que podem ser Canoagem, Bóia Cross ou Natação. E ainda o organizador tem a liberdade de acrescentar ou substituir qualquer uma das modalidades, exceto
a Orientação Cartográfica, que é considerada uma das modalidades mais importantes do esporte.

O que a Corrida de Orientação, a Corrida de Aventura e o Radical Trekking têm em comum é a utilização de um mapa, bússola, a aplicação de técnicas para navegação dos participantes e a escolha de estratégias durante as provas.

No Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro/RJ, os Pós-graduandos Adriano da Costa Dias; Edésio Fazolo; Clayton Amaral Domingues; Paulo Aracoeli Pimentel; Jairo J. Morgado; Estélio H. M. Dantas fizeram uma pesquisa científico com as principais estratégias utilizadas por orientadores no processo de tomada de decisão para localizar um ponto de controle.

A Orientação é um esporte que exige muito do atleta tanto fisicamente quanto cognitivamente. Algumas estratégias são utilizadas pelos competidores para planejar o itinerário até os pontos de controle. O objetivo do estudo foi determinar quais as estratégias utilizadas, prioritariamente, por orientadores no processo de tomada de decisão para localizar um ponto de controle. O estudo constituiu-se de uma amostra de trinta e um orientadores, sendo sete do sexo feminino e vinte e quatro do sexo masculino, com mais de quatro anos de experiência no esporte. Todos foram submetidos a um questionário no qual solicitava que ordenassem as estratégias apresentadas da mais utilizada para a menos utilizada em competições. Os resultados encontrados estão apresentados na tabela abaixo:

Dos atletas pesquisados, observa-se que 67,7% utilizam como primeira estratégia a comparação mapa-terreno que compara o mapa em concordância com o terreno – é a essência da orientação, seguido pela utilização do ponto de ataque que é a utilização de pontos de referência nítidos para alcançarem o objetivo principal, que foi utilizada, prioritariamente, como segunda opção de estratégia por 38,7% dos atletas. Já 35,48% dos orientadores utilizam à antevisão que consiste em planejar a ação para o próximo ponto como terceira opção e 54,83% responderam que como última estratégia utilizam a navegação por azimutes, ou seja, ir para o objetivo, em linha reta, seguindo um ângulo ou referência. Da análise dos resultados conclui-se que o principal fator para se auxiliar no processo de tomada de decisão é a comparação mapa-terreno que seguido da utilização do ponto de ataque compõem a estratégia primordial para a localização de um ponto de controle.

Pelo perfil dos sujeitos pesquisados, durante o programa de Pós-Graduação este estudo serve de parâmetro para avaliarmos o ponto de vista estratégico de uma porção representativa de praticantes da Orientação com muita propriedade, e em todos os seguimentos esportivos que envolvam a modalidade.

Quem quiser participar das competições devem dedicar pelo menos um pouco do tempo na preparação técnica para aprenderem à arte de se orientar, existem vários cursos de iniciação a orientação, eles normalmente são vinculados às organizações das competições de Orientação e Corrida de Aventura.

Para se inscrever em uma Corrida de Orientação e no Radical Trekking, basta ter conhecimento básico em orientação, e com a prática os iniciantes adquirem experiência e tornam-se atletas mais competitivos. As taxas cobradas pela inscrição são de baixo custo, estas taxas são utilizadas para auxiliarem na cobertura das despesas com a estrutura da prova e premiação.

A Corrida de Aventura ainda é conhecida como um esporte das elites, ou seja, das classes média, média-alta e alta, isto, graças a investimentos dispendiosos por parte dos praticantes em equipamentos e materiais para a prática das diversas modalidades do esporte, em preparação física, em alimentação especial, no tempo destinado aos treinamentos e nas taxas de inscrição que são mais caras, por causa dos gastos na estrutura organizacional que é proporcionalmente mais onerosa que na Corrida de Orientação e no Radical Trekking. Em contrapartida, já começou a surgir provas com custos mais acessíveis, foi o caso do Circuito Estrada Real de Corrida de Aventura, que em 2005 possuía uma das melhores estruturas organizacionais do Brasil, e a organização conseguiu manter preços de inscrição que chegaram a custar até menos da metade dos valores praticados por outras provas do Brasil que possuíam o mesmo nível técnico e organizacional, ou até nível inferior.

O que se constata nos dias de hoje é que os esportes ligados a Orientação Cartográfica já estão bem desenvolvidos no Brasil, tanto em nível de provas que estão a cada dia mais bem organizadas, como também ao excelente nível técnico já alcançado por considerada parcela de atletas, e vem conquistando mais adeptos a cada competição.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *